PRÓLOGO - História de Ryuko Nakamura

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"La-ran-ja-da do-ce, la-ran-ja-da do-ce"

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"La-ran-ja-da do-ce, la-ran-ja-da do-ce"... Todo dia o mesmo exercício. Executar um movimento de arcada ao violino que lembrasse o movimento silábico da frase "laranjada doce". Um substantivo e um adjetivo. Laranjada doce. Laranjada doce... Eu sinto que repeti esse exercício tantas vezes que eu já não sei mais o que essa expressão significa. Já ouvi de uma colega de escola que esse fenômeno se chama "saciação semântica" - quando repetimos vezes demais uma palavra até ela ir ficando rarefeita.

 Já ouvi de uma colega de escola que esse fenômeno se chama "saciação semântica" - quando repetimos vezes demais uma palavra até ela ir ficando rarefeita

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Meus pais me colocaram em um curso de violino perto da minha escola quando eu tinha cerca de 7 anos. Eu cheguei lá, no primeiro dia de aula, com meu uniforme da escola japonesa para estrangeiros, a mochila nas costas, carregando o violino com a outra mão. Pra mim, por mais que eu gostasse muito de música, aquela experiência toda era muito mais sobre estética do que sobre música: sobre como eu me sentia interessante sendo uma menina que tocava violino, sobre como eu me sentia bonitinha indo fazer as aulas com meu uniforme escolar de estrangeira. Eu acho que meus pais nunca compreenderam essa sensação que eu tinha quando ia pras aulas da professora Shimizu, que era super-mega-ultra adepta do método Suzuki. Minha mãe, Sakura, era fascinada com esse método: dizia que era algo positivo do Japão que ela via ser difundido pelo mundo, e que era importante pra ela que eu participasse disso, pra que eu pudesse ver o país que meus pais nasceram como um lugar que contribui para a nossa sociedade ativamente - e que essa contribuição era muito maior que tudo aquilo da indústria de entretenimento de lá que chega até nós aqui, em Komorebi, uma província japonesa em um país estrangeiro.

 Minha mãe, Sakura, era fascinada com esse método: dizia que era algo positivo do Japão que ela via ser difundido pelo mundo, e que era importante pra ela que eu participasse disso, pra que eu pudesse ver o país que meus pais nasceram como um luga...

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