O castelo de Craig era considerado uma grande propriedade. Haviam pelo menos cinquenta pessoas trabalhando em vários serviços como cozinheiras, cavalariços, carpinteiros, pedreiros, falcoeiros além dos músicos, arqueiros e operadores de besta.
Sem contar os homens da cavalaria do rei que eram bem mais que duzentos homens.
A rotina era sempre diferente e cada dia surgia uma novidade seja vinda da corte, seja vinda do vilarejo.
E naquele momento, a novidade da vez era a estranheza que a noiva estrangeira do rei estava causando.
Diferente das princesas e da própria rainha de Craig que quando era castelã era bem ativa, alegre e conhecida como uma renomada anfitriã, a futura rainha era uma jovem tímida, sem charme e pálida.
Sua contribuição no castelo era mínima, e sua rotina baseava em frequentar somente a igreja diariamente e os jantares noturnos onde aparecia sempre vestida modestamente.
Na maioria das vezes ela cuidava da plantação de uma flor desconhecida chamada rosa ou estava sozinha em seu quarto fiando ou costurando.
Depois de alguns dias tentando uma aproximação com Roshlyn sem conseguir o seu intento, Aysha teve uma ideia.
Numa tarde, ela convocou algumas servas de su inteira confiança que serviram a ela e suas irmãs para trabalharem diretamente com a princesa de Havema, que havia chegado a Craig sem nenhum criado pessoal ou ao menos uma dama de companhia.
A princesa Aysha juntamente com o mordomo do rei Bartholomeus administravam com punhos de ferro a rotina do castelo e sabiam em quem podiam confiar. Com o aval do velho homem, ambos escolheram as jovens que seriam levadas para o escrutínio de Roshlyn.
A princípio, ela recusou a proposta, negando qualquer tipo de regalia ou benefícios.
-Eu agradeço vossa alteza sua gentileza, mas não necessito de uma criada somente para meu serviço, estou acostumada a tomar conta de mim mesma. Faço isso desde muito menina.
Aysha a olhou com carinho pensando no quanto a vida dessa jovem devia ter sido restrita e sem os pequenos confortos que sua condição lhe dava.
-Milady, o rei faz questão que tenha uma pessoa que possa cuidar dos seus pertences pessoais, de sua higiene e que lhe faça companhia quando assim desejar.
Roshlyn corou. O rei fazia questão?
-Sua Majestade é muito generoso, mas não devia se preocupar com minha pessoa.
Aysha sorriu. Ela iria ceder? Ou não?
-Sua majestade sabe que milady merece o melhor que possamos oferecer. Além do mais, em breve será a rainha e, é de bom tom que se acostume com as prerrogativas que sua condição lhe dará, por direito.
Roshlyn abaixou os olhos e Aysha pode ver a tristeza presente quase tão sólida como um tronco de carvalho.
Sua missão seria demasiado complexa para agir sozinha. Precisava recrutar mais pessoas dispostas a ajudar a princesa Roshlyn a vencer o seu sofrimento, seu desapontamento e sua convicção de que não mereceria os privilégios oferecidos.
Muito timidamente depois de pensar que sua recusa poderia ser mal vista pelo rei, ela observou com atenção as jovens á sua frente, e escolheu Bozena, a filha da temperamental cozinheira Alba.
A jovem era bem apessoada, e tinha um crucifixo num cordão de linha e esse pequeno detalhe, a fez tomar a decisão.
Aysha ficou feliz pela escolha de Roshlyn.
Bozena era cria do castelo e tinha uma alegria espontânea e verdadeira e muito mais do que isso: era reservada e considerada por ela e pelas irmãs como uma pessoa de máxima confiança e lealdade.
Após a escolha de Roshlyn, Aysha convocou Bozena para uma conversa em seu quarto privativo.
A criada entrou no quarto e fez uma reverência para a princesa de quem ela gostava e respeitava demasiado.
-Espero que tenha ficado feliz com a sua escolha pela princesa Roshlyn.
Bozena sorriu aliviada.
-Certamente Vossa Alteza. Não é somente uma honra para mim, mas para toda a minha família poder servir diretamente a futura rainha.
Aysha deu um meio sorriso satisfeita. Bozena era um encanto!
-Mas terá outra missão além de arrumar o quarto da futura rainha, vesti-la e penteá-la.
Bozena se mostrou surpresa com aquela proposta "missão".
Mas aguardou porque sabia que não podia sair perguntando para sua alteza o que seria. Mas sua curiosidade estava aguçada.
Aysha então sentou -se numa poltrona carmim que ficava próximo a janela, colocando as mãos sobre o colo e olhando seriamente para Bozena.
-Sua majestade me fez um pedido especial no qual devo fazer com que a rainha participe mais do dia a dia do castelo. Eu estarei envolvida nessa missão pessoalmente. Mas você também será parte disso.
Bozena sorriu orgulhosa de estar participando de uma missão junto a mais alta nobreza do reino.
-Certamente vossa alteza. Em que poderei servir?
Aysha sorriu satisfeita. Sabia que poderia contar com a contribuição de Bozena.
-Inicialmente deverá fazer com que ela se enfeite um pouco. Que tenha prazer em possuir novos vestidos e que seus cabelos sejam arrumados com flores e ervas aromáticas. Será capaz disso?
A criada ficou pensativa. Era de consenso geral entre a criadagem que a princesa mais parecia uma camponesa sempre usando um longo vestido de linho e por cima um avental encobertado que ia até os pés. Ela era muito simples e sua singeleza despertava compaixão ou desprezo, como no caso de Henriet que vivia debochando das atitudes tímidas e dos vestidos antiquados da princesa.
-Creio que posso pensar em algo vossa alteza.
Aysha levantou -se. Sua mente estava arquitetando maneiras daquilo dar certo.
-Saiba que o precisar pode falar comigo, a qualquer hora do dia ou da noite. E sabes bem que ao cuidar da futura rainha pessoalmente, preciso que seja reservada nos assuntos tocante a sua intimidade.
Bozena estava atenta ao que a princesa dizia.
-Servirei a futura rainha com a lealdade que minha família sempre serviu aos soberanos de
Craig.
Aysha apertou as mãos pequenas de criada .
-Tenho certeza que sim, minha querida Bozena.
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O Rei Profano
RomanceDerek é o rei de Craig, também conhecido como o Rei Profano porque vive sua vida, da maneira que ele gosta sem se importar com o que a sociedade pensa: mulheres, bebidas, orgias e batalhas, muitas batalhas. Ao conhecer a princesa Roshlyn de maneira...