Capítulo 18:As paredes tem olhos e ouvidos

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Após o jantar de retorno a Craig, Derek decidiu ir para o seu quarto e convocar Henriet para alguns  momentos prazeríeis ao seu lado. Porém, Aysha o interceptou antes que ele pudesse pedir a Bartholomeu que buscasse a criada e a levasse até ele.
-Vossa Majestade, precisamos conversar.
Derek andava rapidamente, pois pretendia se banhar antes que Henriet chegasse a sua câmara.
Aysha ia atrás dele, falando baixo para que os guardas não a ouvissem.
-Meu irmão, precisamos conversar.
O rei parou e olhou para a irmã. Havia uma urgência em sua voz e talvez fosse melhor atende-la pois conhecia Aysha muito bem e sabia que ela era deveras insistente quando tinha algo martelando em sua cabeça.
-Vamos a minha câmara. Como bem sabe, as paredes tem olhos e ouvidos.
Assentindo, Aysha entrou no quarto do irmão enquanto ele tirava o pesado manto, e colocava o alforje e a espada sobre a mesa.
Aysha foi até um aparador onde ficava uma jarra de cerveja e o serviu.
Derek sentou- se em cadeira de espaldar alto e sorriu para a irmã ironicamente.
-Sente-se minha  irmã e conte-me  em poucas palavras o que precisa, pois tenho outros afazeres, que demandam minha total atenção.
Aysha sentou-se empertigada e olhou para o  lado tentando disfarçar o mal estar que aquela sentença lhe causou.
-Permita-me dizer que esse afazer que lhe demanda atenção pode nos causar sérios problemas antes que possamos cortar a raiz.
Derek bebeu um longo gole de cerveja e olhou para a irmã sem entender.
-Do que você está falando?
Aysha torceu as mais nervosamente.
-De sua criada, sua amante em tempo integral. Estou falando de Henriet.
Derek sorriu.
-Henriet não é e nunca será um problema, minha irmã.
-Precisa dar um fim nisso, Dek.
O rei  então começou a tirar as longas botas de sujas de lama.
-E porque eu faria isso? Pela princesa de Havema?
Aysha o olhou seriamente
-Pelo que ela pode causar a Vossa alteza. Sim. Pela princesa e futura rainha de Craig.
Derek massageou os pés. Estavam doendo e ele colocou os pés no chão frio e fez um gesto de alívio. Seu instinto de cavaleiro se manifestou. Ele sempre levava muito a sério questões de segurança  da sua família. E querendo ou não, Roshlyn agora, fazia parte da sua família.
-Porque  diz  isso?
A irmã do rei levantou-se e o ajudou a tirar as meias.
-Tivemos um incidente há alguns  dias com o canteiro das flores trazidas por vossa alteza. As rosas amanheceram completamente destruídas. Todos os canteiros foram vilipendiados de uma maneira bastante assustadora.
Derek ficou quieto por alguns minutos.
-E como sabe que Henriet está envolvida nisso?
Aysha então tirou de seu alforje o punhal.
-Seu chefe de segurança encontrou isso, caído no chão, próximo ao canteiro. Ele não sabia de quem era. Mas eu sim. É o punhal de Henriet.
Derek pegou o punhal na mão, olhando-o nos mínimo detalhes.
-E como sabe que este punhal pertence a Henriet?
Aysha suspirou.
-Porque Bozena me falou que pertencia a ela.
Derek  fincou  o punhal em cima da mesa.
-Henriet nunca me falou que tinha um punhal. E acha então que devo acreditar em Bozena e não nela da qual  tenho... digamos... uma total intimidade?
A princesa olhou para o irmão revirando os olhos.
-Eu não posso crer que acredite mais nessa mulher no que eu estou te dizendo!!!
Derek refutou.
-No que Bozena disse.
-Ela não teria porque mentir Dek.
Derek bebeu outro gole de cerveja.
-É uma acusação muito grave. Poderia colocar aquele lindo pescocinho numa corda e enforca-la.
Aysha o olhou suspirando.
-Vejo que está cego meu irmão. Basta essa mulher lhe abrir as pernas, que perde totalmente a razão.
Derek a olhou com os olhos frios como pedra.
-Cuidado como fala. Ainda sou seu rei.
Aysha levantou-se e apontando  para o punhal falou:
-Espero que essa arma não faça mais estragos do que ela fez,
Fazendo uma reverência,  ela saiu sem olhar para trás.
...
Derek se afundou na cadeira,
Será que Henriet seria capaz de fazer algo assim?  Não podia dizer que ela era ciumenta, pois ele mantinha vários relacionamentos com outras criadas e algumas camponesas bem dispostas, sem que ela lhe cobrasse nada. Inclusive, gostava muito de participar dos jogos eróticos entre eles e as outras mulheres.
Não! Henriet não faria isso por ciúmes! Ele a conhecia muito bem. E ela sabia, que independente de seu casamento, ele continuaria a manter a relação de ambos.
Ele sabia que não era certo. Mas era dependente do seu corpo. E do que ela o fazia sentir. Ela não tinha vergonha nem pudor. Sabia usar sua sensualidade para lhe causar um arrebatamento de emoções.
Então voltou seus pensamentos para sua adorável e pudica noiva.
Nesta noite, no jantar, ela estava usando a coroa de sua mãe. Possivelmente, a rainha soube que a princesa usava uma coroa de criança e a presenteou com a sua própria.
Sua mãe era gentil e extremamente observadora. Ele havia ficado satisfeito em vê-la com uma coroa que fazia jus a sua origem nobre. Mas na verdade, não prestou muita atenção nela.
Queria estar com os seus, comer, beber e depois fazer sexo com Henriet. Estava aflito querendo vê-la.
Mas pensando em Roshlyn agora, ela estava mais retraída do que de costume. Silenciosa não era uma novidade. Mas sim, ela estava mais acanhada. E pelo que se lembrava, seu prato permaneceu intacto enquanto ela brincava com a comida usando as pontas dos dedos. Seus ombros estavam encolhidos e a palidez no seu rosto era vivida. Roshlyn era uma jovem bonita, mas seu jeito esquivo e macambúzio, não o estimulava a manter sequer uma conversa informal.
Ela não o atraia.
Mas faria de tudo para mantê-la em segurança.
Mas Henriet? Não! Henriet não seria capaz de uma atitude dessa! Ele tinha certeza disso!

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