Valentina pov
Selcouth (adv.) : desconhecido, raro, estranho e maravilhoso.
"O que está acontecendo com meu corpo?", pensei ao me dar conta dos meus
músculos se contraindo em resposta ao olhar invasor de Luiza.
- Droga. - sua voz soou baixa e fraca. - Você arruinou a minha sophrosyne.
Então, o mundo se calou.
Sua mão tocou o meu rosto e instantaneamente meus sentidos desligaram-se para o
resto mundo, só funcionavam para ela. Meus olhos só enxergavam Luiza, meu olfato
só distinguia seu cheiro, meu tato só sentia seu toque.
"Eu preciso me controlar. Eu não posso ser lésbica. Isso é errado. Eu não posso
ser...", pensei. "Não importa, a mão dela é tão...tão...".
Seus dedos tocaram tão delicadamente meu rosto que em qualquer outra situação, se
fosse qualquer outra pessoa me tocando daquele jeito, eu mal poderia sentir.
Entretanto, o toque de Luiza, embora fosse suave, estava-me fazendo tremer.
Seus olhos não desgrudaram-se dos meus e por mais que a minha vontade de desviar
o olhar fosse grande, maior ainda era a minha vontade de olhar eternamente o seu
rosto, seus traços profundos e suaves... seus láb...
- Por que está tremendo? - Ela perguntou, retirando a mão do meu rosto e eu olhei
para baixo imediatamente, cedendo à timidez.
- Eu não sei... - confessei, ouvindo a minha própria voz sair fraca demais e
amaldiçoando-me por isso. - O que quis dizer sobre eu estar abalando a sua
sophro...so.. - fiz uma careta tentando pronunciar a palavra que ela havia dito.
- Sophrosyne. - ela me ajudou.
- Isso, sophrosyne. - repeti, tentando memorizar a pronúncia daquilo.
Luiza continuava a me olhar da mesma maneira que me olhava da primeira vez em
que conversamos, nos corredores das salas de pranchetas da HGSD. Parecia querer
me engolir, parecia querer me partir ao meio e mergulhar dentro de mim. E eu
continuava a sentir estrelas se chocando e explodindo no meu peito cada vez que ela
me olhava.
A mulher soltou algo parecido com um suspiro e com o olhar intrigado, como se
discutisse com ela mesma, ainda me olhando, respondeu.
- Eu quis dizer, literalmente, que você está destruindo a minha paz de espírito. - ela
disse em um tom ameno. - Eu tenho perguntas a seu respeito e não consigo
respondê-las. Eu preciso das respostas e só você pode me dar essas respostas.
"Merda!", exclamei mentalmente. "Como eu vou dar à ela respostas que eu ainda não
consegui dar nem para mim mesma?".
Era evidente que eu tinha total consciência de que eu devia respostas para a minha
professora, afinal, eu havia lhe dado um beijo sem mais nem menos e da mesma
forma eu havia desaparecido de seu carro cinco segundos depois. Eu sabia que lhe
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wonderfall / valu.
Fanfiction"Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito." Os amores impossíveis são o caminho mais curto para alcançar o infinito e elas sabiam disso. Luiza queria alcançar o infinito. Valentina queria...