Rubatosis

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Luiza's pov

Rubatosis (n.): a consciência perturbadora de seu próprio batimento cardíaco.

"Close your eyes and I'll kiss you, tomorow I'll miss you, remember I'll always be

true..." a música soava baixinha pelos autofalantes do carro quando, às 10 am,

viramos na Commonwealth Ave, poucas casas distantes da de Valentina, na quinta

feira, da primeira semana do ano.

- Eu estaria sendo boba se dissesse que não quero sair desse carro? – Valentina falou

em um tom manhoso e bobo, poucos segundos antes de eu parar o carro bem na

frente de sua casa.

- Eu estaria sendo boba se dissesse que não quero que você saia? – perguntei,

desligando a música e virando-me de frente para ela que encostava-se meio de lado

no banco do carona, olhando para mim como se suplicasse para que eu não a

deixasse sair.

Tomei sua mão e a beijei com carinho.

- Você vai mesmo trabalhar agora? Não vai ter nenhum tempo para descansar? – a

garota perguntou, deslizando o polegar por meus lábios enquanto eu afastava meu

rosto de sua mão.

- Vou sim. Preciso ir ao escritório, tenho uma reunião às 10h30m com um cliente e

depois, prometi que almoçaria com Sara. E ainda precisarei voltar ao escritório hoje

mesmo para uma reunião com minha engenheira. Não tenho hora para sair de lá. –

respondi-lhe, ainda segurando sua mão.

- Sua vida é sempre assim? – a garota perguntou com um ar preocupado.

- Normalmente não tenho a sua companhia quando viajo...

- Luiza! – Valentina exclamou levemente. – Você entendeu a pergunta, não mude de

assunto.

- É assim sempre. – respondi simplesmente, assentindo.

- Você não cansa? – ela perguntou em um tom misterioso.

- Você cansaria? – respondi-lhe com outra pergunta.

Valentina fitou-me por alguns instantes e sorriu, fazendo um movimento de negação

com a cabeça.

- Você tem razão... – ela disse e olhou para o lado de fora, em direção à sua casa e

eu acompanhei seu olhar.

- Acho que tem gente esperando por você. – falei, constatando a presença de um

casal que saía pela porta da casa de Valentina.

- Eu acho que preciso ir. – Valentina atestou, virando-se rapidamente para mim.

- Quer que eu vá falar com seus pais? – perguntei calmamente.

- Não! – a garota exclamou exasperadamente e logo tratou de recompor-se. – Quer

dizer, não precisa, sei que você está atrasada e...

- Está tudo bem, Valentina. – falei, dando-lhe um sorriso compreensivo.

- Você me liga quando tiver um tempo livre...? – ela perguntou timidamente. – É que

eu quero saber como estará.

wonderfall / valu.Onde histórias criam vida. Descubra agora