Meraki

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Valentina's pov

Meraki (v.): Fazer alguma coisa com a alma, criatividade ou amor.

- Quantos anos você acha que ela tem? - soltei a pergunta aleatoriamente enquanto

caminhava com Duda de volta ao bloco de arquitetura de Harvard.

- Quem? - Perguntou de volta, sem entender de quem eu falava.

- A professora... - ela continuou me olhando sem entender. – Luiza Reis...

- Ah! - exclamou, como se agora entendesse do que eu falava.

- Em que mundo você tá? Só tivemos uma aula até agora e foi com Luiza Reis.

- Desculpe, eu estava totalmente pensando em outra coisa. Minha mente estava em

outro lugar. - ela admitiu e pareceu sentir-se envergonhada, como se eu pudesse ler

os seus pensamentos.

Naquele caso eu realmente podia.

- Ou-tro-lu-gar-cha-ma-do-Dudu. - falei fingindo uma tosse, o que me rendeu um

beliscão no braço. - Ai!!

- Mas ele não é lindo de morrer? - Perguntou-me em um tom de súplica, quase como

se estivesse implorando para eu também estar caidinha por ele, para que ela não se

sentisse tão boba.

Eu precisava concordar que Dudu era realmente muito bonito. Era lindo. Mas eu não

me sentia caidinha por ele. Nem perto disso.

- Ele é realmente muito lindo. Dá pra entender porque está assim. - Comentei

enquanto subíamos as escadas.

- Ele é quase um Deus! - ela exclamou, exagerando em todas as formas possíveis.

Ri de seu comportamento embaraçoso e lhe dei um tapinha no ombro.

- O lado bom de tudo isso é que ele vai ficar grudado em nós o semestre inteiro.

Chance pra você é o que não vai faltar.

- Ué! - Duda exclamou, imitando um sotaque sulista. - Pra você também não.

- Acabo de repassar, oficialmente, todas as minhas chances para você. - Fingi colocar

uma coroa na cabeça dela. Ela entrou na brincadeira e fingiu fazer reverência. Rimos

juntas.

Era fácil estar com Duda. Ela era uma pessoa, em todos os sentidos, muito leve. Sua

presença emanava pureza e divertimento. Nos conhecíamos a pouco menos de dois

dias e as coisas eram tão fáceis que eu podia jurar que a havia conhecido a vida

inteira.

- Não, sério... Você não está nenhum pouquinho interessada nele? - ela perguntou,

agora em um tom mais sério, querendo uma resposta realmente sincera, sem tons de

brincadeira.

- Seríssimo. Meu interesse nele é o mesmo interesse que tenho por uma porta. -

Falei, observando de relance as portas das salas pelas quais passávamos, todas muito

bonitas, com design moderno e ao mesmo tempo com um toque de antiguidade.

Aquilo era de longe obra de algum arquiteto ou designer muito sensível ao mundo e

wonderfall / valu.Onde histórias criam vida. Descubra agora