Sobre Passar Noites Bêbados Juntos

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A música alta da boate se misturava a voz — um tanto quanto exaltada pela bebida — de seus amigos. Mas Chifuyu nem ligava, todos aqueles barulhos pareciam com uma canção de ninar aos seus ouvidos. Sonolento, e nos braços de Baji, poderia dormir até em um incêndio. Abriu levemente os olhos quando ouviu Takemichi anunciar sua ida com Hinata, apenas acenou e sorriu amarelo para os dois.

— Quer ir em bora também? — a voz grossa de Baji soou em seu ouvido. O hálito quente batendo na nuca.

Chifuyu virou a cabeça para olhar o namorado. Este que estava com o braço em volta de seus ombros, aconchegando-o em seu estado pré-sono, extremamente bêbado. Apenas acenou com a cabeça. Já não queria falar. Na verdade, nem queria ir em bora, ou ficar. Apenas queria se aninhar em Baji e dormir, independente de onde. O estupor da bebida não lhe dava a oportunidade de pensar nisso.

— Já deu nossa hora, rapaziada!

Keisuke anunciou, levantando e arrastando Chifuyu pela mão atrás de si. Houveram alguns protestos dos amigos — eles queriam varar a noite bebendo — em resposta. Chifuyu não prestou atenção, também não prestou atenção quando Kazutora levantou e disse que iria em bora junto. Apenas se deu conta quando estavam os três no táxi. Baji reclamando de um lado sobre como ele não podia sair com a moto quando iam beber, pois sempre era um sacrifício na volta e Kazutora distraído do outro.

— Você vai pra' casa com a gente? — perguntou Chifuyu, a cabeça inclinada para trás, ainda encostada no ombro de Baji, mas olhando Kazutora ao seu lado. Ele não se lembrava de ter entrado no táxi, mas tinha uma ideia de Baji o empurrando para dentro e entrando logo depois, fazendo ele ficar entre os dois.

Kazutora inclinou a cabeça para o lado, em uma posição parecida com a de Chifuyu, parecendo confuso.

— Não? Por que eu iria? — respondeu, a voz vaga.
— Não sei, você esta no mesmo carro que a gente, pensei que fossemos pro' mesmo lugar. — Essa era a lógica mais racional que a cabeça bêbada de Chifuyu podia conceber. Apesar de não sair muito da realidade. Kazutora vivia indo na sua casa, era praticamente um morador do local, apesar de não ter muitas memórias dele lá ultimamente.

Kazutora ficou em silêncio, parecia pensar, assim como Baji, ao qual havia se tornado apenas um objeto de apoio para Chifuyu no cenário.

— Você quer que eu vá pra' casa com vocês? — Um sorriso travesso adornou os lábios de Kazutora ao responder.

De início Chifuyu ficou confuso. Em sua percepção ele havia feito uma pergunta muito simples, a qual poderia ter sido respondida com: sim ou não. Não entendia como ela havia gerado aquele longo silencio, muito menos como havia voltado a ele. Entretanto, estava ali. Ele não sabia o que deveria responder. No fundo da sua cabeça existia uma voz que lhe dizia existir um motivo para ele dizer não, ao mesmo tempo que queria desesperadamente dizer sim. Mas, de novo, sua mente bêbada não entendia o porque de uma pergunta tão simples se tornar tão conflitante.
Pelo canto do olho Chifuyu fitou o motorista do táxi. Ele parecia cansado, usando qualquer vestígio de concentração sobrando para prestar atenção na estrada escura, não para futricar a conversa dos passageiros.

Virou sua cabeça para olhar Baji. Os olhos castanhos desceram para se encontrar com os seus. Ele estivera os observando todo esse tempo.
— Você quer que ele venha com a gente? — perguntou a ele. Sua mente não parecia muito clara para tomar decisões. Os Dentinhos de Keisuke apareceram junto a seu sorriso. De alguma forma, não parecia o sorriso comum ao qual costumava dar. Parecia mais tenso.

— Não me pergunte isso. Quem tem que decidir é você — respondeu Baji.

Como uma batata quente, a resposta estava novamente em suas mãos. Chifuyu balançou a cabeça, não era uma questão tão importante para se pensar tanto, era?

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