Impasse (Bajifuyutora)

Extra 1

Takemichi

Takemichi e Hinata tinham um hábito. Nele, eles discutiam para escolher um filme, Hina acabava ganhando, e depois dormia nos primeiros 15 minutos, no dia seguinte, Takemichi discutiria com ela por não ter prestado atenção na história, e ela insistiria que viu o filme todo sim, foi ele quem não prestou atenção, mesmo os dois já sabendo a verdade. Essa noite não foi diferente, bom, talvez um pouco, pois de fato Takemichi não estava prestando atenção no filme. Ele estava nervoso, brincando com os dedos dos pés de Hina em seu colo, enquanto a esposa dormia serenamente a luz da tv. Ele estava nervoso por que já passava da meia noite e seu melhor amigo não havia mandado mensagens com atualizações sobre o noivado. Hina tinha dito que provavelmente eles estariam transando como se não houvesse amanhã, e, no dia seguinte, Chifuyu mandaria mensagem. Takemichi sabia que ela estava certa, mas porra, o cretino tinha prometido, custava mandar uma mensagenzinha? Depois de tudo o que ele tinha feito para ajudar? Era um amigo ingrato mesmo.
Ele alternava entre o filme e trocar mensagens com Mikey, que já fazia planos de mil maneiras diferentes de zoar o Baji sobre o noivado. Takemichi não fez nenhum protesto contra isso, pois também foi vitima das mesmas piadinhas quando noivou, assim como Draken. No fundo ele achava que Mikey tinha medo de ficar sozinho após todos os seus amigos se comprometerem. Era uma besteira, pois isso nunca mudaria nada entre nenhum deles. E se a questão fosse ter amigos solteiros para fazer besteiras, Mikey sempre teria o Kazutora, o outro membro do grupo que não parecia conseguir nenhum avanço romântico. Pelo menos, não aos olhos de Takemichi.
O celular dele tocou, o assustando. Era Chifuyu. Takemichi não pensou muito antes de pular do sofá e ir atender o telefone na cozinha — acordando, sem querer, Hinata no processo—.
— Lembrou de mim, olha só — começou Takemichi, sem nem mesmo cumprimentar o amigo.
— Hey, eu liguei, ok! Cumpri a minha promessa — respondeu Chifuyu do outro lado da linha. A voz dele parecia genuinamente feliz, e nenhum pouco preocupada com a irritação alheia.
— Claro, depois da meia noite, eu não acredito que vocês passaram todo esse tempo transando.
— Não passamos todo esse tempo transando! Tinhamos muito o que conversar, ok!? — Chifuyu se exaltou na resposta, um segundo de silêncio se passou antes dele completar. — E depois transamos, é claro.
— Eu sabia! — Takemichi ainda estava exasperado pela falta de consideração do amigo, mesmo assim, sabia que era um momento do casal e ele não devia ficar tão chateado pela falta de atenção. — Mas então, quando eu vou poder vestir o meu terno de padrinho?
— Ah… decidimos não fazer uma cerimônia. O Kazutora só vai se mudar aqui pra casa mesmo. Ela é grande, então a gente não viu a necessidade de se mudar.
Chifuyu tinha dito todas quelas palavras de forma tão natural, que Takemichi pensou ter ouvido errado. Ele ficou confuso por um momento, antes de perguntar:
— O que? O kazutora? Por que? E o casamento?
— Nós decidimos apenas fazer uma comemoração entre amigos, assim que todas as coisas da mudança estiverem prontas — continuou Chifuyu, como se Takemichi não tivesse falado. Alguns barulhos foram ouvidos do outro lado da linha, um deles com certeza era a voz de Baji, e um… gemido? — A-ah gente conversa melhor depois sobre isso, Take, só liguei pra você não surtar, boa noite.
Ele desligou o telefone. Deixando um Takemichi totalmente confuso olhando para o nada. Talvez aquela conversa tenha sido um delírio.
— Então, como foi? — a voz de Hinata soou atrás de dele, o assustando.
— Você quer me matar!? — questionou com a mão sobre o peito, tentando acalmar as batidas descompassadas.
Sem que Takemichi percebesse, Hinata tinha levantado do sofá e ouvido furtivamente a conversa dos dois da porta da cozinha. Ela se aproximou e sentou-se em uma banqueta próxima a ele.
— Sua cara não parece boa. Não me diga que o pedido não deu certo!? — disse ela, genuinamente preocupada.
— Eu não sei…
Os olhos de Takemichi foram de volta para o celular na sua mão, um pouco perdido.
— Ele disse que  Kazutora iria morar com eles… — repetiu o que tinha ouvido a minutos atrás, ainda sem acreditar.
— Ah… — Hina esboçou, parecendo demorar um pouco para processar a notícia, mas logo voltou a si. — Ah! Faz sentido!
— Faz sentido!? Como isso faz sentido? Ele não ia pedir o Baji em casamento? — perguntou Takemichi consternado. Parecia tudo muito abrupto para fazer algum sentido na sua cabecinha lenta.
Ela se aproximou e deu suas palmadinhas nas costas do marido.
— Querido, por que não se senta um pouco, vou te explicar umas coisinhas.