Sobre Familiaridade e Desejos

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Sobre Familiaridade e Desejos

A primeira coisa que Chifuyu sentiu, antes mesmo de abrir os olhos, foi uma dor desconfortável nas costas, logo seguida do peso quente se apoiando em cima de si. Ao abrir os olhos descobriu que o peso era de Kazutora, e suas costas doíam por ter adormecido desconfortavelmente entre ele e Baji, os três amontoados no sofá apertado. Provavelmente dormiram enquanto assistiam filmes. Chifuyu suspirou e começou a se retorcer para longe daqueles dois, fazendo Kazutora cair em uma posição bem esquisita por cima de Baji, ainda assim, nenhum deles acordou. Bom, isso não era problema de Chifuyu, não por enquanto. Ele iria subir, lavar o rosto e fazer um café bem forte para acordar, depois pensaria em se preocupar com qualquer outra coisa.

Devidamente acordado, ele estava pronto e com uma mesa de café da manhã posta — considerando que nenhum deles havia jantado direito noite passada — pronto para chamar os meninos para comer, porém, não foi preciso, Baji apareceu segundos depois na porta da cozinha, tagarelando sobre o cheiro bom, com Kazutora em seu encalço, calado como costumeiramente ficava de manhã.

— Bom dia, meu amor — pronunciou Baji, ao se aproximar e deixar um beijo em sua bochecha.

— "Meu amor" logo de manhã? Eu sinto que você quer algo — responde Chifuyu, desconfiado, ele dá um gole no café.

— Por que você é assim? Eu não posso nem ser carinhoso com você, que já vem cheio de acusações — defendeu Baji.

— Eu te conheço.

Na mesa, Kazutora estava sentado, ainda meio dormido, parecia que podia fechar os olhos a qualquer momento. Chifuyu pegou uma xícara e encheu de café, se aproximou e a colocou em frente a ele.

— Bom dia, Kazutora — disse, um pouco alto, para despertá-lo. Pareceu dar certo, ele o olhou, depois se virou para a xícara, a pegando.

— Bom dia — respondeu Kazutora, baixinho.

Ele se sentou à frente de Kazutora e começou a servir seu café, mas Baji, continuava o acompanhando com os olhos, uma certa expectativa vinha dele. Chifuyu sabia o que era.

Como lembrava, fazia mais de uma semana que não transavam. Esse podia ser um período de tempo normal para as outras pessoas, como era para Chifuyu, mas para Baji era uma eternidade, ele era uma máquina, difícil de saciar. Às vezes Chifuyu ficava exasperado, mas na maior parte do tempo não era exatamente um incômodo. Gostava de como Baji o desejava, significava que, mesmo com o passar dos anos, ainda tinham fogo para queimar.

Baji cansou-se de olhá-lo e se juntou à mesa para comer.

— Então… — começou ele. "E lá vamos nós", pensou Chifuyu. — Eu e o Kazutora estávamos conversando ontem…

— Você e o Kazutora? — interrompeu Chifuyu, variando o olhar entre os dois homens ali presentes. Por isso ele não esperava. — Quando? Antes de eu chegar?

— Não, depois que você dormiu.

— Eu dormi?

— Sim, você foi o primeiro a dormir.

Chifuyu se encontrava cansado, ele estava pensando demais nos últimos dias, por isso deve ter dormido primeiro.

— Continuando… — prosseguiu Baji. — A gente tava pensando…

— Não — cortou Chifuyu.

— Como não? Você nem me ouviu — protestou Baji.

— Eu não preciso ouvir para saber que eu não vou gostar. Eu conheço vocês — Chifuyu apontou para os dois.

Kazutora, ainda estava em silêncio, sem dizer nada, normalmente, ele era uma presença caótica, porém, pelas manhãs, era estranhamente calmo, quase não parecia estar no cômodo. Chifuyu julgava ser o tempo que ele levava para recarregar as energias antes de finalmente acordar. Algum lugar na sua mente achava incômodo ele estar tão familiarizado com isso.

Impasse (Bajifuyutora)Onde histórias criam vida. Descubra agora