Sobre Medos e Inseguranças

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Baji já estava de saco cheio de Mikey e suas picuinhas, mas continuou escutando-o falar sem reclamar. Com a vida de adultos não era sempre que podiam se encontrar como antes, então Baji apreciava os momentos com o amigo, mas tinha dia que ele parecia simplesmente querer testar sua paciência. Estava prestes a mandar Mikey se foder, quando uma mensagem chegou o distraindo.

— Vou te levar pra casa — Disse Mikey, um sorriso suspeito nos lábios.

Ele não questionou, apenas bufou de irritação e seguiu o amigo até a moto. Quando chegaram em casa, Mikey lhe deu uma continência e se despediu com um "boa sorte". Baji já tinha desistido a muito tempo de tentar decifrar os comportamentos estranhos de Mikey, apenas subiu.

Ao abrir a porta, Baji pensou entrar em casa, mas entrou em um sonho.

A luz amarelada das velas tomavam conta do lugar, balões brancos com fitilhos prateados flutuavam pela sala refletindo sombras nas paredes. Um caminho de pétalas brancas rodeadas por velas o levavam até um grande coração, e no centro dele, estava Chifuyu, de terno. Era realmente um sonho.

— Chifuyu? — perguntou, ainda sem acreditar no que via. Toda a irritação sentida antes esquecida.

Ele estava absorto, encantado, nem reparou quando andou pelo caminho de pétalas até o coração. Os olhos castanhos grudaram nos verdes, esperando que eles trouxessem de volta a realidade, mas, as próximas palavras que ouviu, só o fizeram ter mais certeza de que estava em um sonho.

— Keisuke Baji, você aceita, pedir Kazutora Hanemiya em compromisso, junto comigo?

Outro momento de silêncio se seguiu, até Keisuke decidir se ajoelhar entre as pétalas junto a Chifuyu e segurar suas mãos.

— Você… você tem certeza disso, Chifuyu? Eu não quero que você se sinta forçado a nada, eu…

— Keisuke! — Chifuyu o interrompeu. — Me deixe falar…

Ele pediu, mas ficou um bom momento em silêncio, antes de retomar a fala:

— Eu esperei tanto tempo porque estava com medo. Com medo de acabar com a relação que temos, com medo de não poder ser mais amigo dele, de estragar o que construímos. Medo de vocês dois perceberem que se amavam mais do que a mim. Mas, eu percebi que esse medo só existe quando eu estou sozinho, com a mente trabalhando a mil. Porque quando vocês estão comigo, quando estão me tocando, quando estão me ouvindo, quando me deixam ouvir a voz de vocês. Eu não penso em mais nada.

— E eu sei Baji, sei o quanto ama o Kazutora, e que nunca disse nada para não me machucar. E porra, só me fez te amar mais. Não quero tirar isso de você. Não quero te fazer sentir dividido mais, lidando com a situação só porque foi o que deu certo.

— E você Chifuyu? O que você sente? Sim, eu o amo, é verdade. Mas só isso não vai fazer dar certo, nós três.

— Eu… eu não queria admitir, mas sou apaixonado por ele. Por que é tão difícil!? Sim, eu amo ele, eu tentei muito odiá-lo, mas não é verdade. Então, Kei, você quer isso? — as palavras saíram atropeladas, um tanto constrangidas da boca de Chifuyu.

— Se eu quero? É o que eu mais quero! — As mãos de Baji foram para o rosto de Chifuyu, ele começou com um selo no lábios, antes de tomar um beijo de verdade.

Os dois ficaram assim mais alguns segundos, antes de levantarem e se aprumarem, sacudindo as pétalas que tinham grudado em suas roupas.

— Deus, isso é tudo muito brega — Disse Baji, dando um tapinha em um balão que voava ali perto.

— Eu sei.

— Eu adorei. Teria feito mais prega ainda. Com fogos de artifícios. E em público.

— Eu sei — repetiu Chifuyu, rindo. Ele abraçou a cintura de Keisuke e descansou a cabeça ali. — E agora?

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