PRIMEIRO

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 Tudo começou depois de mais uma fuga minha para a cidade, justamente na mesma noite em que minha família ia jantar no reino vizinho

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Tudo começou depois de mais uma fuga minha para a cidade, justamente na mesma noite em que minha família ia jantar no reino vizinho. Quando voltei para o palácio, já era tarde demais, e lá estava meu padrasto - o rei Estevão - com a mais tenebrosa expressão de fúria.

Era a hora do sermão.

- Quantas vezes mais vou ter que lembrar, Santiago, você não pode sair do castelo desacompanhado. Você agora faz parte da realeza.

- Eu não gosto dessa coisa toda de segurança, pai. Até dois anos atrás eu ainda era um plebeu. Eu quero continuar saindo com meus amigos e...

- Chega! - ele me interrompeu. - Parece que nunca vai entender que sua vida mudou. Tá na hora de resolver isso de uma vez por todas.

Ele parecia mesmo decidido. Não é exagero dizer que fiquei apavorado, suas últimas palavras me deixou com muito medo. O rei Estevão saiu do meu quarto. Eu já tinha saído muitas vezes sozinho do castelo, mas aquela havia sido "a gota d'água", já que eles acabaram indo sem mim para o tal jantar. Apesar dele não ter mencionado muito sobre, eu sabia o quanto era importante para o meu padrasto que a família estivesse toda reunida nos eventos.

Na manhã seguinte ficaria sabendo qual seria o desfecho daquela conversa: um castigo, mas não como punição, e sim como, segundo ele, "uma maneira de me fazer amadurecer".

Meu padrasto, o qual eu já tinha aprendido a chamar carinhosamente de pai, decidiu me mandar passar uma temporada fora, em outro reino. A princípio não entendi qual era o sentido daquela punição, era algo que estava além dos meus entendimentos, mas que eu viria a compreender dias depois, quando chegasse no destino daquela viagem.

Bom, segundo ele, essa viagem faria eu repensar minhas atitudes.

O lugar era conhecido por Reino das Roseiras, e essa era a única informação que eu tive. Mal sabia eu tudo o que me aguardava naquele reino. Foi lá onde eu conheci o mais perfeito de todos os homens da terra.

Eu imaginei que minha carruagem passaria por uma longa estrada de pedra, rodeada de colinas e morros, como é o caminho para qualquer outro reino distante. Ao invés disso, fomos em um caminho estreito de terra no meio de uma floresta escura e fria. Tinha cheiro de terra molhada, o que não era ruim, porém estava fora de todas as expectativas. Mas o pior de tudo é que estávamos na estrada fazia horas e, além da floresta já ser escura, a noite estava caindo.

Se ao menos alguém da família estivesse comigo eu teria me sentido um pouco menos entediado, mas não, era apenas o cocheiro e eu.

Por alguns segundos tive a impressão de que as árvores estavam se envergando para pegar a carruagem, claro que era coisa da minha mente vazia.

Passamos por mais algumas florestas e pontes velhas de madeira. Finalmente chegamos a um extenso jardim de roseiras. E não eram roseiras comuns, pelo menos foi o que pareceu na escuridão, a lua cheia ajudou a iluminar o lugar. Algumas roseiras mediam o triplo do meu tamanho, seria lindo se não fosse tão assustador.

CONTO DE FADAS GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora