TERCEIRO

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 Mesmo com o escuro da noite, pude perceber que a criatura se tratava de um animal muito semelhante a um lobo

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Mesmo com o escuro da noite, pude perceber que a criatura se tratava de um animal muito semelhante a um lobo. Aquele ser aparentava poder medir um pouco mais que dois metros se ficasse de pé. O corpo inteiro era peludo, uma pelugem escura. Sua estatura era mais forte e maior do que a de qualquer outro lobo. Os olhos dele brilhavam em um tom amarelado no escuro. Seus dentes eram bem pontudos.

 Os olhos dele não se desviavam de mim.

 A criatura rosnava sem cessar.

 Eu não sabia o que fazer.

 Fiquei ali parado e encarando a fera que começou a se aproximar mais de mim. Ele rosnava e aumentava os passos. Caminhei para trás até que senti minhas costas encostarem em uma das árvores. A aberração se aproximava de mim. Ela parou há poucos centímetros. Escutei ela rosnar e respirar forte enquanto aproximou a face do meu corpo e pareceu tentar sentir o meu cheiro. Senti os pêlos da criatura me espetando. Então, a fera me encarou de perto e decidiu recuar. E em um grande salto, ela correu em direção ao labirinto de roseiras. Observei ela ir, e quando recuperei o fôlego voltei correndo o mais rápido que pude para dentro do castelo.

 Não pude entrar no quarto já que estava trancado, então procurei o lugar mais confortável para dormir: um banco estofado no corredor.

 Eu nunca mais colocaria o pé para fora daquele castelo.

 Acordei da pior maneira.

 O rei me encontrou dormindo no corredor do quarto.

 Me levantei e fiquei sem saber o que dizer. Não podia simplesmente falar o que havia acontecido na noite anterior, pois eu havia desobedecido uma das regras dele.

— Você não tem nada pra me dizer? — ele perguntou.

— Não — respondi.

— Você quebrou as regras.

— Não. Não quebrei. Eu fiquei preso no lado de fora do quarto. 

— E então você decidiu ir passear lá fora? — Ele sabia ser sarcástico.

— Na verdade, sim, majestade.

— Você não me engana, Santiago — disse ele. — Eu sei muito bem como as coisas aconteceram.

 Ele se aproximou de mim.

— As regras não apenas existem. Elas são impostas por ALGUM motivo. Pelo menos agora você sabe disso.

 Não respondi nada. E antes que ele decidisse me dar outro sermão, resolveu ficar calado e foi embora.

 Ele estava certo.

 As regras, elas sempre existem por algum motivo. Refleti sobre isso e odiei admitir que as regras do meu padrasto eram importantes. O perigo às vezes pode estar onde a gente menos espera. Descobri isso na noite anterior.

CONTO DE FADAS GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora