Algo Novo

Acaso

Achar a "pessoa certa" (ou, no meu caso, achar qualquer sentimento recíproco que seja), no âmbito amoroso, não é fácil. E isso pra qualquer pessoa, certo? Em tempos em que o amor verdadeiro é dito perdido, não resta muita esperança pra ninguém. Mas quantas vezes eu já não ouvi que eu tinha que parar de me preocupar tanto assim com isso, e que se eu parasse de procurar, aí é que alguém ia aparecer, de fato, na minha vida? Quantas vezes eu já não ouvi que estar em um aplicativo de namoro era inútil, porque, se fosse acontecer, ia começar pessoalmente e por acaso? Quantas vezes as pessoas que disseram essas coisas pra mim se basearam em experiências pessoais, delas próprias? E quantas vezes eu já não tive que ignorá-las, porque eu sabia que não era assim que funcionava pra mim? "Incontáveis", eu respondo. Incontáveis vezes.

O que as pessoas não entendem é que, pelo menos no amor, o acaso dificilmente vai agir a favor de pessoas como eu. Ele nunca agiu, na verdade, durante toda a minha vida; e saber disso dói. Porque é praticamente se dar como vencida, e saber que não importa o quanto você tente, sempre vai ser mais difícil pra você do que é pros outros. E sentimentos muito feios saem do fato de você admitir essa verdade: inveja, angústia, raiva, desânimo. E você se torna amargo. Então o que você tenta fazer é enterrar esse sentimento de inferioridade bem, bem lá fundo, e adotar uma frágil noção de esperança de que vai ser diferente a cada vez que você tenta. Mas você se decepciona, vez e vez de novo, porque a realidade infelizmente é aquela que você tenta com todas as suas forças negar e, daí, você vai quebrando. Aqueles sentimentos feios voltam à tona, e, de repente, você se sente tão pequeno e indefeso que só te resta aceitar.

É exaustivo, de verdade, viver assim.

Nessa montanha russa onde, numa hora, você tem que se fingir de idiota só pra poder aspirar ter uma relação amorosa e, na outra, tem que aceitar uma realidade cruel e fria que sempre volta pra te assombrar. É simplesmente agonizante. E eu me pergunto se algum dia acaba, a tempo de eu poder ser, de fato, feliz.