Algo Novo

Bombardeio

Você, D, me destrói toda vez que consegue tocar meu coração. Mesmo que você já esteja há muito tempo longe, e mesmo que não seja diretamente por atos seus, o seu vislumbre ainda é capaz de verdadeiras catástrofes (sem precisar de assistência nenhuma pra isso). Porque toda e qualquer lógica vai embora na presença de uma mínima, de uma ínfima brecha na minha força de vontade, e de repente eu me pego afogando e sufocando em meio a sentimentos turbulentos aos quais eu já queria ter me tornado imune. Você me enfraquece com o simples ato de, um dia, ter dito que gostava de mim quando não gostava. E isso dói tanto que, meu deus, eu só consigo chorar. Porque escrever isso é como encarar o céu depois do bombardeio: um bombardeio que, por mais que tenha quase me acertado, por mais que eu mal tenha saído ilesa e viva, por algum motivo eu ainda sinto falta. Eu sinto falta de quando as explosões eram só fogos de artifício, D. Porque você foi perfeito; até que não foi mais.

E o pior de tudo é saber que eu não me arrependo de nada. O pior é saber que a única coisa que eu queria, a única coisa que eu realmente mudaria, é que tivesse dado certo com você. Porque não deu, D. E eu não sei por que não deu. Eu não sei se a culpa foi minha, ou se foi só egoísmo seu em não revelar o que queria desde o começo. Eu não sei onde tudo foi fadado ao fracasso, ou sequer se, em algum momento, houve chance de sucesso. Eu não sei se foi verdade ou se, o tempo todo, eu escutei só o que queria ouvir. Eu não sei de porra nenhuma sobre isso, mas, fato é: gostar de você ainda me mata, independentemente de qualquer que seja a verdade, porque eu ainda penso em você o tempo inteiro — e pensar, mesmo que seja só por um mísero segundo, é mais do que suficiente. E não importa quantas vezes eu tenha me reconstruído, quantas vezes eu pense que agora eu definitivamente vou seguir em frente e superar, eu sempre vou desmanchar tão fácil quanto areia no oceano quando se trata de você.

Até que, uma hora dessas, não reste mais nada.