siete

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Era quarta, estavam no meio da semana, porém, Anne se via tão perdida quanto uma bala disparada em meio a um tiroteio. Bruce estava oficialmente desaparecido, o senhor Yamada havia espalhado cartazes por toda cidade de Denver.

Acharam apenas a bicicleta dele, e alguns balões pretos, os balões eram marca registrada do sequestrador, sempre que uma criança desaparecia, os balões estavam por perto, quase como se indicasse que ele estava presente.

Bruce Yamada foi visto por último com Anne Hopper em uma sorveteria.

Anne achava muito estranho dizer que foi a última pessoa que viu Bruce, e também, muito triste, ele era um garoto bom, e quando pensava na palavra "era", no sisonimo do passado, foi porque sabia que ele não voltaria.

Assim como Griffin, Billy e Vance também não voltaram.

Porém, diferente das outras vezes, Anne não chorou, do que adiantaria? Ela apenas ficou com raiva, muita raiva, queria que aquele sequestrador de garotos sofresse, muito mais do que as famílias e amigos dos desaparecidos estavam sofrendo.

A semana passou de vagar para a jovem garota, a ida no circo não a assustou tanto quanto imaginou já que, Robin a todo momento, segurava suas mãos trêmulas, e dizia que estava tudo bem, mesmo que não estivesse.

Depois daquele episódio, Finney e Robin nunca mais tocaram no assunto "circo" ou "palhaço", pelo menos, não na frente da amiga que tanto gostavam.

- Ainda está triste pelo Bruce? - Gewn perguntou ainda receosa com o assunto.

- Um pouco - foi sincera -  Se Vance não voltou, não quero nem pensar na possibilidade de Bruce conseguir voltar.

- Anny..

- Tá tudo bem, Finn - sorriu para o amigo, Robin não tinha ido a escola naquele dia - Acho que estou começando a me acostumar a perder pessoas próximas de mim, e isso me assusta um pouco.

Gwen e Finney simplesmente não sabiam oque falar, surpresos com o quanto Anne parecia apática a situação toda, mas como sempre não havia nada a ser feito, ou algo que pudessem dizer para consolar a garota.

- Por que Robin faltou hoje? - perguntou a Finn, mudando o assunto.

- Disse que não estava se sentindo bem - respondeu.

- Deveríamos ir vê-lo depois da aula, sabe, dar uma força - disfarçou o quanto queria ver sua paixonite.

- Sim - concordou o Blake, fingindo não notar as intenções da garota.

Foram caminho até a casa do Arellano após as aulas, essa que por sua vez se localizava a apenas algumas quadras da escola. Finney bateu na porta, esperando que alguém atendesse.

- Que passa? - um homem alto e magro abriu a porta - Que quieres? - repetiu, finn o olhou sem entender.

- Vinimos a visitar robin, ele está? - questionou, sorrindo um pouco.

- Hablas espanol? - o homem de meia idade sorriu fechado - Robin! tus amigos vinieron a verte!

- Si, un poco - respondeu, feliz por entender a maior parte do que ele dizia.

- Entrem - deu espaço para os dois.

Finney continuava sem entender aquele diálogo estranho, afinal, desde quando Anne falava espanhol? Decidiu deixar de lado, talvez fosse apenas um hobby dela. Logo estavam dentro da casa de Robin.

Era uma cara comum, não havia nada estranho ou fora do normal, por exemplo, "coisas de mexicano", Robin sofreu um pouco de bullying no começo por conta da sua nacionalidade. Nada que alguns socos não resolvessem, no final.

- Tio! Ya yoy! - gritou do andar de cima, logo, aparecendo nas pequenas escadas - porque no te avisaron antes?

- sin tiempo, cariño - o deu um abraço, oque surpreendeu Robin - Por que não foi a escola? Você parece bem.

- Não quis - disse com indiferença, após se separarem do aperto - Perdi alguma coisa?

- Não, apenas cartazes novos sobre Bruce - suspirou, se afastando e sentando no sofá.

O tio de Robin já tinha sumido dentro da pequena casa.

- Mas está tudo certo para sexta, né?

- Na verdade, temos um problema - finn chamou a atenção - Gwen vai dormir na casa de uma amiga então.. não vou poder ir. Pelo menos não no horário marcado.

- Podemos fazer na sua casa- sugere Anne -, prometemos fazer silêncio, não é Robin?

- Si si!

- Não sei se é uma boa ideia - finn coça a nuca, nervoso.

Já havia dito aos amigos como o pai era, um alcoólatra que trabalhava e odiava barulho. Anne e Robin sabiam o quanto o assunto "família" era delicado para Finney, e nas poucas vezes que o garoto falava sobre isso, o clima ficava extremamente tenso.

A mãe de Finn tinha um grande problema em diferenciar a realidade do fictício e após tanto tempo daquela forma, acabou não suportando e tirando a própria vida. Depois desse acontecido, o pai de Finn se tornou agressivo, e passou a beber diariamente após o trabalho.

- Não vamos fazer barulho, nem um ruído sequer - prometeu a Hopper, olhou para Robin - Prometa, Arellano!

- Prometo! - disse com convicção.

- Viu só?

- Tá bom - finn revirou os olhos, convencido.

- Preciso ir agora, nos vemos amanhã meninos.

- Tchau, Anny.

- Até, cariño.

Robin se jogou no sofá assim que Anne saiu pela porta, olhava para Finney com atenção, pedindo silenciosamente para que o amigo disse algo sobre como Anne estava nos últimos dias. Especificamente, sobre ela e Bruce.

- O que foi? - Finn pergunta de uma vez.

- Acha que Anne gosta do Bruce? Ela parecia meio triste - abraçou a uma almofada, esperando escutar algo que pudesse o consolar.

- De novo com isso? Sinceramente vocês dois são tão frustrantes! Ela gosta de você, Robin. Gosta tanto que escreveu uma página inteira sobre você no caderno dela!

Finney tapou a boca com a mão direita, surpreso por, sem querer, contar o segredo de Anne, esse que, ela sequer sabia que Finney estava guardando já tinha um tempo.

- O que? - Robin estava assutado, nunca tinha visto Finney surtar daquela forma, e ainda mais surpreso pelo oque ele disse.

Anne gostava dele? Tinha escrito sobre ele em seu caderno? O que tinha escrito? Como? Várias e várias perguntas alimentavam sua curiosidade.

- N-nada! Tenho que ir, até mais, Robin - se despediu as presas, correndo para fora da casa do amigo.

Anne vai me matar.

A Hopper estava deitada em sua cama, pensando em como Vance e Bruce desapareceram de uma vida em tão pouco tempo, sentia falta dos dois, mais do que pensou que sentiria.

Fazia um tempo que pensava em como eles poderiam estar, ou em onde. Queria, de alguma forma, poder ajudá-los. Os pesadelos haviam parado, depois que Bruce sumiu, eles desapareceram junto, como num passe de mágica.

E como uma doida, sentia falta deles também.

My Boy - Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora