Anne despertou assustada, após seu curto cochilo no sofá, suas costas doíam, aquele móvel era velho e desconfortável, coçou os olhos antes de se levantar e ir até a cozinha.
Tomou um copo de água e suspirou fundo, notou pelo relógio na parede que ainda era madrugada, Finney e Robin estariam provavelmente dormindo a uma hora daquela.
Conseguia ouvir o som dos pingos da chuva batendo contra o telhado. Apagou a luz da sala e decidiu ir para seu quarto. O telefone tocou quando ainda estava no meio do caminho.
Deu meia volta, voltando para sala, tirou o objeto do gancho e por alguma razão, estava ansiosa.
- Oi, Anne - era Robin do outro lado da linha.
- Robin? Aconteceu algo? - questionou, preocupada.
Robin não costumava ficar acordado até tarde, ele sempre gastava muita energia durante o dia, fosse treinando box ou tocando sua guitarra, e além de tudo, raramente ligava para Anne, ainda mais no meio da noite.
- Não - ouviu a respiração pesada dele - Na verdade sim..
- Sim ou não? - suspirou, inquieta.
- Sim - Anne podia descrever detalhadamente como imaginava Robin naquela hora - Anne, você realmente não gostava do Bruce?
- Não acredito que me ligou as duas da madrugada para fazer essa pergunta idiota - Robin continuou em silêncio, esperando uma resposta - É claro que não, Robin. Ele era só meu amigo.
- Mas você saiu com ele, tomaram sorvete juntos. Não é algo que amigos fazem.
- Foi algo que nós dois fizemos - retrucou - Foi você quem disse que era coisa de melhor amigo.
- É, eu disse - novamente, o silêncio - Você parecia gostar dele.
- Dios mio! Se continuar insistindo nisso, vou começar a pensar que está afim de mim! - disse sem pensar.
- Talvez você tenha razão, e eu esteja mesmo afim de você.
Um silêncio constrangedor pairou nos dois lados da linha, Anne não achava certo discutir aquele assunto por telefone, e, muito menos, naquela hora da noite.
- Fale isso para mim novamente amanhã - e desligou.
Não queria que Robin acabasse desmentindo oque disse, muito menos que fosse alguma brincadeira com sua cara. Porque se fosse, acabaria com ele. Não deixaria que brincasse com seus sentimentos daquela forma.
Anne não dormiu, nem sequer tentou, pensando nas palavras de Robin, cogitando a ideia de ter interpretado aquela simples frase de uma forma errada, mas, não teria chances dele ter dito aquilo com outra intenção, Anne queria que fosse verdade.
Torceu para que fosse.
Chegou na escola mais cedo, era quinta feira e logo, seria o dia de assistirem "o massacre da serra elétrica" na casa de Finney. De repente se sentiu elétrica, envergonhada consigo mesma. Como agiria se Robin realmente dissesse aquilo bem na sua cara? Não queria nem pensar em como iria agir.
Não tinha parado de chover, o dia permanecia nublado. Guardou seus materiais e deixou o guarda chuvas num canto da sala, junto com alguns outros.
Também não se encontrou com Finney, Gwen ou Robin. Por um momento, agradeceu aos céus, pedindo até para que Robin faltasse na escola, porém, suas preces não foram atendidas e, no terceiro turno, na aula de matemática, ele apareceu.
Vestindo um moletom cinza e uma calça jeans escura, a bandana amarrada na cabeça, como o de costume, ele caminhou até Anne, sorriu um pouco, talvez ainda envergonhado pelo oque havia dito mais cedo naquele mesmo dia.
- Oi, cariño.
Anne tinha resolvido fingir que nada havia acontecido, e, se Robin não tocasse no assunto, ela também não tocaria.
- Oi, mi amor - Robin sorriu.
Um sorriso bonito, novamente, Anne se pegava o admirando em silêncio, ele se parecia com alguém que devia ser admirando, como uma escultura. Desviou o olhar, talvez tivesse deixado nítido demais e Robin apenas decidiu fazer uma brincadeira consigo.
- Pode me ajudar com isso aqui? - questionou impaciente, se referindo a um exercício.
- Claro, olha só.
As aulas correram normalmente e logo já estavam saindo para ir embora. Anne e Robin saíram junto, se encontrando com Finney na saída. Nesse meio tempo, a chuva tinha parado, porém, o céu continuava fechado.
- Oi Finn, oi Gwen - sorriu.
- Eai, tá preparada pro filme? - finn comentou, parecia animado com a ideia.
- Completamente! - disse animadamente.
- Finn, pode ir na frente um pouco? Tenho que falar com a Anne - Robin pediu, assim que encontrou uma brecha.
- Ah, tá bom. Nos vemos na minha casa amanhã? - perguntou, sem questionar o amigo.
- Claro, até depois.
Não deu tempo para Anne se despedir, saindo logo dali. Finney tinha notado o clima esquisito entre os dois amigos, porém, achou melhor daquela forma, já estava mais do que na hora de abrirem o jogo um com o outro.
- Por que pediu pro Finn sair? - questionou, se virando para Robin.
- Porque estou "afim" de você - disse simplesmente, olhando nos olhos da garota - Me disse para falar para você hoje, e estou dizendo que gosto de você, não só como amiga. O que vai fazer sobre isso?
- Robin - desviou o olhar, mas sentiu que ele não desistiria daquilo, então, voltou a olhar para o garoto - Também gosto de você, ok? Mas não sei oque fazer depois disso, nem entendo direito meus sentimentos!
- Não tem o que entender ou fazer, Anny - disse sem rodeios - Eu gosto de você, e você gosta de mim, o que pode dar errado?
- Robin, eu tenho medo de que você possa sumir também - foi sincera, tentando segurar o choro - Já perdi duas pessoas, não quero perder mais ninguém.
- Nada vai acontecer comigo, mi amor - se aproximou para abraça-la - Fica tranquila, eu não vou desaparecer.
Anne queria acreditar naquelas palavras, naquele abraço caloroso, naqueles braços que te apertavam fortemente, e, queria acreditar que aquele sentimento dos dois fosse tão forte quanto uma rocha.
- Mi amor, estamos embaixo da chuva - Robin a soltou um pouco, para conseguir a olhar mais de perto.
- É oque parece - riu, percebendo o quanto os dois já estavam molhados - Robin, acho que esse é o momento em que devíamos nós beijar.
- Eu deveria?
- Você deve.
Foi um simples e sincero selar de lábios, eram jovens e ingênuos demais. Tanto que aquele pequeno selinho pareceu o maior e mais lindo contato que já tiveram em toda sua vida.
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My Boy - Robin Arellano
Teen FictionAnne Hopper, irmã de Vance Hopper, cabelos castanhos ondulados, olhos tão verdes quanto uma safira, não sabia como ou quando, mas com certeza havia se apaixonado por aquele garoto intimidade, Robin arellano, um mexicano de olhos e cabelos castanhos...