11︱Está tudo bem.

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Posso te beijar mais uma vez?

- Provavelmente é um crime.

Eu não quero morrer.

- Eu te amo.

N a r r a d o r


O clima estava refrescante na faculdade. Olivier evitava Milo enquanto ele estavam nos corredores, salas ou no refeitório, como combinado pelos dois. Mas quando estavam sozinhos no dormitório as carícias se faziam presentes, os lábios de Olivier eram o novo viciado de Milo. Pelas próprias palavras de Milo.

M i l o

─ tá, mas como assim tem gente que acha que o Brasil é na África? ─ Olivier virá a cabeça na minha direção. Sinto seu olhar indignado sobre mim, ele balança a caneta que está segurando como se respondesse sua própria pergunta. Eu apenas coloco a colher de brigadeiro na minha própria boca, esperando que Olivier fale. ─ tipo, caralho? Vai estudar em algum site, mas não nesse, esse está literalmente falando que o Brasil fica na África. ─ consigo ver que ele está totalmente distraído nas próprias palavras, pois se não estivesse iria dizer um "desculpa" logo depois de dizer mais de cinco palavras.

─ que? ─ tiro a colher da minha boca, solto uma risada nasal. Olivier vira o notbook em minha direção, começo a ler o que o site está falando. Ele volta a colocar a tela do notbook na própria direção, eu rio alto com as informações erradas sobre o Brasil. Principalmente da parte em que nossos ônibus são onças, e que comemos gambás no almoço. ─ quem que escreveu isso ai? ─ pergunto, ele dá de ombros soltando um ar cansado. Ele passa os olhos por toda a tela, Olivier enche a boca de ar.

─ o pior é que eu escrevi coisas desse site no trabalho do Lucas. E se também estiver errado? Vou ter que recomeçar tudo. ─ eu particularmente iria querer ver Lucas apresentando um trabalho totalmente errado, mas é óbvio, não irei expor isso. ─ certo, é só pesquisar e escrever! Simples, muito simples.. ─ ele, provável, fala consigo mesmo agora. Ele segura um botão, apagando todas as frases feitas.

─ quer brigadeiro? ─ eu pergunto, talvez distrair ele um pouco seja bom. Ele olha para mim, Olivier demora um pouco para me responder mas diz um sim com a cabeça. Não deixo ele pegar a colher, eu pego um pouco de brigadeiro na colher e coloco na minha boca, dou um sorriso fechado enquanto ele arregala um pouco os olhos.

─ seu falso.. ─ dou um sorriso maior, ainda fechado para que o brigadeiro não apareça. Ele faz um biquinho enorme por causa disso. Engulo o brigadeiro que está em minha boca, pego mais um pouco de brigadeiro e estendo em sua direção.

Olivier sorri abertamente. Ele se levanta da cadeira e anda até mim em passos tão lentos que fazem meu coração acelerar. Olivier tenta pegar a colher, mas eu não deixo. Sem nenhum pudor ele apenas colocou a boca na colher e tirou o brigadeiro de lá.

Em poucos segundos Olivier se afasta, a colher está vazia. Encaro o moreno, ele tem um sorriso pequeno nos lábios voltando para a cadeira, se sentando e voltando a fazer o trabalho.

Me deito em minha cama, observo o moletom da vez. Dessa vez é um vermelho, não sei se tem estampa já que Olivier está de costas para mim. Seu cabelo está bagunçado, duvido muito que ele tenha notado. Naquele outro dia mesmo ele estava quase pulando em cima de Elly por ela puxar seu capuz, por, palavras dele, estavam bagunçandos.

Fecho os meus olhos, solto um ar pela minha boca. Eu queria namorar Olivier, não precisar falar ou fazer qualquer tipo de "desculpa" para que isso acontecesse, mas isso é apenas uma paixão de faculdade, certo? Respiro fundo, não pense em nada desse tipo!

Sinto meu rosto esquentar, minha mente se afasta do dormitório. Consigo imaginar eu e Olivier na praia, um momento realmente bom. Mas do nada começa a chuver, eu não me incomodo mas Olivier se levanta tentando ir embora. Por algum motivo Amelie e Bárbara estariam nos olhando, enquanto fazem alguma dança estranha. Eu seguro Olivier na cintura, o levantando um pouco. Suas orbes iriam me encarar de uma forma mágica, eu iria me sentir ótimo. Eu diria que o amo, seus minutos calado iriam me fazer ficar nervoso mas séria tudo recíproco.

Um sorriso pequeno aparece em meus lábios. Sinto um peso ficar em cima de mim, abro os olhos devagar, Olivier estar sobre meu corpo, seu rosto está no meu peitoral. Entrelaço um pouco nossas pernas, eu realmente não deveria imaginar nada, eu deveria viver o que esse universo está me proporcionando.

─ desculpa. ─ Olivier diz, ergui uma sombrancelha tentando entender o porquê dele pedir desculpas. ─ eu.. Deitei em cima de você, eu deveria ter pedido. ─ ele tenta se levantar mas eu passo meu braço sobre o corpo dele, o impedindo de sair.

─ você não precisa pedi, Oli. Está tudo bem. ─ digo, ele demora um pouco mas se deita no meu peitoral de novo.

Começo a acariciar o cabelo dele, Olivier se ajeita um pouco mais sobre o meu corpo, dou um sorriso largo assim que ele faz isso. Entorto um pouco minha cabeça para ver seu rosto, seus olhos estão fechados, um sorriso fechado e suas bochechas não estão tão rosadas como sempre. Isso não quer dizer que não estejam rosas, porque estão.

Aproximo meu rosto de sua cabeça, beijando, com um pouco de dificuldade, sua testa. Ele abre um pouco os olhos, levantando a cabeça para me encarar.

─ eu gostaria de namorar alguém como você. ─ sua voz está sonolenta, ele tomba a cabeça para o lado. Sinto minhas bochechas ficarem quentes mas dou meu maior sorriso, ele sorri fechado. ─ seu sorriso amarelado é muito bonito.. Eu sempre noto ele, muito estranho né? Eu deveria dormir.. Estou quase morrendo de sono. ─ ele fecha os olhos de novo, seus braços rodeiam meu corpo em um abraço. Acho que ele está realmente muito cansado.

Sua respiração vai ficando cada vez mais calma, ele dorme rapidamente. Bem que Amelie falou, ele realmente dorme rápido. O deito na minha cama, de costas para a parede mas ao lado dela. Ele felizmente não me soltou, fecho meus olhos.

Certo, alguém como eu.

Então por que não eu?

C o n t i n u a

eu quero ver todo mundo dizendo que tá feliz, eu juro que se-

O dormitórioOnde histórias criam vida. Descubra agora