Capítulo 27 - Sem Perdão

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¥Mal¥

Abro os olhos de forma instantânea e me ergo na cama já ofegante, não foi nenhum pesadelo ou susto, apenas estou com muita falta de ar e uma dificuldade imensa para respirar. Tusso em desespero pelo péssimo cheiro ao meu redor, ao fundo consigo ouvir alguns gritos e passos no corredor, mas estou com tanta falta de ar que só faço me levantar e ir em direção a porta, o problema é que eu tranquei a porta e não sei onde joguei a bendita entre as fechaduras, olho ao redor enquanto tusso e tento buscar ar, porém o ar está péssimo e isso só me faz entrar em um ciclo que está me deixando lerda por causa da falta de oxigênio.

Quando eu finalmente encontro a chave eu a pego com as mãos trêmulas e tento colocar ela na fechadura, o barulho das garotas correndo no corredor está cessando, como se todas já tivessem saído de seus quartos por causa desse fedor terrível e só eu fiquei aqui. Tento pensar em alguma solução enquanto abro a porta mas estou ficando zonza e estou cada vez mais lenta por isso. Ao abrir a porta o fedor é ainda pior, e eu só consigo pensar que deve ter sido o imbecil do Ayden que nem se quer me avisou sobre isso, não tem outra explicação já que essas coisas não acontecem em uma faculdade, somente na escola, que por obséquio é lá do outro lado do campus.

Me apoio na parede do corredor quando sinto minha garganta fechar como se eu estivesse tendo uma reação alérgica muito forte, minha visão escurece e é questão de segundos até eu apagar por completo.

Depois disso é tudo um grande borrão até eu acordar novamente buscando por ar, mas dessa vez já não estou mais sozinha, e sim com um enfermeiro em uma das várias salas de recepção que tem espalhada na faculdade, por isso não sei dizer ao certo em qual delas eu me encontro. Mas provavelmente é bem longe da minha ala do dormitório.

- calma, tente respirar fundo - o rapaz me ajuda e me empurra de leve de volta para o sofá enquanto mantém uma máscara de oxigênio no meu rosto.

- eu tô sem ar - digo de forma pausada e com muita dificuldade, ele acena para mostrar que entendeu e mexe em alguma coisa antes de se aproximar de novo para me ajudar a manter a máscara em meu rosto.

- respire fundo, costuma ter de crises de asma? - me pergunta justo no momento em que sinto minha visão embasar - Lady Mal? Está sentindo algo diferente? - ouço sua voz ao longe antes de apagar novamente.

Acordo de novo não sei quantos segundos ou minutos depois, mas o enfermeiro ainda está do meu lado segurando a máscara no meu rosto, o vapor que sai dela está aliviando o peso que eu estava sentindo antes nos pulmões, tanto que agora está muito melhor para respirar.

- eu tive crise de asma? - questiono sem entender ou raciocinar direito o que aconteceu, é tudo um borrão na minha cabeça depois que tomei banho.

- tem asma? - ele me questiona de um jeito quase formal porém eu não respondo por está sendo um pouco difícil ainda para me manter de olhos abertos e falar ao mesmo tempo, mesmo uma coisa não dependendo da outra - você respirou muito gás que alguém jogou nos aquecedores da sua ala - ele explica de um jeito mais informal dessa vez. - algum tipo de pegadinha que algum vândalo jogou nos dutos dos aquecedores da ala de administração - continua explicando quando eu abro os olhos e o encaro já mais calma. Ele permanece segurando o nebulizador no meu nariz com paciência.

- obrigada - sussurro ficando um pouco sonolenta e ele devolve os agradecimentos. - alguém se feriu muito? - questiono com preocupação por ter quase certeza que foi Ayden que fez essa loucura, e eu meio que tenho uma parcela de culpa se for analisar bem a situação.

- não, apenas três dormitórios foram atingidos pelo gás, todos estão bem, somente uma moça que já tinha histórico de asma precisou ser levada para o hospital - explica mas logo é interrompido por outra pessoa que vai buscar informações minhas, o rapaz diz algumas coisas mas não presto atenção, só foco em respirar profundamente para melhorar mais o peso que estou sentindo. - está sentindo alguma coisa diferente? - a voz dele me trás de volta para a realidade. - você foi encontrada caída no corredor, lembra de ter caído ou batido a cabeça? - ele me pergunta após receber algumas informações de quem chegou, nego mesmo sem lembrar muito do que aconteceu, mas isso é o suficiente para ele aceitar e falar com o outro rapaz.

Herdeiro? (Descendentes) - RevisadoOnde histórias criam vida. Descubra agora