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Sentada no chão frio da sala de casa, acariciava delicadamente o pelo negro e macio de Tapioca — meu gatinho — enquanto o ouvia ronronar. Confesso que achei que iria ser mais difícil convencer meu irmão a aceitar ter um animal de estimação em casa e ainda mais com esse nome.

Bom, de toda forma não me importo muito com essa última parte. Ele realmente me fez ouvir alguns murmúrios negativos em desaprovação, os quais fingi não ouvir. Afinal, o gato é meu.

Já fazia mais de cinco dias que não via meu irmão. Como um hashira, ele provavelmente estaria muito ocupado. Ocupado o suficiente para não se dar ao trabalho de responder minhas cartas dizendo que está bem.

Sinceramente, Giyu vive testando minha paciência. Já estou ficando cansada de toda essa situação.

A vida de caçadora ficava mais cansativa a cada dia e hoje não foi diferente. Cheguei de uma missão na hora do almoço e meu corpo praticamente chorou de felicidade ao encostar na cama. Mas o descanso durou pouco, pois assim que pisquei — não literalmente — já estava entardecendo novamente.

Por esse motivo, aproveitei meu precioso tempo para dar atenção e carinho ao meu filhinho.

Infelizmente, minha paz foi interrompida quando um corvo entrou voando pela janela com uma carta de Shinobu pedindo que eu fosse até a casa dela, a Mansão Borboleta. Suspirei descontente e me levantei. Coloquei um pouco de comida para Tapioca no pratinho e parti.

Quando cheguei na mansão, encontrei Shinobu em uma sala conversando com Giyu. Ou pelo menos tentando manter um diálogo saudável. Estranhamente, meu irmão parecia irritado e não deixei de arquear a sobrancelha. Giyu nunca ficava irritado. Isso era um sinal de alerta de que hoje eu poderia me estressar muito ou chorar até não aguentar mais.

Ou os dois.

— Você precisava de mim, senhorita Kochō? — perguntei de forma respeitosa, alternando o olhar entre os dois.

— Oh, você chegou rápido, querida — comentou tentando dar um de seus sorrisos gentis habituais — Chamei você aqui para falar sobre seu irmão mais velho irresponsável que não cuida de si mesmo.

— O que aconteceu com ele? — perguntei, imaginando o que Giyu poderia ter feito. O que poderia ter acontecido. O que ele poderia estar escondendo. Entre várias outras hipóteses que não me deixavam nada bem.

— Ele quebrou várias costelas há semanas e não tratou. Por muito pouco ele não morreu com uma infecção. — me senti tremer ao ouvir isso.

Olhei profundamente nos olhos azuis tão semelhantes aos meus de Giyu, que estava com os braços cruzados e totalmente relaxado e inexpressivo, olhando para um canto aleatório daquela sala. Eu tentava não me surpreender com esse tipo de coisa. Não é nenhuma novidade o quanto meu irmão é desapegado com a própria vida, mas meu coração ainda dói todas as vezes que vejo algo do tipo.

— Bem, muito obrigada por tratar dele então, senhorita. — agradeci com um sorriso que ela retribuiu antes de sair da sala para nos dar privacidade.

Imediatamente meu sorriso sumiu e senti meu estômago revirar com raiva, como a muito tempo não sentia vontade de manifestar. Era como se uma força da natureza estivesse crescendo e crescendo a cada dia dentro de mim, louca para se libertar e arrasar o que tanto me incomodava.

— Você ficou idiota? Sua vontade de se matar é tão grande assim, Giyu? — falei friamente e ele não respondeu, continuou do mesmo jeito de antes com aquela mesma expressão – ou a falta dela  — Fala alguma coisa, porra! — me alterei, praticamente gritando com ele.

𝐄𝐋𝐄𝐂𝐓𝐑𝐈𝐂 𝐆𝐈𝐑𝐋; Zenitsu Agatsuma Onde histórias criam vida. Descubra agora