Algumas semanas se passaram desde que o caos começou. Muitos soldados abandonaram seus postos, porém a maioria permanecia na tentativa de diminuir o número de infectados.
Peter estava ensinando as crianças a usarem o arco, já que não poderiam treinar o tiro poiso o barulho poderia atrair os mortos. Maddie estava se saindo muito bem, como era de se esperar.
Quando o pai de Madison e Michael era vivo, ele levava os filhos para praticar tiro ao alvo. Maddie sabia usar o arco, e era habilidosa. Mike por outro lado, não levava muito jeito, e nem fazia tanta questão.— Sargento Harris, com licença. — um soldado disse entrando no quintal da casa. — Eu queria falar com o senhor.
— Maddie, você pode levar o arco do vovô? — Peter perguntou encarando a neta, que logo seguiu suas ordens. — Más notícias, Bryan?
— Recebemos ordens, nos mandaram embora. — o rapaz respondeu se aproximando. — Nos liberaram para ir atrás das nossas famílias, eles simplesmente desistiram.
— Os outros vão embora?
— Eu sinto muito, todos querem ir.
— Então também temos que ir?
— Ficar aqui sem proteção não seria seguro, eu vim me oferecer para acompanhar vocês. Não tenho família, e tenho dívidas com o senhor. Seria uma honra para mim cuidar da sua família.
— E para onde vamos, Bryan? Não existe mais lugar seguro.
— Talvez nas montanhas. Nós temos que tentar alguma coisa, Senhor Harris. Temos que tentar sobreviver.
— Você pode levar a Ellen e os filhos dela.
— E quanto ao senhor e a Emma?
— Ela pode ir, se quiser. Mas eu quero morrer na minha casa, não em uma montanha.
— Eu não posso permitir isso.
— Eu estou velho, Bryan. Só vou atrasar vocês. — Peter se aproximou mais, colocando a mão no ombro do rapaz. — Cuide da minha família, posso morrer tranquilo sabendo que eles estão com você.
— Senhor Harris...
— Eu não vou mudar de ideia.
— Mudar de ideia sobre o que? — Emma perguntou se aproximando dos dois. — Sobre o que estão falando, Bryan?
— Vocês precisam ir embora, Emma. — Peter respondeu encarando a esposa. — Os soldados vão embora, não vai ser mais seguro por aqui.
— Vamos embora então, juntos. — Emma disse e encarou Bryan. — Você vem conosco, filho?
— Eu vou. — o garoto respondeu sorrindo. — Minha missão agora é proteger vocês.
— Vocês vão com ele. — Peter disse segurando o rosto da esposa. — Eu não vou ser útil para vocês, então acho que seria melhor eu ficar aqui.
— Do que você está falando, Peter? — Emma segurou uma das mãos do marido. — Eu nunca que deixaria você morrer sozinho.
— Vocês tem que ir, querida. — insistiu. — Eu não posso ir, sabe que não consigo correr. Vou acabar atrasando vocês desse jeito, e isso eu não posso fazer. Não quero que morram por minha causa.
— Não tem que ser assim, Peter.
— Tem que ser assim, Emma. Não importa o que vocês digam, não vou mudar de ideia. Vocês precisam ir com o Bryan, ele sim pode proteger vocês.
Por mais difícil que fosse aceitar, Emma sabia que seu marido estava certo. Peter mal se aguentava de pé por mais de dez minutos, e nas últimas semanas havia se esforçado muito para ensinar as crianças a usarem armas. Peter não poderia ir. Mas Emma não deixaria seu marido sozinho.
— Vocês ficaram loucos? — Ellen questionou assim que ouviu a ideia de sua mãe. — Não vão ficar aqui sozinhos e sem proteção. Vocês não sobreviveriam.
— Seu pai não conseguiria passar pelos mortos, querida. Ele não quer colocar a vida de vocês em risco, ele não vai de qualquer jeito. — Emma explicou. — Ele vai ficar, e eu também. Não posso deixar ele morrer sozinho depois de tudo que passamos e vivemos.
— E se aquelas coisas chegarem aqui?
— Eu atiro na cabeça, foi o que Bryan disse que acaba com tudo.
— Mas são muitos, mãe!
— Eu não vou deixar o Peter, está decidido.
Ellen não conseguiria convencer sua mãe, e sabia disso. Mas naquele momento, ela teria que pensar no que era melhor para os filhos. Eles precisariam dela, e embora fosse difícil abandonar os pais, era o que teria que fazer.
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— Cuida bem deles. — Peter disse encarando Bryan, logo voltando sua atenção para Ellen. — E quanto a você, vê se não vai morrer. As crianças precisam de você.
— Eu vou ficar bem, pai. — Ellen disse de olhos marejados, envolvendo o mais velho em um abraço. — Me desculpe por não ter sido a filha que você merecia.
— Não diga bobagens, você sempre foi incrível. — disse segurando o rosto da filha. — Eu que sempre fui um cabeça dura, você não tem que se desculpar. Só me prometa que vai ser boa para o Mike e a Maddie.
— Vou dar o meu melhor.
— Nós podemos vir te visitar de novo, vovô. — Maddie disse inocente, abraçando o mais velho.
— Eu vou esperar ansioso. — Peter disse deixando um selar no topo da cabeça da neta. — Se cuida, minha pequena.
— Eu vou ficar muito bem, vovô. O Mike disse que eu sou fodona. — Ellen fuzilou Michael com os olhos após o comentário da irmã.
— Você é mesmo, querida. Adeus.
Após as despedidas, Bryan levou as coisas das crianças para o carro. Ellen conversou mais uma vez com os filho, explicando o que encontrariam pela frente. Bryan reforçou que para dar um fim nos monstros, teriam que mirar na cabeça.
Mike estava com um pouco de receio. Embora soubesse como usar o arco, não gostava de armas, e sua mãe insistiu que ele tivesse uma. Foi uma briga até o garoto aceitar colocar ela no coldre, mas ele estava determinado a não usar.
A viagem foi tranquila até certo ponto. Na saída da cidade havia um engarrafamento enorme. Muitos carros parados e gente tocando as buzinas dos mesmos. Bryan tinha certeza de que aquilo só atrairia os mortos na direção deles.— O que será que está acontecendo? — perguntou descendo do carro.
— Tem muitos carros bloqueando a passagem, e esses imbecis não sabem se organizar. Vamos ficar presos aqui por dias. — um homem que estava encostado no carro ao lado explicou.
— Isso não vai acabar bem... — Bryan disse o encarando. — Você é de Atlanta?
— King County, viemos de lá. — respondeu levando a mão na direção de Bryan. — Sou Shane.
— Bryan. — disse apertando a mão do homem. — Os que estão comigo também são de lá. A Ellen é filha de um velho amigo, vieram para a casa dele bem no comecinho de tudo. Nos mandaram voltar para as nossas famílias, mas tudo o que eu tenho são eles.
— Ellen? — uma mulher disse se aproximando. — Ellen Cooper de King County está com você?
— Sim, ela está no carro...
— Ah meu Deus! — a mulher disse indo até o carro de Bryan. — Ellen, você está viva!
— Lori? — Ellen disse sorrindo, saindo do carro e envolvendo a mulher em um abraço. — Eu não acredito que é mesmo você!
— Se conhecem? — Shane questionou encarando Lori.
— Ela era casada com um primo meu, aquele que morreu em um acidente. — Lori respondeu. — As crianças estão bem?
— Estão comigo. — Ellen respondeu. — E o Carl? O Rick?
— O Rick... — o sorriso de Lori foi se desmanchando aos poucos. — Rick está morto.
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Thᥱ Othᥱr Sιdᥱ ᵗʰᵉ ʷᵃˡᵏᶦⁿᵍ ᵈᵉᵃᵈ
Fanfiction⤐Vocês conhecem o Negan que matou o Abraham e o Glenn. Eu conheço o Negan que salvou a vida de uma garotinha e a protegeu desse mundo louco.⬷ Uma história sempre tem dois lados, porém estamos acostumados a ouvir apenas um deles. Quais são as motivaç...