29 [Ele se foi.]

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Queria ir embora imediatamente, porém Enid estava esperando do lado de fora da sala de Maggie. Pedi para deixar aquela conversa para outra hora, mas a garota foi muito insistente e acabei cedendo. Eu já não tinha mais cabeça para conversa alguma, eu só queria voltar para casa.

— Entra, fica a vontade... — Enid disse abrindo a porta de um dos quartos me dando passagem. — Eu imagino que esteja louca para ir embora, então vou tentar ser breve.

— Eu agradeço. — respondi entrando no quarto.

— Carl me disse que iria até o Santuário falar com você, mas ele repetiu isso tantas vezes que eu não sei mais se acredito. — a garota disse se sentando na cama e eu fiz o mesmo. A encarei com uma expressão confusa, tentando entender a situação.

— O que ele repetiu tantas vezes? — questiono.

— Desde que você apareceu, ele disse que precisava se aproximar para chegar até o Negan. Ele me disse que precisava ganhar sua confiança, então usaria dos seus sentimentos para isso. Mas antes de ele ir até o Santuário ajudar Jesus a libertar o Daryl, ele prometeu que ficaríamos juntos assim que ele voltasse. Mas quando voltou, vocês dois estavam juntos. — contou e então as coisas começaram a fazer sentido em minha cabeça. — Ele falou que terminaria com você da última vez que nos vimos, me beijou e disse que estávamos juntos. Mas eu queria saber se ele realmente falou com você, não quero ser feita de boba.

— Sim, ele terminou comigo. — respondo e me levanto. — Você já teve sua resposta, então eu já vou embora.

— Espera... — pediu segurando meu braço. — Está brava comigo por isso?

— Isso importa? Não somos amigas.

— É claro que importa, você é irmã do Michael e filha da Ellen. O Mike é um chato comigo, mas a Ellen é quase como uma mãe para mim.

— Ela não é sua mãe, Enid. — digo irritada.

— Não parece ser sua também. — a garota disse em um tom irônico. — Acredito que no momento eu faça mais parte da família do que você, já que virou as costas para eles por causa do Negan.

— Já terminou?

— Meu objetivo não era esse, eu sinto muito... — disse soltando um longo suspiro. — Não quero ser sua inimiga, Maddie.

— Inimiga? — ri ironicamente. — Você é indiferente para mim, Enid.

Me levantei e deixei o quarto. Daryl estava me esperando do lado de fora, pronto para me levar de volta ao Santuário. Me despedi de Jesus e subi na moto do Dixon novamente.
Já em casa, me senti aliviada por estar de volta. Daryl foi embora assim que desci da moto, e eu entrei logo em seguida. Todos pareciam meio eufóricos, eu achei o comportamento dos homens do Negan extremamente estranho.

— Você voltou... — Soph disse se aproximando e me puxou para um abraço. — Nós estávamos preocupados com você...

— Eu estou bem. — a encarei com um sorriso, porém ela ainda parecia estranha. — O que foi?

— Maddie, aconteceu uma coisa. — respondeu tirando do bolso um pedaço de papel me entregando. — Eu sinto muito.

Assim que abri, logo reconheci a caligrafia de Negan. Encarei Sophia mais uma vez, e ela ainda mantinha aquele olhar de compaixão. Eu estava com medo de ler aquela carta, mas ao mesmo tempo estava ansiosa para saber o que estava acontecendo.
Voltei meus olhos para a carta e comecei a ler a mesma. As palavras de agradecimento, as desculpas, toda aquela baboseira apenas para me dizer que eu havia sido deixada para trás, outra vez.

— Ele foi embora... — disse assim que terminei de ler a carta, voltando a encarar Sophia. — Porra, ele foi embora...

— Eu sinto muito, de verdade mesmo. — Sophia disse oferecendo um abraço. Eu apenas a abracei, mas me recusei a chorar. — Isso não é tudo, alguns trabalhadores descobriram que ele se foi e estão um pouco revoltados.

— Revoltados? — a encaro confusa. — Por que estariam? A maioria nem concordava com Negan na liderança, muitos já até tentaram fugir. Eu não entendo.

— Acho que você deveria ouvi-los, você é a nossa líder agora.

🏹

Não fazia ideia de como havia chegado ali, mas lá estava eu de frente para os portões de Alexandria. Ainda estava anestesiada com os últimos acontecimentos, mas no fundo eu sabia que não conseguiria carregar tudo nas costas sozinha. Eu precisava de ajuda, odiava o fato de que essa ajuda teria que ser de Rick.

— Madison, não esperava vê-la aqui tão cedo. — Rick disse me recebendo no portão. — Vem, pode entrar. Conversaremos melhor na minha casa, longe de todos os olhares curiosos.

— Ele foi embora. — disse ignorando seu convite, Rick parecia confuso. — Meu pai foi embora, Rick.

— O que? Negan foi embora?

— Ele achou que isso seria melhor para todo mundo. — ri ironicamente. — Você conseguiu me tirar a minha família duas vezes, Rick.

— Vamos conversar, Maddie. Podemos resolver as coisas. — insistiu.

— O que está acontecendo? — Carl chegou em seguida, me encarando com um olhar de pena. — Maddie, o que aconteceu?

— Podemos conversar sozinhos? — pergunto encarando Rick, e o mesmo assentiu.

Passamos por Carl e ele parecia chateado por não ter sido incluído na conversa. Bem, que se foda o Carl. Seguimos até a casa dos Grimes, Rick me guiou até a cozinha e me serviu um copo de água. Ele parecia ansioso para falar, mas esperou até que eu me acalmasse um pouco. Mas como eu poderia ficar calma?

— Pode falar. — digo deixando o copo em cima da bancada.

— Como estão as coisas no Santuário? — questionou.

— Muitas pessoas estão com medo, acham que vocês vão invadir o lugar e matar todos eles. Outros pensam que vão torturá-los para entregar a localização de Negan. — suspiro antes de continuar. — Meu pai se livrou de quem ele pensava ser uma ameaça, aposto que estava planejando isso a algum tempo. Mas tem muitos de seus homens, digo, dos meus homens, que não querem receber ordens de uma pirralha. Isso me assusta um pouco, Negan não está mais lá para me proteger. Tem trabalhadores querendo ir embora, famílias com crianças, tem idosos e eu não sei como vou proteger todos eles.

— Eu sinto muito por tudo isso, Maddie. — Rick disse segurando uma de minhas mãos, e de repente eu me senti uma criança de novo.

Olhando em seus olhos, me lembrei da primeira vez que conversamos. Ele estava feliz por eu ter "cuidado" do filho dele, disse que era muito agradecido por Carl ter uma amiga como eu. Senti meus olhos ficarem marejados com a nostalgia. Um filme se passou em minha cabeça de quando eu fazia parte do grupo, quando eles eram a minha família.
Eu me sentia tão segura com Rick quanto com Bryan. Eu confiava em Rick, tínhamos uma boa relação. Na verdade, não era boa, era perfeita. Eu o admirava por saber lidar com todas aquelas coisas difíceis, mesmo com Shane fazendo de tudo para atrapalhar. Ele já era nosso líder antes mesmo de ser, e nos protegia mesmo que indiretamente.

— Sei que nada do que eu disser vai mudar o que eu fiz, e acredite, eu me odeio mais do que você me odeia agora por ter te deixado para trás. Aquilo me assombrou por tanto tempo. Meu melhor amigo se perdeu, e eu o perdi. Todas aquelas mortes em nosso grupo, pessoas que se tornaram importantes para mim. O que aconteceu com a Lori, tudo o que aconteceu depois dela. — Rick soltou um longo suspiro antes de continuar. — Eu me culpei por tudo o que aconteceu, e de certa forma, realmente tive culpa. Eu era o líder, mesmo que essa nunca tenha sido minha escolha. Eu não quero que você tenha que carregar esse peso, você só tem dezesseis anos, não tem que passar por isso.

— Eu não posso virar as costas para toda aquela gente, Rick. — digo tentando segurar minha enorme vontade de chorar.

— Eu tenho uma ideia, mas vamos precisar da aprovação de Oceanside, Hilltop e do Reino. E a sua também.

Thᥱ Othᥱr Sιdᥱ ᵗʰᵉ ʷᵃˡᵏᶦⁿᵍ ᵈᵉᵃᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora