O sábado chegou, e a urgência de organizar minhas coisas para a mudança iminente se fez presente. Enquanto dobrava minhas roupas e organizava pertences, minha mente vagava entre pensamentos sobre Raku e o encontro marcado. A ansiedade aumentava a cada hora que se passava. Seria a última vez que participaria da rotina familiar, e o peso da despedida começava a pesar. As incertezas sobre o futuro, somadas à iminência da mudança, formavam uma mistura de emoções difícil de descrever.
Meu pai passou pela porta junto com minha mãe, desejando-me um feliz aniversário. Abracei os dois e agradeci, surpresa com o gesto carinhoso, especialmente vindo da minha mãe. Eles saíram, deixando-me sozinha com as caixas que precisavam ser organizadas.
— E aí, preparada? — Aoi entrou no quarto, interrompendo meus pensamentos.
— E você, Aoi? Preparado para quê? — Fingi confusão.
— Adivinha, tem a ver com uma pessoa chamada Raku. — Aoi falou com sarcasmo, provocando um leve rubor em minhas bochechas.
— Acho que... O quê? Não! — Respondi, tentando disfarçar minha surpresa.
Aoi, de forma descontraída, comentou: — Normal, o primeiro encontro faz isso com as meninas!
— Vá a merda, Aoi, não é um encontro! — Rebati, franzindo a testa.
— Você que sabe! — Ele deu de ombros. — Se arruma aí, vamos sair.
— Pra onde? — Perguntei, curiosa.
— Compras! — Aoi respondeu animado, pulando de alegria. — Vai ser divertido!
— Ok, ok, me deixe pelo menos me arrumar decentemente! — Falei, rindo da empolgação dele. Aoi saiu do quarto, e eu me troquei rapidamente, pronta para sairmos. Minutos depois, Aoi aparece.
— Vamos?
— Ahan. — Respondi, seguindo-o para a porta.
Passamos o dia comprando roupas para a viagem. Olhei as horas, eram 17:00.
— Vamos? — Perguntei, enquanto Aoi carregava várias sacolas em suas mãos.
— Aham. — Ele respondeu, exibindo um sorriso satisfeito com as compras.
Não demorou muito para chegarmos em casa. Tomei um banho rápido e me arrumei pensando no frio lá fora. Coloquei um cachecol, uma blusa de manga comprida, uma saia e meias grossas por baixo. Eram 17:45 quando desci, sentando-me no sofá. Ainda tinha que ir até o endereço que Raku me deu, mas estava tão frio lá fora. Aoi não parava de olhar para mim, mas não era um simples olhar. Parecia mais um olhar tarado, como se estivesse vendo algo indecente.
Ouvi a campainha tocar. Estranhei, mas antes mesmo de me levantar, Aoi já havia aberto a porta, revelando Raku. Aquele grande idiota estava lá, mas confesso que até que ele estava bonitinho.
— Desde quando você toca a campainha? — Perguntei, olhando para Raku, que apenas sorriu.
— Então... vamos. — Ele falou, passando a mão no pescoço, um gesto que eu conhecia bem, indicando nervosismo.
— Vamos. — Falei, levantando-me e saindo de casa. Realmente, estava muito frio lá fora.
— Volte às 23:00 em, mocinha! — Aoi falou com tom de irmão mais velho, e ri.
...
Caminhamos pelas ruas iluminadas pela luz dos postes, o frio cortante nos envolvendo. Raku andava ao meu lado, mantendo um silêncio que parecia carregar mistérios. Eu observava as luzes da cidade, tentando decifrar o que se passava na mente de Raku.

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Foi tudo culpa sua
Non-Fiction1 Temp - Em "Foi tudo culpa sua", embarque comigo nesta jornada tumultuada, onde a busca por uma nova vida desafia minha coragem de abandonar o passado. Descubra como a esperança surge das cinzas da adversidade, mesmo que isso signifique abrir mão...