Aquela tarde chuvosa havia ganhado um ar triste de repente, não sabia dizer se era por conta do parque estar vazio, agora que as crianças saíram correndo para procurar abrigo, ou se era porque havia se dado conta que estava há uma hora ali parado sem saber para onde iria. Não era como se ele não tivesse onde ficar, seu melhor amigo jamais o deixaria dormir nas ruas depois de tudo, mas não conseguia incomodar mais a mãe dele todos os dias com sua presença.
Ao menos, na sua cabeça, estava sendo um estorvo para eles.
Ficou um bom tempo ali na chuva, alheio demais aos olhares curiosos e de pena das pessoas que passavam por si, protegidos da chuva. Ele não tinha mais qualquer energia para se levantar e procurar fazer o mesmo, já estava encharcado da cabeça aos pés, tudo o que lhe restava era aceitar ficar ali.
Ninguém entendia o vazio que sentia, exceto do seu melhor amigo, ele era tudo o que tinha e sabia que jamais o abandonaria. Estavam juntos naquilo tudo, só eles sabiam a verdade. Mas gostaria de ter alguém mais a quem recorrer naquele momento, quem sabe assim ele se sentiria mais acolhido. Tinha tanta culpa por despejar tudo sobre Baji, não conseguia sequer pensar em continuar sem ele.
Era por isso que ele queria se vingar.
- Huzinho, por que está nessa chuva? -Sua cabeça finalmente foi coberta por algo, um guarda-chuva transparente desenhado com flores brancas em suas bordas, o dono do objeto o segurando de maneira que evitasse que ambos se molhassem. - Vai ficar doente.
O rapaz se aproximou do outro. - Venha, precisa de um banho quente. Banhos quentes ajudam com o resfriado. E sopa quente também.
- Desde quando você se importa comigo? Sai daqui! - Foi rude ao dizer aquilo, se esquivando da mão do outro quando tentou lhe tocar, sem elevar o olhar para o indivíduo. - Me deixa em paz, idiota!
Escutou um suspiro profundo, seguido de longos minutos de silêncio. Fechou os olhos pela frustração que aquele garoto lhe causava só de ouvir sua voz. Era sempre uma tortura ficar perto dele, o garoto agia diferente dos outros, sempre sendo um incômodo quando estavam juntos, aquilo o irritava. Só que havia algo nele, algo que Kazutora não conseguia dizer exatamente, era como uma familiaridade, como se já tivesse visto ele antes.
Não deveria ser nada. Afinal, ele era só a putinha do Mikey, era somente por isso que aceitou a sua presença.
Quando abriu os olhos, reparou que as botas pretas do garoto não estavam mais ali, somente um caminho no chão molhado. Porém não sentiu as gotas de água voltarem a cair em seus ombros, mesmo que ele já tivesse ido embora. Seus olhos cor de areia se levantaram depois de muito tempo olhando para o chão.
O guarda-chuva florido ainda estava ali, junto de uma sacola com lanches rápidos, ambos sendo segurados por uma fita vermelha familiar amarrada bem apertada contra o ferro do balanço. Kazutora ficou de olhos marejados.
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𝐖𝐈𝐒𝐓𝐄𝐑𝐈𝐀 || 𝗍𝗈𝗄𝗒𝗈 𝗋𝖾𝗏𝖾𝗇𝗀𝖾𝗋𝗌
FanfictionTensho Ikari, carinhosamente apelidado de Tenshi, não tem qualquer tipo de objetivo em sua vida, viveu sob as condições de seus parentes a vida inteira. Em desesperança e sem aceitar mais aquela situação, Tenshi decide rever seu irmãozinho de criaçã...