Dia 06: Biblioteca

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Título: Histórias devem ser contadas

Sinopse: "Existiam histórias de amores unilaterais. Independente do final. Independente do felizes para sempre. Histórias devem ser contadas."

Existem certos momentos na vida de um escritor em que tudo que ele queria era ter um bloco de notas em mãos. Algumas ideias surgem de forma repentina, em meio a conversas - às vezes de outras pessoas, inclusive, e elas costumam ser tão valiosas que ele teme que possa perdê-las.

Naquele instante, porém, não viu necessidade de anotar as ideias que surgiram subitamente, uma vez que veria a fonte de toda a inspiração com certa frequência.

Havia acabado de entrar na biblioteca, seu novo local de trabalho, acompanhado por Shisui, um de seus colegas, quando notou um professor em meio ao espaço livre do cômodo, fazendo o que parecia ser uma apresentação aos alunos.

Ele estava com um capuz vermelho e um de seus aluninhos parecia interpretar o lobo mau. Havia certas alterações na história, perceberam ao parar para assistir. Aparentemente, chapéuzinho tinha notado logo no início que aquele ser diante de si não era a sua vó.

A história se desenrolou de modo a fazer de chapéuzinho uma heroína, perfeita e talentosamente interpretada pelo professor. Quando o caçador chegou, ela já havia derrotado o lobo mau.

Após a conclusão, os estudantes, todos por volta dos sete anos, aplaudiram de forma entusiasmada e o professor sorriu, pedindo que eles organizassem suas coisas para que pudessem voltar para a sala.

— Ótimo trabalho, chapéuzinho — Shisui falou em meio a um sorriso quando o homem caminhou até eles.

— Gostou do show? Eles que tiveram a ideia — o professor explicou, orgulho presente em cada palavra.

Kakashi não conseguiu evitar um sorriso ao ouvi-lo.

— Foi ótimo! — O outro disse antes de apontar para o Hatake —, esse é o novo bibliotecário. Kakashi.

— Obito — o professor estendeu a mão —, é um prazer. Espero que não se incomode com a bagunça, eu prometi que faríamos isso mais vezes.

Os dois olharam para os alunos e puderam ouvir um comentário ou outro das crianças sobre a história.

— De forma alguma — Kakashi respondeu e o homem sorriu antes de chamar os alunos para acompanhá-lo até a sala.

Shisui terminou de mostrar o local antes de deixá-lo sozinho para trabalhar e, embora tivesse a intenção de iniciar a organização de alguns livros que haviam chegado, ele se flagrou distraído.

Estava criando um enredo há alguns dias, pretendia escrever um romance, algo simples e cotidiano com um toque de realismo, ainda que pretendesse ressaltar toda aquela magia da paixão. Apesar de estar certo de tais objetivos, ainda não tinha seus personagens.

Ou melhor, não tinha um deles.

Assim que adentrou a biblioteca e se deparou com aquele professor, vestido com um capuz vermelho, afinando a voz para interpretar a chapéuzinho, sentiu como se tivesse encontrado o seu protagonista.

Kakashi queria uma pessoa apaixonante. E era fácil enxergar o outro personagem se apaixonando por alguém daquela forma. Ele mesmo não pôde deixar de se sentir fascinado.

Alcançando o bloco de notas em sua mochila, ele fez algumas anotações sobre o seu protagonista e se deu por vencido apenas quando o perfil estava quase pronto.

Ele tinha uma ideia. Tinha uma história. E histórias devem ser contadas.

(...)

O segundo protagonista não demorou a aparecer e Kakashi finalmente pôde iniciar o romance. Ele escrevia durante seus períodos tranquilos na biblioteca e estava fluindo muito bem. Estava inspirado e sabia bem qual era a razão.

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