Dia 07: Tema livre

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A troca na narração é proposital.

Título: Veneno

Sinopse: Naqueles momentos, Obito quase se esquecia do veneno que escorria pelos seus lábios, aqueles cujo sabor o deliciava. Kakashi se deleitava com o seu deleite e sorria daquela forma maliciosa.

"Você continua me dando um gosto do seu veneno" - Venom, Bullet For My Valentine

Você veste suas máscaras tão confortavelmente como se elas realmente representassem quem você é. Por vezes, me pergunto a razão e chego sempre à mesma conclusão: você não é ninguém.

Troca de pele tal qual uma serpente e eu poderia jurar que você é feito de escamas, isto é, se eu já não tivesse experimentado da maciez da sua pele. Com os dedos, com os lábios, com o meu corpo todo.

Você se enrolava em mim, me sufocando e eu gemia, não de dor, nunca de dor.

Nesses momentos, eu quase me esquecia do veneno que escorria pelos seus lábios, aqueles cujo sabor me deliciava. Você se deleitava com o meu deleite, sorria daquela forma maliciosa, a língua sobre a minha.

Você continua me dando um gosto de seu veneno.

E quando satisfeito, agia como se eu fosse tão descartável quanto a antiga pele de uma cobra.

As batidas na porta soaram no exato instante em que a música terminou e Obito suspirou, deixando os fones de lado para atender, já ciente de quem era. Kakashi era o único que não usava a campainha.

— Você aqui — Obito falou em uma tentativa de parecer surpreso.

Pareceu ter funcionado.

— Não aja como se estivesse surpreso, você sabe que eu não consigo ficar muito tempo sem te ver.

Ah, sim. Tal qual o mais perigoso dos predadores, você tinha as suas presas. Eu era a sua preferida. Você me amava, afinal.

Quando o deixei entrar, você jogou os braços ao meu redor, a boca sobre a minha, tão perto, tão apertado, que não havia como eu buscar por oxigênio. Você sorriu quando o afastei apenas para respirar e me encarou, perversão e inocência misturados em seus olhos, antes de voltar a me beijar.

— Estou ocupado — Obito murmurou ao afastá-lo novamente, indicando a pilha de documentos sobre a mesa no centro da sala.

— Posso esperar — foi a resposta de Kakashi e ele se sentou no sofá depois de alcançar um livro qualquer em uma estante.

Curiosamente, sobre espécies de cobras.

Algum tempo havia se passado quando ele voltou a falar.

— Me pergunto a razão do seu fascínio por animais selvagens.

— Me lembram você.

Respondi rapidamente e você me encarou, sua expressão neutra durante ínfimos instantes, aqueles em que você escolhia qual máscara usar. Não lembro o que você respondeu no momento, mas me lembro dos ruídos.

O seu riso. O livro caindo sobre o chão. As folhas sendo espalhadas quando você as arrancou das minhas mãos e, claro, a forma que você gemeu feito uma vadia quando eu agarrei a sua bunda e te coloquei no meu colo.

— Está tão sedento por mim que não pode esperar por alguns minutos? — A voz de Obito soou quase como um rosnado, os dedos se apertaram firmemente contra as nádegas alheias.

Kakashi o encarou, os olhos desfocados, nenhum resquício de sorriso em seu rosto.

— Foi você quem me chamou de selvagem.

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