Duas semanas passaram voando. Quase não fiquei em casa, tenho vindo mais cedo essa semana pra ajudar na cozinha, pois a menina que auxilia está de doente. Peguei amizade com a outra garçonete e aprendi alguns preparos.
Nessas semanas foram arroz, feijão, bolo de carne e feijoada todas as sextas. De sobremesa aprendi pudim e pavê, muito pavê! De chocolate, amendoim, limão e até com dois cremes.
Eu não sabia cozinhar, então tiveram que ter muita paciência, estou começando a pegar o jeito, das sobremesas já faço sozinha, pois faço em casa também e todos adoram! Ajudei no preparo também de borscht e pelmeni. Não sabia fazer, então foi ótimo aprender.
Estou aqui para mais um dia de trabalho, sigo para o trocador, coloco o uniforme. Começamos com as preparações, depois ajeito as mesas e abrimos. O dia está mega agitado hoje, uma verdadeira loucura. Nem reparo na hora, quando já estamos fechando! Isso sim é um dia produtivo! Fechamos as 22h, Anna a outra garçonete já foi se arrumar na frente, ajudo a senhora Rita a fechar o caixa.
-Tchau, Lara. Estou indo!
Anna joga um beijo quando nos esbarramos no trocador. Troco a roupa bem rapidinho e saímos todos juntos. Meus chefes vão andando mesmo, enquanto aguardo o carro, mas sou surpreendida.
- Olá, irmã!
Escuto aquela voz tão repugnante, achei que já tinha me esquecido desse tom, me viro lentamente e encaro Nikolai. Um verdadeiro idiota. Sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo.
- Olá, Nikolai. Está perdido?
- Eu estava dando uma volta por aqui quando te vi, consegue acreditar?
Ele diz com um sorriso tão simpático, pena que já o conheço. Aproximando-se de mim, toca nos meus cabelos.
-Você está incrível, irmãzinha. O que andou aprontando?
Começo a sentir uma raiva tão grande e meu corpo treme, ele se aproxima mais do meu ouvido.
- Já se esqueceu das regras? - diz pegando no meu rosto, apertando e rangendo os dentes. Rá, típico! Dou um tapa em sua mão, vejo o momento exato em que sua raiva chega. Vamos brincar, irmãzinho.
-Veja só, você realmente cresceu. Sabe, eu sempre esperei por algo assim, pois tenho um motivo para fazer isso.
Ele me dá um soco no estômago, me fazendo ofegar. Merda, não esperava por isso. Tento me recompor o mais rápido possível, porque não acabou. Ele dá um passo em minha direção, porém essa noite não serei a única a sair ferida.
Acerto em cheio seu rosto, o seguro para acertar suas bolas. Pego o soco inglês que fica nas chaves e acerto mais uma vez seu rosto. Ele urra de dor enquanto caí, não penso em mais nada além de fugir. Corro desesperada pela rua, mais rápido ainda quando ouço alguém correr atrás de mim. Sou puxada pela blusa, só então para rolamos no chão. Me segurando pelo pescoço, ele nos levanta, seguindo para um beco escuro. Me joga no chão e me encara.
-Essa doeu, irmã! Você aprendeu umas coisinhas, não é? - sorrindo com malícia, se aproxima.- Você realmente se esqueceu, você não é nada! Não deve ficar com raiva, não deve reagir e muito menos pensar, achei que aquele idiota tinha lhe ensinado isso. Mas pelo visto terei que te lembrar.
Me sentando o encaro, não sinto medo, eu poderia morrer agora, mas não sentiria medo. Chegou tarde, irmãozinho.
-Por que você faz isso? Já somos adultos, saí de casa há anos e você ainda tem esse sentimento por mim?
Ele começa a rir descontrolado, passando a mãos pelos fios do cabelos, no final arranhando o próprio rosto, parando no queixo enquanto estica o mesmo para baixo.
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Inevitável
RomantikAVISO: Este é um livro que retrata a violência em diversos níveis, seja na sua maneira física ou psicológica. Não recomendado para menores de 18 anos. A história narrada pela autora sobre a máfia Tchaikovsky é única e, exclusivamente, fictícia; faze...