VENERE-ME (Conto 7 de ESTILHAÇA-ME)

CAPÍTULO 2

KENJI

Após a emoção da cerimônia esfriar, todos os convidados se direcionam para o interior da casa, onde a sala de estar e de jantar está repleta de mesas e cadeiras para as pessoas se acomodarem e esperarem os aperitivos e refeições.

Todos começam a se sentar e interagir um com os outros, menos a J e o Warner, vasculho o ambiente com os olhos e percebo duas sombras entrelaçadas e se movendo em um modo muito comprometedor.

É. É melhor não interromper.

Dirijo minha atenção em volta e vejo meus amigos espalhados em cantos diferentes pelo ambiente. Ian e Lily estão conversando e se tocando afetuosamente nas mesas do fundo. Brendan e Winston estão conversando sobre algo muito engraçado pelo visto, os dois não param de rir. Adam está conversando com Alia e os toques sutis que os dois trocam são mais íntimos do que deveriam ser, provavelmente eu perdi muitos capítulos de sua vida e isso me torna um péssimo amigo. Sei que Adam foi um babaca com J por um período já que ela estava confusa sobre seus sentimentos e não estou justificando nenhum ato que ele cometeu. Porém devo minha amizade a ele pelos tempos que dividimos o mesmo espaço no Ponto Ômega e acabamos criando um laço forte, e não foi só com ele. James, seu irmão, me conquistou com sua fofura e quando vi James vulnerável após seu pai o raptá-lo e praticamente o torturado, meu coração estraçalhou em milhões de pedacinhos. Ali, naquele momento, percebi que amava aquele moleque demais da conta.

Procuro por ele pelo salão e o vejo interagindo com algumas crianças, e ele é tão comunicativo que brilha com sua própria luz. Realmente temos mais coisas em comum do que tinha percebido antes.

Fico tão distraído com o que me acontece ao redor que não percebo Nazeera se aproximando de mim, só noto sua presença quando ela passa a mão pelo meu ombro e deposita um beijo molhado em minha bochecha.

Eu até tinha a procurado antes, mas ela tinha literalmente sumido de qualquer lugar, ou ela estava muito longe ou ela estava usando seus poderes por uma razão que desconheço.

- Onde você estava? - externalizo minhas dúvidas.

- Fui falar com meu irmão, que está conversando com Nouria sobre os futuros planos para o Setor e para o mundo. Acompanhei a conversa discretamente, se você me entende.

Eu entendo. Ela estava invisível.

- E por que você estava invisível?

- Ah... porque... - Ela hesita antes de continuar - Pode parecer paranoia minha, mas é como se não importasse o quanto eu faça e prove para as pessoas que sou capaz de fazer o que eu quiser, elas continuam a me subestimar - Ela suspira, cansada. - Eu só queria que Haider parasse de me ver como uma criança pequena, mesmo eu provando que posso ser mais útil que ele.

- Depois eu me pergunto do porquê o Warner ser tão frio. Me diga, vocês, filhos de supremos, são criados para atacar e magoar corações por aí, é?

- Não. Nossos pais que nos criaram de tal maneira, para assumirmos a posição deles a qualquer instante que fosse necessário. E, não porque olha para o Warner - Ela aponta para onde ele e J estão, ainda no quintal, longe de todos e presos na bolha de felicidade deles. Ele passa a mão delicadamente em qualquer pedaço de pele exposta de J - o que significa que são o rosto, pescoço e ombros. E eles não conseguem ficar um minuto sem se tocar e se beijar.

Seria doentio se isso não fossem eles.

- Sim, ele só é assim com ela. Só com a J. Não é como se fosse a pessoa mais gentil do mundo.

- O nome dela é Ella, não Juliette, Kenji. Não sei por que você insiste em lhe dar esse apelido sem sentido - Nazeera bufa.

- É uma forma de me manter ainda como uma pessoa especial em sua vida. J fica tão vidrada em Warner que às vezes eu acho que ela esquece que tem um melhor amigo com quem conversar.