ELLA
quatro anos depois
Emmaline já está para completar quatro anos em algumas semanas, e mesmo tendo ainda apenas três anos, não há garotinha mais feliz e inteligente que minha filha. Ela está correndo pelo parque recém-construído perto da nossa casa e o nosso cão pega todo graveto que ela joga — mesmo que seja menos de um metro de distância.
Emma começa a olhar para todos os lados como se estivesse à procura de alguém, a grama mexe ao seu redor e eu já sei quem é.
Kenji.
Ele desativa seu poder e começa a brincar de pega-pega com Emmaline. De vez em quando ele ativa seu poder novamente, o que deixa Emma bem irritada.
— Isso não vale, tio Kenny! É golpaça!
Rio diante do erro fofo da minha pequena. Lembro-me de ensiná-la a palavra trapaça corretamente depois.
Imediatamente sinto a presença dele se aproximando do banco que estou sentada.
— Trapaceando em uma brincadeira com uma garota pequena? Isso sim que é golpe baixo.
Ele se senta ao meu lado e passa seu braço definido ao redor dos meus ombros. Eu deito minha cabeça em seu peito e ele inclina sua cabeça no topo de minha cabeça, fazendo sua barba rala roçar em meu couro cabeludo conforme ele beija o local.
— Tudo bem com nosso pequeno, meu amor? — Ele passa a mão pela minha barriga levemente saliente e a beija exatamente como a vez que descobrimos que Emma estava com tempo marcado para vir ao mundo.
Uma sensação reconfortante de deja-vu assola em meu peito.
— Sim, apenas uns leves chutes de vez em quando.
— Me deixa extremamente agoniado ver Emma entrar em contato com tantos germes que aquele cão abriga. — Meu marido suspira, deixando seus hábitos higiênicos falarem mais alto.
— Ué, não foi você que praticamente adotou esse cão?
— Eu não adotei, aquela garota ruiva que me deu. Ele apenas foi meu amigo por um tempo, mas um amigo distante, onde os germes ficariam apenas no corpo dele e pronto. Não passando de sua língua para a minha pele — Ele olha fixamente para a cena do cachorro lambendo Emma e ela rindo gostoso com a investida do animal. Kenji faz cócegas nela, que se contorce na grama de tanto rir.
— Vou lá falar com ela.
Ele caminha em seu estilo sensual e lindo em direção a nossa pequena, que quando o vê corre para os seus braços na hora. Ele a pega no colo e a levanta no ar, dando vários beijos em seu rosto enquanto eu sorrio como uma boba que sou.
Sou boba. Por eles.
Ver o quanto Aaron melhorou e o quanto ama Emmaline – assim como ela o ama demais – sempre faz borboletas darem cambalhotas de felicidade dentro do jardim florido que reside dentro de mim. Para mim uma das melhores cenas do mundo é ver meu marido sendo o melhor pai que meus filhos podem ter.
Isso faz com que meu amor por Aaron cresça de uma forma inimaginável.
Fico repassando esses pensamentos simplórios em minha mente até ouvir alguém gritando.
— CARALHO!
Bufo de irritação com Kenji, sendo que já repeti inúmeras vezes para ele não xingar em frente a Emma, e ele nunca, mas nunca me escuta.
Vou andando até eles quando vejo algo fora do comum.
Kenji está com uma queimadura em seu braço direito, e em um formato bem específico.
O de uma mão.
— O que aconteceu, Kenji? — Pergunto assim que o ar entra em meus pulmões.
— Eu não faço a mínima ideia, eu só sei que eu estava brincando com Emma de cosquinhas e depois disso isso — Ele aponta para sua queimadura — apareceu em meu braço.
— Pega esse graveto aí, Kishimoto.
— O quê, Warner?
— Apenas pegue.
Kenji estende o graveto para Emma que o segura firmemente em suas pequenas e delicadas mãos.
— Emma, minha flor, você sabe como se sentiu quando ele — Aaron aponta com raiva para Kenji — resolveu brincar com você?
— Eu só... deixei tudo sair de mim.
— Então imagine que esse graveto é o Kenny e deixe tudo sair, tudo bem?
— Sim! — Ela fecha os olhos e o que acontece em seguida faz meus olhos quase saírem de minhas órbitas.
O graveto começa a ser consumido pelas chamas, labaredas que desintegram a madeira, menos a mão de minha pequena. Se eu não tivesse visto o fogo sendo produzido de sua própria mão, eu ficaria em pânico nesse momento.
— Parece que descobrimos o poder dela, afinal — Aaron diz tirando as cinzas da madeira das mãos de Emma.
É. Parece que minha pequena tem a sua habilidade agora.
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VENERE-ME (Conto 7 de ESTILHAÇA-ME)
Roman d'amourComo foi o casamento? Como foi a noite de núpcias? Como foi o além do 'final feliz'? Filhos? Todas essas perguntas são respondidas aqui. A continuação do final feliz que desta vez tem o casamento! Para quem pirou com o final de "Aceita-me" mas ficou...