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     Era mais um dia bonito, ensolarado com pássaros cantando e vários alunos perambulando pelos corredores enquanto eu os observava pela sala de espera da diretora Michaels. Não era a primeira vez que eu ia parar na sala dela, o motivo: me defender dos babacas da escola que me enchiam o saco pela minha aparência.
    Geralmente quem começava eram aquelas garotas populares, eu apenas retrucava e advinha quem ia parar na diretoria? É, isso mesmo, euzinha. Parece justo? Não. Mas infelizmente, a vida é assim, então eu sigo minhas próprias regras. Por causa disso, me tornei digamos a "Bad Girl" da escola. Ninguém esperava que a garota gorda e tímida fosse se tornar a menina rebelde, briguenta e confiante, às pessoas começaram a implicar menos mas obviamente que ainda tinha algumas meninas malvadas. Elas gostam de provocar mas não sabem o que fazer quando enfrentadas.

- Senhorita Connors-Ishikawa? - Chamou a diretora Michaels. Levantei e entrei na sala, sendo recebida por uma mulher negra e alta, de longos cabelos cacheados presos por um coque. A diretora sempre se vestia de modo elegante e profissional, ela aparentava ter uns 30 e poucos anos. Era uma das diretoras mais jovens da escola e uma das mais promissoras, diferentemente de seu antecessor o Senhor Robinson que só dava uma bronca e detenção por uma hora em vez de resolver a situação - Bom dia, diretora Michaels.

- Bom dia, Kathy. Preciso ter uma conversa séria com você  - A diretora estava com uma expressão séria, o que a deixava bem mais velha do que aparentava ser - Eu não fiz nada dessa vez, eu juro!

- Eu sei. O assunto é sobre as suas notas

- Minhas notas?

- A maioria estão muito bem, mas as matérias de exatas estão por um fio. Você precisa melhorar suas notas ou acabará sendo reprovada. Eu sei que você é uma boa aluna, todos têm dificuldade em algumas matérias e quero te ajudar

- Aí caramba. Eu sei que não sou boa nessas matérias, mas prometo melhorar!

- Por favor, Kathy. É para o seu bem, você ainda tem tempo de se salvar, não quero que acabe repetindo de ano. Se ainda tiver com dificuldade, me procure - A diretora se levantou, seu olhar antes sério agora ficou suave e preocupado - Não tem problema em procurar ajuda e evite se envolver em confusão por um tempo.

- Sim, senhora. Vou dar um jeito nas minhas notas - Sorri para a diretora que retornou o gesto e me liberou para à aula.

    Andei pelo corredor preocupada, como vou poder melhorar minhas notas? Nem ferrando vou repetir meu último ano, não vejo a hora de acabar. Preciso achar uma solução e rápido. Fiquei observando meus arredores e meu olhar caiu sobre Benjamin Parker, um dos caras mais inteligentes e típico nerd da minha turma. Então as palavras da diretora ecoaram em minha mente "Não tem problema em procurar ajuda" e Benjamin era a pessoa certa, então andei rapidamente até o rapaz alto e magro de cabelos castanhos rebeldes que conversava com seu melhor amigo, Kyle.

- Oi, Benjamin. Será que eu posso conversar com você...em particular? - Não sei porque estava nervosa, talvez nem tanto quanto Benjamin pela sua cara de surpresa e parecia não saber o que responder - Ahn...quer dizer...claro!

- Vem comigo - Entrei na sala vazia mais próxima e Benjamin entrou logo atrás de mim, fechei a porta e fui direto ao assunto - Preciso da sua ajuda!

- Da minha ajuda?! com o quê?!

- Preciso que me ajude nas matérias de exatas ou vou acabar reprovada. Por favor, Benjamin, você é o cara mais inteligente que eu conheço!

- Caramba, isso é muita coisa para processar

- Só me diga, sim ou não? - Eu o encarei e parecia que ele estava calculando alguma coisa. Ele me olhou bem confiante (O que não era típico de Benjamin) e disse - Eu te ajudo, com uma condição.

- Ok e o que é?

- Seja a minha namorada

- Como é?

- Você não precisa ser a minha namorada de verdade...quer dizer, se você quiser mesmo por mim não tem problema...Ahrn, bem o que eu quero dizer é: quero que você finja ser minha namorada até o final do ano, essa é a minha condição - Benjamin estava tentando parecer firme apesar de seu receio de que iria apanhar a qualquer instante. Podia ser tímido e um tanto atrapalhado nas palavras, mas ele sabia que entre nós dois quem tinha mais a perder era eu. Era vai ou racha.

- Não esperava isso de você, Benjamin. Estou surpresa, mas já que é assim, tudo bem. Eu aceito

- Sério mesmo?!

- É seríssimo, mas nada de beijo na boca e ficar agarrado o tempo todo em mim. Entendido?

- Entendido! Quando começamos?

- O mais rápido possível

- Tá, começamos hoje e você vai ser a minha namorada a partir de hoje também

- Assim do nada? Nossos amigos vão estranhar

- E quanto ao resto dos alunos, eles também vão suspeitar

- Foda-se o resto. Se você quer que as pessoas acreditem que estamos juntos pra valer, temos que convencer os nossos amigos, precisamos criar uma história

- Tá bom, e como vai ser isso?

- Bem, começamos com a verdade, você está me ajudando a estudar e acabamos nos aproximando. Precisamos gostar de algo em comum, sei-la...pode ser um filme, game ou um livro

- Ahn...os filmes do Homem-Aranha ou o Batman, adoro jogos em geral e um livro, entre O Senhor dos Anéis e as Crônicas de Gelo e Fogo

- Ótimo, gostamos das mesmas coisas! Vamos falar isso pra eles e com certeza vão acreditar

- É sério? Você gosta de tudo isso mesmo? - Ele me olhou surpreso e com uma certa dúvida - Gosto, por que? Garotas também não podem gostar de heróis, vídeo games e livros com ótimas história e cheios de violência?!

- Não quis dizer isso, só não parecia ser a sua vibe. Achei que você podia achar tudo isso meio infantil ou imaturo - Ele olhou para o chão um tanto sem graça - Não acho, eu também gosto. Só não falo nada porque minhas amigas não tem os mesmos gostos que eu, então não tenho ninguém com quem compartilhar isso.

- Pode falar comigo, para isso que servem os namorados de mentira - Soltei uma leve risada e sorri para ele - Vou me lembrar disso, querido.

- Me encontre na biblioteca depois da aula, temos muita coisa a estudar

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