CAPÍTULO VI - UMA VIDA POR OUTRA

6 1 1
                                    

        Caminhamos por dentro da cidade por alguns minutos, os meninos parecem saber para onde estamos indo, eu confesso que não tenho nem ideia.

        O dia já está amanhecendo, provavelmente temos mais algumas horas da manhã pra caminhar antes que fique impossível fazer isso. Dan, Fhenrir e Ronan conversam sobre os chacais e seus planos enquanto caminham, não participo da conversa “Estou cansada de chacais por hoje”, o que eu escuto sobre a conversa é a pergunta, porque eles estão fazendo isso?

        Dan teve uma hipótese de que eles estão se agrupando, cortando o recursos da cidade, destruindo as carroças comerciantes e levando as mercadorias, Fhenrir parece não querer concordar com isso — Dan entenda, chacais não são inteligentes a esse ponto, isso é loucura — é o que ele fala “Não conheço muito de chacais, mas acho que Fhenrir está certo”.

        — Eu concordo com Fhenrir, são criaturas, não humanos para aplicarem uma estratégia como um cerco na cidade — Diz Ronan e eu paro de prestar atenção, deixe que eles resolvam o enigma, falando eu vou mais atrapalhar do que ajudar.

        Andamos até a extremidade leste da cidade “Ao menos é o que Dan falou”, os meninos decidem parar e descansar ali, afinal o vento já começou a bater forte e logo o deserto estará coberto de nuvens de areia. Ronan retira as barracas de sua bolsa sem fundo e as montamos, dessa vez não precisei de explicações, armo minha barraca e me jogo dentro, estou exausta de toda essa longa noite que passamos, não demora muito e eu durmo.

        Acordo no fim da tarde, estava exausta e dormir o dia inteiro, a areia já abaixou, provavelmente já fez isso a um tempo — Porque não me acordaram? — questiono o grupo que está sentado do lado de fora conversando.

        — Você estava exausta, dormiu antes mesmo que nós e parecia uma pedra dormindo — diz Dan mexendo no ensopado dentro da tigela que está acima da fogueira.

        — Nós te chamamos, mas você nem se mexia, nem com esse cheiro maravilhoso da comida de Dan você acordou — Ronan fala com um sorriso no rosto e só agora eu percebo o cheiro que perfuma o ar.

        — Ok, eu estava mesma cansada, muita descarga de adrenalina em um curto período de tempo, não sabia que a noite é tão longa quando se está acordado — digo saindo por inteira da barraca e me virando para desmontá-la.

         Depois de guardar a barraca me junto a roda em volta da fogueira, os meninos parecem ansiosos esperando o ensopado ficar pronto.

        — Já que estamos aqui esperando, me diz aí Fhenrir, como você e Dan se conheceram?

        — Dan salvou a vida do primeiro Rei de Dumbria e sua guarda real, eu fazia parte da guarda — ele me responde sem dar continuidade em uma conversa.

        — Taaaa, conte-me essa história, acho que nos temos um tempinho — digo tentando dar vida a uma conversa com a geleira na minha frente.

        — Não tem muito o que contar — ele diz, mas percebo que vai continuar então permaneço quieta e dando minha atenção para incentivá-lo — O antigo Rei promoveu uma de suas grandes caçadas, a última delas por sinal “Essa me parece uma boa história”, a floresta escolhida foi Malum e todas as cidades do reino estava participando.

        — Foi aí que a população de Dumbria caiu drasticamente, o reino perdeu grandes guerreiros — complementou Ronan, olhando para baixo como se estivesse buscando na memória e revivendo algum momento.

        — Bom, isso faz muito tempo — Fhenrir tenta finalizar a conversa “Faz muito tempo, mas agora estou curiosa”.

        — Muito tempo quanto? E o que aconteceu nesta caçada? — pergunto me ajeitando na pedra que estou sentada.

Astrid e o Rito dos caçadores - Volume I: Batismo de TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora