Capitulo 20.

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Sabina's (pov):
Talvez buscar uma criança na escola fosse a missão mais fácil para a maioria da população, menos para mim. Ver todas aquelas crianças com uma conexão parental com suas mães é a parte que mais me dói. Perceber que não pude dar isso para a minha Bella sempre será o ponto mais sensível de mim.

Sala 02, no primeiro andar.

Esse é o meu pensamento agora, sem perigo de errar. Vou repetindo isso desde casa até aqui, exatamente na frente da tão temida porta da sala de aula.

Bato na esperança que ela já esteja ali, pronta para sairmos daquele lugar.

-Olá!- uma moça simpática me recepciona. Provavelmente, a professora. Que tipo de mãe não conhece a professora da sua própria filha? Pois é, eu mesma.

-Oi! Sou a mãe da Bella May- sorrio tentando não parecer nervosa.

-Sabina Hidalgo, claro. Pude perceber seus traços, não tem erro!- a mesma sorri e tenta procurar Bella com o olhar.

Esse negócio de sempre falarem que a Bella parece comigo está ficando cada vez mais bizarro. E eu estou adorando.

-Olha, Bella, sua mãe!- um menininho grita apontando para mim.

-Obaaaaaa!- a pequena corre até mim, abraçando minhas pernas.

-Vamos?- aliso seu cabelo e ela assente, pegando sua mochila e se despedindo da professora, a qual descobri nesse exato segundo que se chama Manuela.

-Você prefere ir caminhando ou chamo o Rony para nos buscar?- pergunto assim que saímos da sala.

-Caminhando, assim a gente pode conversar um pouquinho- ela responde, sorrindo para mim.
[...]
Depois de belos vinte minutos de caminhada e conversas sobre todos os assuntos imagináveis, demos de cara com um PetShop. Bella estava encantada por cada bichinho aqui dentro, se dependesse dela, nossa casa seria um zoológico.

-Posso levar só um, Saby?- ela pergunta, agarrando um gatinho.

-Você sabe que eu não mando na casa, né?- respondo, mas com muita pena de não levar um daqueles animais.

-Claro que você manda, meu pai manda em metade por ser meu pai e você na outra por ser minha mãe - ela alisa o bichinho, nem se dando conta do que fala.

Engulo seco.

-Olha, esses golden retrievers chegaram hoje aqui. Eles são filhotes ainda- a moça do petshop aponta para um cantinho, onde estavam as coisas mais fofas que eu já vi em toda a minha vida.

Bella corre em direção aos cachorrinhos, agarrando dois de uma só vez. Eu me aproximo com calma, e observo um dos filhotinhos sozinho, bem no cantinho da grade que estavam.

Me abaixo, pegando o filhote no colo. Era uma fêmea, a única de toda a ninhada, segundo a moça.

-Bella, oque acha de levarmos essa?- pergunto, ainda sem tomar consciência do que estava prestes a fazer.

-Sério?- ela me olha animada. -Vamos, por favor. Sim!

-Então levaremos essa aqui- a entrego para a lojista, que pega a cadelinha e a leva para colocar na casinha.

-Vou escolher a casa e os brinquedos- Bella corre para pegar tudo que a nossa filhotinha precisa, acho que eu jamais conseguirei descrever a êxtase que ela se encontra agora. É surreal.

Por um momento, pensei que Bailey poderia ficar muito irritado comigo. Mas pensando bem, Bella tem razão. Eu também tenho autonomia naquela casa, afinal, ela era minha também.

-Aqui, senhora. Tchau, pequena!- A moça me entrega a casinha com a filhote dentro e se despede dela.
[...]
Ao chegar em casa, organizamos o cantinho da cadelinha no quarto de Bella, por pura insistência da mesma.

-Precisamos decidir o nome dela, né?- olho para Bella, que brincava com a filhote no chão.

-Acho que já sei. Shelby! É o nome da cadelinha que eu tinha de brinquedo- ela alisa a cadelinha.

-Shelby, decidido- sorrio para as duas, que já pareciam se amar bastante.

-Bella? Sabina?- a voz de Bailey ecoa no corredor, fazendo meu coração acelerar descontroladamente. Apesar do meu grande argumento de autoridade, eu ainda tenho muito receio acerca disso.

A porta se abre, fazendo com que Bailey e claro, Joalin, adentrem o quarto.

-De onde saiu isso?- ele aponta para Shelby, com uma feição um tanto confusa.

-Adotamos ela em um Petshop hoje! Não é demais, papai?- Bella abraça a cachorrinha -O nome dela é Shelby.

-Então é para lá mesmo que vamos devolvê-la. Você já sabe das regras, Bella- ele tenta se aproximar, mas a pequena corre até mim com Shelby nos braços.

-Claro que não! Ela é minha cadelinha agora!- os olhinhos dela enchem de lágrimas.

-Você que deu para ela?- pergunta, claramente com raiva.

-Sim, não a culpe!- respondo, levantando para ficar da altura dele.

-Sabina, você sabe que precisava ter me perguntado antes, né? Quem te disse que eu permitiria um cachorro aqui?- Bailey me questiona, um tanto intimidador.

-Sinceramente, eu não entendo. Uma hora você diz que eu preciso me aproximar dela, em outra tudo que fazemos precisa ser questionado? Me poupe!- bufo.

-Um cachorro, Sabina? Era para você tomar um sorvete com ela, não dar um animal- ele aumenta o tom de voz.

-Gente, calma. Vocês vão assustar o cachorro assim- Joalin entra na discussão. -Bailey, você não vai devolver o cachorro. Óbvio que não! E saby, você deveria ter perguntado antes. Ele tinha um combinado com a Bella que ela só ganharia daqui um tempo.

-Não precisamos da sua ajuda, somos adultos, obrigada- falo, sem conseguir me controlar.

-Bella, me da essa cadela agora! Você está vendo a confusão que ela tá fazendo, precisamos devolver antes que não aceitem mais- ele tenta pegar mais uma vez, mas ela se encolhe ainda mais.

-Minha mãe comprou pra mim, papai! Você não pode tirar o presente que ela me deu! Ela me ama agora, e a Shelby é a prova disso. Não vou deixar você tirar minha cadelinha de mim- Bella sai correndo do quarto, deixando nós três perplexos com a fala dela.

-Viu? Você acabou de estragar o dia dos sonhos da nossa filha, parabéns- vou atrás de Bella, deixando os dois lá. Porque se eu ficasse, tapas iriam rolar.

-Bella?- chamo por ela, que responde com um sussurro.
Ela estava encolhida entre a minha cama e a parede. Cena que aquece o coração por ela ter escolhido, entre tantos ambientes dessa casa, o meu quarto para se esconder.

-Nós não vamos devolver a Shelby, tá? Ela é a nossa cadelinha, e nós duas vamos cuidar dela e dar todo o amor que ela precisa- sento-me no chão, junto à elas.

-Obrigada por defender a gente. Nós duas te amamos, mamãe - Ela me abraça, colocando shelby entre nós duas. Ali, naquele exato segundo, meu mundo parou. Meu coração deixou toda a raiva que existia nele de lado e se concentrou naquela simples palavra, naquele momento. Em nós duas.

Eu nem sei dizer o quanto que, sem perceber, eu esperava por aquele instante. Pelo dia em que seríamos oque já fomos um dia. Em que seríamos, finalmente, mãe e filha.

-Eu amo vocês ainda mais, filha!- beijo sua cabeça, deixando que nosso abraço durasse o máximo possível. Porque ele, com certeza, seria inesquecível para ambas.

Until the end - sabiley Onde histórias criam vida. Descubra agora