Capítulo 1.

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Bailey's (pov)
Bella, essa é a única parte que ainda tenho de Sabina comigo. Ela tem cinco aninhos, é uma menina feliz e muito parecida com a mãe. Em todos os sentidos. Seu nome foi escolhido por Sabina, seu sonho sempre foi ser mãe. E eu amava esse nome, porque beleza é uma coisa que não falta nela.

Quando Bella tinha um aninho, há quatro anos atrás, nós sofremos um acidente de carro voltando de viagem. Por sorte, eu e Bella ficamos bem, principalmente ela. Já Sabina... Está em coma desde então por ter batido a cabeça muito forte na hora da batida.Vamos visitá-la quatro vezes por semana, deixamos cartas, desenhos da Bella, tudo que possa fazê-la se sentir amada. Incrível como o tempo passa e ela parece ser a mesma de sempre, linda como a nossa filha.

-Papaiiii- vejo Bella correr até mim assim que abro a porta de casa após o trabalho.

-Vem cá, minha peanut- abaixo para abraçá-la. Dei esse apelido para ela desde que nasceu por parecer um amendoim embalado naqueles lençóis que Sabina a colocava.

-Já tomou banho e escovou os dentinhos, estava só te esperando para ler e colocar ela na cama. Só quis fazer isso com você- Joalin aparece. Ela, entre todos os outros, era a que mais me ajudava no dia a dia com a pequena por ser a melhor amiga de Sabina desde sempre. Acho que cuidar de Bella é uma maneira de ter a amiga sempre presente.

-Obrigada, Joalin! Você é demais. Até sexta então, te pego pra festa do Noah?- falo abraçando a mesma.

-Acho que vou com a Nour, mas combino com você direitinho depois. Tchau, minha princesinha, amo você - fala, dessa vez abraçando Bella.

-Tchau, tia Lin! Já vou ficar com saudade de você até sexta- Bella faz biquinho.

-É daqui a dois dias, meu amor! Mas também vou ficar morreeeendo de saudades de você- Joalin responde apertando ainda mais o abraço. -Vai lá com o papai, dorme com os anjinhos.
[...]
Acordo com um aperto no coração. Hoje é o meu aniversário de casamento com a Sabina. Seis anos de casados, mas apenas dois anos podendo aproveitar esse dia com ela consciente. As vezes perco as esperanças de que ela voltará para nós.

-Bom dia, papi!- Bella pula na minha cama, me fazendo esquecer de todos os pensamentos melancólicos que começavam a aparecer.

-Bom dia, minha vidinha- beijo suas bochechas rosadinhas. -Hoje vamos comprar flores para a mamãe, tá?

-Precisa ser rosas brancas, porque são as favoritas dela, né?- responde. Assinto, confirmando que aquelas eram realmente as flores favoritas de Saby. Bella sabe muita coisa sobre a mãe porque todos nós fazemos questão de conversar com ela sobre isso, já que ela não lembra de Sabina acordada.

-Vamos lá então?- pego ela no colo e a levo para arruma-lá.
[...]
-Bom dia, senhor Bailey! Bom dia, Bellinha!- a enfermeira que estava ajeitando os acessos de Sabina nos cumprimenta.

-Oi, Ceci! - Bellinha acena para a mesma.

-Tudo certo por aqui, Cecília? Porque aumentaram a quantidade de aparelhos nas mãos?- pergunto assustado.

-Tudo mais do que certo, senhor May. Hoje de manhã tivemos alguns sinais nas mãos dela, mas não quero iludi-los, não foi nada tão grande - Cecília olha para nós com pena, ela sabe que dia é hoje e que Sabina demonstrar sinais logo hoje iria me iludir muito.

-Espera, não foram espasmos?- pergunto só para ter certeza.

-Não, senhor! Não foram espasmos - ela fala dando um meio sorriso.

-Cecília, há alguma chance dela estar acordando?- pergunto com as mãos começando a tremer, por isso coloco Bella no chão e as flores na mesa.

-Não podemos afirmar algo tão grandioso assim. O médico a consultou e viu que quando ela consegue, movimenta os dedos que pedimos. Mas o quadro dela pode permanecer assim pelo resto da vida, o coma dela é muito grave, senhor Bailey- me explica enquanto ajeita as rosas e deixa o quarto.

-Mamãe, você pode apertar minha mão? - Bella tenta que Sabina siga os comandos. Mas nada acontece.

-Tenta de novo, princesa. Ela não deve estar te escutando bem- incentivo.

-Mamãe, aperta a mão aqui- a pequena tenta novamente. Mas Sabina continua imóvel.

-Vamos ter calma, Bella. As vezes ela não consegue apertar- explico, tentando minimizar a decepção dela.
Bella era completamente louca para que Sabina acordasse. Durante todos esses anos, ela sempre ficou triste porque todas as crianças tinham uma mãe e ela só tinha a mim. E ainda mais, várias vezes ela chegou em casa chorando porque outras crianças cismaram que a mãe não acordava porque não gostava dela. E óbvio que minha pequena acreditou.

-Ela apertou, papai, ela apertou aqui. Olha!- aponta para a mão de Saby que estava segurando.

-Ela apertou mesmo?- pergunto surpreso.

-Aham! Não foi igual antes, foi forte- fala, referindo-se aos espasmos que Sabina tinha as vezes.

-Saby, meu amor, aperta a minha mão - peço, olhando para seu rosto sereno.

Sinto, depois de quatro anos, o toque da minha Sabina. Pela primeira vez em muito tempo, ela estava, de algum modo, ali conosco.

-A gente precisa contar para a Tia Joalin, ela vai ficar muito feliz!- Bella anima-se. Agora vai sair espalhando para o mundo todo a novidade.

-Precisamos contar a todos, meu amor! Mas com calma, tá? Não é por causa disso que a mamãe vai acordar- falo, alisando o rostinho rosado da minha bela adormecida. Quem me dera tê-la de novo com a gente....

Until the end - sabiley Onde histórias criam vida. Descubra agora