Capitulo 10.

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Bailey's pov.
Eu sabia que esse plano não daria certo. Agora qualquer progresso foi por água abaixo.

-Pronto, ela já está medicada e vamos dar alta amanhã de manhã. Quero manter ela aqui essa noite para ter certeza de que a alergia já foi completamente contida- Sofya, que estava consultando Bella, afirma.

-Eu nem sei como te agradecer, Sofy- sorrio para a mesma.

-Um sorrisinho desse aqui já basta- olha para Bella, que sorria para ela. -Vou indo, me chamem para o que precisarem.

-Bailey, você precisa conversar com a Sabina. Quer que eu fique aqui essa noite com ela?- Joalin pergunta, alisando o bracinho da pequena.

-Tudo bem para você, filha?- pergunto e a mesma assente.

-Vamos ter uma girls night mais contida, mas prometo ser divertida- assim que Joalin fala, as duas fazem um high-five.

-Papai, você pode chamar a Sabina, por favor? Preciso falar com ela, acho que ela está chateada, mas não foi culpa dela- Bella pede, ainda meio fraquinha.

-Ela foi para casa, meu amor. Não está mais aqui- assim que eu falo isso, os olhinhos da pequena enchem de lágrimas.

-Tia Lin, você que vai ser minha mãe agora que a minha não quer mais ser? Porque meus amigos sempre falam que mãe cuida da gente quando estamos dodoi - Bella olha para Joalin, que me olha sem reação.

Aquela foi a frase que mais doeu em toda a minha vida. Em vinte e seis anos, eu nunca havia sentido isso que estou agora. Minha pequena não merece passar por isso. Não mesmo.

-Meu amor, claro que não! Sua mãe te ama, ama muito. Ela só tá precisando de um tempo para perceber isso. Mas logo logo, vocês vão estar juntas, tá?- Joalin alisa os cabelos de Bella numa tentativa de deixar aquilo menos pesado.

-Hoje foi tão legal antes disso acontecer. Pena que eu estraguei tudo- lágrimas saiam do rosto da pequena sem controle.

-Claro que não foi culpa sua, minha peanut. Não foi culpa de ninguém! As coisas acontecem, e nós precisamos lidar com elas- chego mais perto e beijo sua cabecinha. Bella é o meu mundo. Quando ela está mal, eu estou mal.

-Vai lá conversar com ela, papai! E diz para ela que eu a amo mesmo sem ela querer ser minha mamãe. E que não foi culpa dela- Bella fala para mim.

-Eu vou. Qualquer coisa me liga, Loukamaa. Amo você, minha pequena!- deixo um beijinho na testa dela e saio do quarto com o coração despedaçado.
[...]
A casa está em um silêncio terrível, que me corrói a cada segundo. Já adivinhando onde Sabina provavelmente está, tento ir o mais rápido possível até o nosso quarto, dando de cara com uma Hidalgo completamente abalada e arrumando uma espécie de mala.

-Oque você tá fazendo, Saby?- pergunto assustado. Sabina enfiava, literalmente, tudo dela dentro daquela mala de uma vez só.

-Eu não consigo, Bailey. Não mais- me olha com os olhos inchados, por causa das lágrimas que escorriam deles.

-Sabina, pelo amor de Deus, me explica o porquê dessa mala- me aproximo dela, a abraçando logo em seguida.

Desde que a conheço, isso sempre ajudou. Quando Saby fica nervosa, sempre deve-se abraçá-la, em qualquer situação. Isso, de alguma forma, ajuda muito para que ela se acalme (principalmente quando há lágrimas envolvidas).

-Bailey, eu não posso mais ficar aqui e esperar que algo aconteça na minha vida. Vocês dois não merecem isso! Eu preciso tirar um tempo para pensar, para deixar vocês viverem a vida de vocês. - pausa para me olhar nos olhos. -Por quatro anos, todos vocês viveram a minha vida por mim, e agora que eu estou aqui, vocês esperaram que eu fosse voltar a fazer tudo que fazia antes. Mas, infelizmente, eu não posso mais. E essa foi a gota d'água.

-E para onde você acha que vai de muletas e sozinha, Sabina? Pode desfazer essa mala aí. Você pode não amar mais ninguém se quiser, mas precisa ficar aqui, segura com a gente- aponto para a bagagem que já estava quase cheia.

-Liguei para minha mãe, tinha o número dela anotado desde que ela veio aqui. Vou ficar lá com eles, acredite, vai ser melhor para todos nós - alisa o meu rosto devagar, tentando me convencer de que aquela ideia estupida seria boa.

-Você não precisa fazer isso, Bina. Não fuja - toco em seus cabelos negros e macios, tentando convencê-la de que aquilo era uma completa babaquice.

-Preciso encarar minha vida, May. E não posso fazer isso aqui, não posso mais atrapalhar a vida dela. E a sua também...- me olha triste. -Eu quase matei a sua filha, Bailey. Eu sou horrível.

-Claro que não, meu amor! Você não sabia da alergia da Bella. Isso poderia ter acontecido com qualquer um- forço um mini sorriso para que ela entenda que está tudo "bem".

-Qualquer um que não a conhece nem um
pouco ao ponto de não saber sobre coisa mais básica sobre ela. No caso, a mãe maravilhosa que vocês insistem que eu sou- desvia o olhar de mim, voltando a enfiar algumas coisas dentro da mala.

-Não vou mais te impedir, Sabina. Se você quiser ir, eu mesmo te levo lá. Mas saiba que antes de eu sair do hospital, minha filha mandou dizer que te amava e que não era culpa sua daquilo ter acontecido. Ela te ama sim, ao contrário de você - viro de costas para sair do cômodo. Isso já era demais para a minha cabeça. -Quando acabar, avisa que eu pego a mala e coloco no carro.

Ela apenas assente, voltando a enfiar as coisas lá dentro e chorar.

Ao sair, consigo perceber que a única coisa em cima da mesinha dela era o porta-retrato que estava a foto dela grávida de Bella. De resto, ela havia colocado tudo para levar. Realmente, não posso mais forçar isso tudo.

Há alguns minutos atrás, eu até entendia (ou pelo menos tentava) entender o lado de Sabina, até porque, nenhum de nós pode medir a dor dela de acordar depois de quatro anos sem lembrar de boa parte da sua vida. Mas ela está irreversível , ela não se abre e nem faz questão de se aproximar da própria filha, mesmo que a menina a ame com todo o coração e faça de tudo para ver ela bem. Já deu para mim, não consigo mais fazer esse papel de neutralidade, não mais.

Until the end - sabiley Onde histórias criam vida. Descubra agora