Capitulo 24.

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Sabina's (pov):
Já faz uma semana que não tenho qualquer notícia sobre a Bella. Nada. Aquela carta é a última coisa que tenho dela comigo.

Ao menos, tenho o hospital para me manter ocupada. Tento ficar lá o máximo de tempo que consigo para não fazer algo de errado, pois o processo já está correndo na justiça. E ficar lá por tanto tempo tem ajudado com a minha reputação, todos ficam impressionados com a minha dedicação ao trabalho. Ah, se eles soubessem...

Pepe me contou que o advogado de Bailey é extremamente forte e famoso na região, o que me da certo medo. Mas sei que Krystian não me indicaria qualquer um, principalmente se tratando de Bella.

Bailey conseguiu excluir cada pessoa que poderia estar do meu lado da vida de Bella, então a pessoa mais próxima de eu conseguir algo seria Joalin, mas ela deixou bem claro naquele dia que não está interessada nisso.

-Sabina, você já sabe o vestido que vai para o casamento?- Sofya se aproxima de mim. A parte boa desse emprego é ter alguns amigos que trabalham aqui.

-Aham, mas não sei se estou muito afim de ir. Só vou porque ela esperou todos esses anos por minha causa- respondo. Mesmo que não seja uma época tão boa, não posso fazer isso com Sina.

-Você sabe que a Bella será a daminha, né?- ela sobe o olhar, que estava na prancheta, para mim.

-Sério?- a olho com um sorriso. Um ato de esperança e muita, muita saudade.

-Claro que vai. E acho que Bailey não vai mudar isso, porque está combinado há tipo... anos- ela responde.

-Mas e se ele não me deixar encostar nela?- pergunto, já sabendo que essa é uma provável ação dele.

-Arrumaremos um jeito, Saby, você sabe que ninguém vai te deixar na mão- ela me abraça de lado, como se estivesse me passando conforto.

Passar um final de semana na praia a apenas alguns quartos de distância do de Bella pode ser a minha melhor oportunidade para vê-la sem cometer erros. E sei que os meus amigos realmente me ajudariam a chegar perto dela.
[...]
Fecho a mala, mas não antes de colocar um caderninho de presente para Bella. Quero que ela escreva nele sempre que sentir minha falta, assim, um dia quando estivermos juntas, poderemos ler juntas.

No carro, está Krystian, Sofya e eu, mas como estou no banco de trás, tenho a oportunidade de ir olhando para a maravilhosa vista da praia até o hotel que seria o casamento. Esse sempre foi o sonho de Sina, e é muito gratificante poder vê-la realizando isso.

Observo o mar pela janela, aquela imensidão azul, talvez a única coisa que ainda seja a mesma desde que voltei do coma. Todo o resto mudou, eu mesma mudei.
Pensar que eu tinha a vida perfeita, a família perfeita, a casa perfeita. Eu havia conquistado tudo que sempre sonhei. Mas como qualquer coisa boa na minha vida, se desfez. Como num passe de mágica.

-Wow! Que lugar encantador- Sofya diz abrindo a porta do carro, assim que Krystian estaciona na frente da recepção. O hotel era enorme, e todo reservado apenas para o casório.

Puxo minha mochila e a mala, então desço do carro para adentrar o local. Daqui de dentro já dava para ver um pouco das piscinas, que são inúmeras e enormes. Fico só imaginando o quanto a Bella vai amar isso daqui.

-Vamos?- Sofya sacode os cartões do quarto na minha frente, já que iremos dividi-lo.

-Você pode subir com as minhas coisas? Vou ficar aqui um pouco- respondo.

-Sem cometer loucuras quando eles chegarem, por favor- ela pega minhas bagagens e começa a andar em direção ao elevador.

Eu me sento em uma das poltronas da recepção e apenas puxo o meu celular, se for para esperar minha pequena, posso passar o resto da minha vida sentada aqui.
[...]
Pessoas adentram esse hotel o tempo todo, tantas que já nem sei como caberá, mesmo o hotel sendo gigante. Mas nem sinal dos três. Sei que Joalin virá junto com eles, e a essa altura, nem me importo mais.

Quando já estou quase me levantando para ao menos buscar um copo de água, vejo Bailey caminhar até o balcão. Em seguida, Joalin com Bella em seus braços, dormindo. Não sei direito o porquê, mas aquilo mexeu com algo dentro de mim.
A minha filha estar dormindo em outros braços, e muito confortavelmente, talvez indique que ela já está habituada a isso. Mas é errado. Muito errado.

Ela está acostumada com a minha ausência. Eu estive muito pouco presente em sua vida, e aquele pedaço de cena, estava basicamente jogando isso em mim.

Joalin acena com um sorriso, enquanto Bailey nem sequer olhou para mim. Sorrio de volta para ela, e me aproximo devagar.

-Ela dormiu faz um tempo. Acho que não vai demorar para acordar- ela avisa.

-Posso dar um beijinho?- pergunto, com cautela.

-Claro- ela assente. Então, me aproximo e dou um beijo demorado em sua testa, trazendo um turbilhão de emoções para dentro de mim.

-Vamos. O quarto é o 303- ele se volta para Joalin e puxa as malas.

-Temos que ir....Mas nos vemos por aí- ela se despede e vai atrás dele.

Então eu fico lá. Estática. Sozinha. Mais uma vez, esperando por ela.
Sinto o olhar da moça do balcão de pena, mas se até eu estou com dó da minha situação, quem dirá ela.

-Pois é, a filha nem parece que é minha- respiro fundo e ela me olha com ainda mais tristeza, por agora saber do que se trata.
Caminho em direção ao elevador, já basta de humilhação por hoje.
[...]
Depois de algumas horinhas de sono, precisei acordar para irmos ao primeiro jantar com todos os convidados. As vezes me impressiono com a organização de Sina, pois estava tudo tabelado em uma prancheta no quarto para sabermos toda a programação.

Como não quero ter muito trabalho, coloco apenas um vestidinho solto e faço uma leve maquiagem, porque ninguém é obrigado a ver o cansaço dos plantões no meu olhar.

O restaurante mais parece uma praça de alimentação, de tão grande. E tudo extremamente chique e personalizado. Que sonho!

-Você não faz ideia do que é pra mim poder estar te vendo aqui- Sina me recebe com um abraço. -Por vários meses, pensei que isso fosse impossível.

-Vai parando, porque assim eu choro- tento engolir as emoções que queriam sair dos meus olhos.

-Tem uma pessoinha ali que estava perguntando por você - ela aponta para o canto esquerdo do local, no qual estava Bella sentada com os dois.

E ao contrário do que eu esperava, ela estava feliz. Sorrindo, contente. E os três pareciam uma família feliz, daquelas de propaganda.

Vou até eles com cuidado, para não assustar Bailey.

-Boa noite- cumprimento.

-Mamaaaae- Bella pula da cadeira e me abraça.

Aquele abraço de saudade, como se estivéssemos há meses longe. Respiro seu cheiro, de morango. Eu tenho uma filha com cheiro de morango. A minha fruta predileta.

-Depois daqui, quero conversar com você - Bailey, pela primeira vez, fala comigo. Assinto, mas só para não estragar aquele momento.

-Quer sentar conosco, Saby?- Joalin oferece.

-Não, obrigada. Acho que sentarei com o pessoal- prefiro negar. Não me sinto bem com o clima que está rolando entre eles.

-Posso ir com você?- Bella questiona.

-Você fica, Bella- ele fala com firmeza.

-Mas eu quero ir com ela- a pequena insiste, se afundando no meu pescoço.

-Você. Fica - ele retoma pausadamente.

-Bella, porque não vamos pegar sorvete? E daí quando terminarmos de comer, você fica cinco minutos com a sua mamãe lá na mesa dela- Joalin tenta achar um ponto intermediário.

-Combinado- ela salta do meu colo, não antes de me dar um beijo na bochecha.

Não sei  porque, mas me senti uma completa inútil. Como se eu fosse uma estranha, e eles os pais. E essa não é a primeira vez.

E apesar dessa colaboração, os cinco minutos que ela passou comigo foram contados no relógio por Bailey, então só deu tempo de abraçá-la e dar uns beijinhos. Nada mais. Como se a filha nem minha fosse.

Until the end - sabiley Onde histórias criam vida. Descubra agora