Capitulo 23.

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Sabina's (pov):
-Você é louca?- ele adentra o quarto, completamente irritado. O olhar que eu amo nele não está mais ali, é como se não fosse o meu Bailey entrando naquele cômodo. Seus passos são rápidos e barulhentos, pela fúria que transmitem.
E foi como um vulto, que ele arrancou Bella dos meus braços e deixou ela se debatendo nos seus, chorando por mim. Eu estava imóvel. Completamente paralisada.

Enquanto minha filha gritava pelo meu nome, Bailey só me encarava com o olhar mais repugnante que alguém poderia ter.

Eu não sei como, nem a que momento, mas Joalin me envolveu em seus braços e chorou junto a mim. Talvez por pena, não sei, ou simplesmente por nunca imaginar que chegaríamos aquele ponto ali.
O que mais doía em nós era ver que Bella, a única que não deveria sair com traumas, ser justamente a pessoa mais arrasada naquele momento.

-Eu sinto muito- ela sussurrava no meu ouvido e apertava mais o abraço.

Bailey se retira do cômodo com a pequena, e imediatamente faço o mesmo. Preciso protegê-la, é o mínimo que poderia fazer.

Assim que adentro o seu quarto, ela corre até mim e se aconchega em meus braços, me fazendo de refúgio. Bailey está sentado na cama dela, com a mão na cabeça.

-Joalin, por favor, tira a Bella daqui- Ele pede, e eu entrego a pequena a ela. Mesmo que bem menos, ela segue chorando, o que me deixa com o coração em mini pedaços.

-Você está louca?- ele repete a frase.

-Porque fica repetindo isso?- pergunto.

-Sabina, olha o que você está fazendo. Estás destruindo a nossa família- ele me encara, com o mesmo olhar de minutos atrás.

-Já não somos mais uma família, Bailey- encaro o chão.

-Você tem ao menos onde ficar bem?- pergunta.

-Aham- não dou muitos detalhes, tenho certeza de que ele só pergunta por educação. -Como vamos fazer em relação à Bella?

-Hãm?- ele me encara com dúvida.

-Digo, como vamos revezar os dias com ela- tento dar uma explicada.

-Sabina, você acha que vou revezar com você a guarda da minha filha? Ah, por favor! - ele ri sarcasticamente.

-Bailey, eu tenho direitos. Eu sou a mãe dela- respondo, começando a alterar o meu humor calmo.

-Há tipo, uma semana atrás. Porque antes disso, você se escondia da menina, não suportava a ter em casa - infelizmente, são fatos, nada que ele disse é mentira.

-Ela pode ao menos ir me ver?- pergunto.

-Não vou abrir mão disso. Não adianta. Se você quiser ir, fique a vontade. Mas a Bella só vai onde eu permitir- ele tenta sair do quarto, mas bloqueio sua passagem.

-Posso vir visitá-la?- pergunto mais uma vez.

-Se você sair por aquela porta, você estará automaticamente saindo da vida de cada um dessa casa. Então, não, você não será mais bem vinda aqui- ele tenta me empurrar para passar da porta, mas eu me fixo no chão, o que machuca meus braços envolvidos em suas mãos, deixando-os um pouco roxos.

-Eu quero divórcio, Bailey. Eu preciso da sua assinatura- finalmente, digo o que precisava ser dito.

-Mande os papéis para o meu escritório que assino tudo - ele fala com naturalidade, como se aquilo não significasse nada para ele. Prendo as lágrimas na garganta, impedindo-as de sair pelos olhos mais uma vez.

-Ok- digo com dificuldade.

-Tire tudo que é seu até eu chegar do trabalho amanhã. Incluindo a cachorra. Pode deixar que eu mesmo explico a Bella tudo, ela não precisa sofrer mais do que já sofreu desde a sua volta! - já que não tenho mais forças, ele me tira de seu caminho com facilidade, me deixando sozinha. Sento-me no chão, completamente paralisada e sem saber como reagir.

Talvez aquele ali tenha sido o momento mais paralisante de toda a minha existência. Mesmo que eu não lembre de parte dela, tenho certeza que nada foi mais intenso que isso aqui. Cada palavra dita por ele havia penetrado em minhas veias com uma intensidade que sou incapaz de explicar. Como se cada letra fosse uma agulha extremamente profunda e violentamente fossem injetadas em cada milímetro de mim.
[...]
Não esperei até de manhã para sair dali, seria muita humilhação. A única coisa que eu gostaria de fazer, era me despedir da minha pequena. Mas ele a colocou em seu quarto para dormir, o que a fez chorar por um tempão antes de pegar no sono. Um choro desesperador e que dava para ouvir do meu quarto.

A caminha de Shelby fica entre a minha e a de Bella, que se encontra vazia por tempo indeterminado. E infelizmente, não há nada que eu possa fazer para mudar a situação.

Já pensei umas trinta vezes em a sequestrar só nessa noite, mas em todas elas, desisti por saber que isso só vai piorar a nossa situação. Mas que eu adoraria, é uma pura verdade.

Como não dormi essa noite, estou preparando um café para estar preparada quando for conhecer a área que trabalharei no hospital mais tarde. Por sorte, só começo daqui dois dias, porque hoje não teria condições.

Mas para atrapalhar os meus pensamentos e meu silêncio, há batidas na porta.

-Joalin?- me assusto ao vê-la na porta.

-Não posso demorar. Mas precisava te entregar isso- ela puxa um envelope da bolsa e me entrega. -A Bella me disse para entregar isso aqui a você. Não sei o que é, e até pensei em não vir, mas não consigo negar nada a ela.

-Obrigada. De verdade- sorrio com sinceridade e puxo o envelope de sua mão. -Quer café?

-Estou atrasada para o trabalho. Mas obrigada!- acena e vai até o seu carro de volta.
Ela claramente não estava indo ao trabalho, pois sei que o seu horário é o mesmo que o de Bailey. Mas achei simpático ela não esfregar na minha cara que não está do meu lado da situação.

Olho o papel em minhas mãos, sentando-me pra abrir. Não sei o que há ali, mas todo o meu corpo está envolvido em uma tensão para descobrir.
É como se ali, estivesse a prova de que ela me amava.

Abro delicadamente o adesivo de coração que lavrava a borda do papel, onde tinha escrito "Para mamãe, com muito amor e saudade", daí as lágrimas novamente atacam os meus olhos, escorrendo pelas bochechas.

Puxo um dos objetos ali dentro, uma das pulseiras que ela gosta de fazer, após Krystian ter dando-lhe um kit disso. Mas essa é diferente, pois conta com um pingente no meio, igual ao que ela sempre está usando. Uma pulseira da amizade!

Em seguida, pego mais algo. Uma flor, do jardim que fica na frente da casa.

Por último, a carta. Que respiro fundo antes de ler.

"Mamãe,
Estou pedindo para a tia Lin escrever isso porque não sei escrever ainda. E preciso que você entenda tudo.
Eu estou com muita, muita saudade. Você é o meu Sol, minha felicidade.
Não se esqueça de mim, e nem deixe a Shelby esquecer também. Estarei esperando para te ver, mas o papai disse que não posso. Então te mandei essa pulseira para usarmos e dar um beijinho sempre que sentirmos saudade. E uma flor porque sei que você gosta dessas que ficam aqui.
Eu te amo com cada célula de mim. Aprendi o que são células na semana passada na escola. E acho que é esse o quanto amo você.
-Bella."

E para me fazer cair aos pedaços, um coração desenhado por ela no final da página, desenhado com um rostinho triste e a palavra saudade escrita errado, pois provavelmente ela havia feito essa parte sozinha.

Quem me dera ter coragem de ir lá e simplesmente fazer o que tive vontade a noite toda...

Until the end - sabiley Onde histórias criam vida. Descubra agora