Sobre a relva está o amor

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Yana passou as mãos nas costas de Kateryna, dando um abraço. Poderia se passar uma eternidade, ela nunca queria que acabasse.

Elas se afastaram, com a respiração ofegante. Yana sentia o leve gosto de vinho em sua boca, como uma lembrança daquele momento para sempre. Não imaginava que beijar outra pessoa trouxesse tantas sensações ao mesmo tempo.

Kateryna percebeu que os olhos de Yana estavam úmidos e rapidamente se levantou.

-Me desculpa Yana. Você deveria ter me parado. Eu não queria de nenhuma forma forçar você a fazer isso. Me perdoa.

Um soluço escapou de Kateryna e ela começou a chorar enquanto ainda pedia desculpas repetidamente, com a cabeça baixa.

Enquanto Yana ainda estava atordoada pelas sensações que vieram com o beijo, não conseguiu responder imediatamente as desculpas de Kateryna.

-Eu bebi demais, você deve estar achando que fiquei maluca. Está tudo bem se você querer se afastar de mim...

Kateryna foi cortada pelo abraço que recebeu.

-Não diga isso... nunca mais diga uma coisa dessas, você não é uma maluca. Kate...eu acho... que nunca fiz algo tão bom assim na minha vida. Eu gostei, eu realmente gostei.

Kateryna ainda continuou a chorar abraçada com Yana. Se sentiu culpada pelo que ela nutria por sua amiga, sentiu culpa por um momento de fraqueza expor seus sentimentos e condenar Yana.

-Yana você precisa saber, você merece saber.

-Kate você pode me dizer o que quiser, você pode confiar em mim, assim como posso confiar em você.

Kateryna saiu do abraço e olhou para Yana, ela estava com um sorriso encorajador, querendo mostrar que não precisava ter medo ali.

-Yana a algum tempo atrás eu venho sentido certas coisas... é um sentimento tão grande que não consigo fazer com que caiba somente em mim, não é um sentimento que eu acho que normalmente amigas sentem uma pela outra. o que eu sinto é um sentimento que homem sente por sua esposa. Yana, eu te amo.

Yana estendeu suas mãos e enxugou com as pontas dos dedos, as lágrimas que transbordavam dos olhos de Kateryna.

-Kate, eu nunca vi o amor entre um homem e uma mulher, já vi outras coisas, mas amor nunca...Por muito tempo eu me perguntei se duas pessoas realmente poderiam se amar, ou se era tudo uma invenção.

Yana não sabia muito bem o sentimento de amor. Tudo que ela tinha visto eram os livros de contos de fadas, onde o amor era descrito como um sentimento eterno e era seguido de um casamento. Mas na vida de Yana ela nunca viu tal amor, mesmo entre as pessoas casadas, nunca viu o amor entre sua mãe e seu pai.

-Kate, eu não sei muito bem o que seria o amor. Contudo, se fosse para casar com alguém eu gostaria que fosse com você.

Kateryna abraçou Yana novamente, ela iria tentar de todas as formas demonstrar o amor que sentia, ensinaria a Yana o verdadeiro amor.

-Já que diz isso, posso fazer um pedido? Eu quero cortejá-la Yana.

O semblante de Yana se tornou triste. No fundo gostaria de estar em um cortejo com Kateryna, mas talvez isso não fosse possível.

-Kate..eu gostaria, mas não podemos, nossas famílias não iriam aceitar, nunca vi duas garotas se cortejando. Não posso apresentá-la a minha família para pedir a benção.

A tradição era que para um cortejo acontecer o pretendente deveria ser apresentado e as duas famílias deviam dar a benção. Nesse caso, Yana tinha plena convicção que não seria aceito por nenhuma parte.

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