Uma casa no meio do nada

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Dois dias se passaram, Yana e Kateryna andavam o dia inteiro e com sorte encontravam pequenas aldeias em que os moradores davam a elas um pouco de pão.

Entretanto, hoje não foi um dia de muita sorte, já era tarde e nem sinal de alguma aldeia por perto.

-É melhor a gente parar Yana, não vamos encontrar nada mais pela frente.

-Precisamos encontrar um lugar para ficar.

Uma rajada de vento frio passou por elas, fazendo com que se arrepiassem. O inverno estava se aproximando e os dias ficaram cada vez mais frios.

-Não vamos arriscar ir mais longe, melhor nos prepararmos para ficar aqui e amanhã cedo continuarmos.

Seus pés já tinha adquirido calos e bolhas e suas pernas doíam, a cada dia que se passava precisavam descansar mais para conseguir continuar, somente dois dias de viagem exigiu muito delas.

Ficar em um lugar deserto ao ar livre não era a melhor das opções, mas era o que podiam ter no momento.

Kateryna abraçou Yana e apoiou a cabeça entre o vão do pescoço.

-Sei que pode parecer assustador para você Yana, para mim também é. Essa noite não teremos um teto sobre as nossas cabeças, me perdoe por isso Yana, você merece muito mais do que isso.

Yana levantou sua mão e acariciou os cabelos ruivos de Kateryna como sempre gostava de fazer para confortá-la.

-Não é a sua culpa Kate, não se sinta mal. Para mim qualquer lugar está bom, desde que eu tenha você comigo. Faremos o nosso melhor para passar a noite e amanhã será outro dia.

No fundo Yana admitia que sentia medo. Porém no momento em que estavam, se uma fraquejasse a outra devia ser forte para apoiar. Kateryna já foi forte por muito tempo, durante todos esses anos ela cuidou dela e a confortou. Era o começo de uma nova era e Yana também precisava ser mais forte, se ela cair agora, elas não conseguiriam prosseguir.

Durante esses dois dias ela pode aprender muito mais sobre si mesma do que em toda a sua vida. Pode reparar no que ela vivia dentro de sua casa era diferente das outras famílias, as filhas não aparentavam ter medo do pai, até se abraçavam e eram cuidadas com afeto...

Yana afastou esses pensamentos e foi ajudar Kateryna a montar um acampamento improvisado para aquela noite. Conseguiram juntar um pouco de madeira seca para fazer uma fogueira. Os dias estavam ficando cada vez mais frios, Yana esperava chegar até Kiev antes do inverno começar.

A noite caiu, a floresta estava escura, mas a fogueira estava acesa e irradiava calor para seus corpos.

Kateryna e Yana se abraçaram para manter o calor.

Kateryna desde de manhã cedo não conseguiu frear o sentimento de culpa que se instalou no seu coração. Imagens de Yana sendo colocada para fora de casa, da senhora Poliakova impedindo o pai de Yana de machucá-las, sofrendo as consequências e agora de Yana ao seu lado sem nenhum tipo de proteção, a afligiam. Se pudesse voltar ao passado teria tentando de alguma forma tirar Yana daquela casa e a mudar para um lugar seguro previamente preparado. Desejava chegar a Kiev o mais rápido possível para poder se instalar em uma casa junto a Yana.

Kateryna fechou os olhos e tentou descansar, amanhã elas ainda teriam um longo caminho.

Na manhã seguinte o frio estava mais intenso, um claro anúncio da chegada do inverno.

Quando elas se levantaram viram pontos brancos no chão da floresta. Tinha começado a nevar.

-Está começando a nevar, precisamos ir logo.

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