Agora somos só eu e você.

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-YANA!

Seu corpo congelou quando escutou seu pai esbravejar.

Ela tirou a capa que estava bordando para Kateryna do seu colo e correu para a sala.

Seu pai estava parado em frente a porta, ela podia ouvir vozes do lado de fora.

-Senhor.

O olhar duro foi direcionado a ela.

Se aproximou de cabeça baixa. Quando olhou para fora sentiu que poderia morrer ali mesmo.

O pai de Kateryna estava a segurando pelos cabelos e arrastado até a frente da sua porta, Kateryna gemia e o arranhava tentando escapar, marcas vermelhas enchiam os braços do senhor, mas ele não a soltava por nada.

Quando os olhares se cruzavam Kateryna ficou ainda mais furiosa tentando escapar, seu pai começou a ter dificuldade para segurá-la.

Yana estava em choque. Por quais motivos o pai de Kateryna estava segurando daquele modo? Em sua cabeça passando por mil probabilidades do que pudesse estar acontecendo, uma fez sentido, elas haviam sido descobertas.

Uma pequena multidão se reunia em volta, assistindo a cena sem intervir.

Yana continuava atordoada, um arrepio passou por seu corpo quando seu pai falou nervoso.

-Yana, rumores começaram a se espalhar pela aldeia de que você e a filha dos Kolesnikova estariam cometendo atos libidinosos em público. Isso é verdade ?

O olhar de seu pai era assustador, ele queria a verdade.

Yana começou a ofegar e a tremer. Não sabia o que poderia dizer, sua voz estava travada e não saia e mesmo estando no final do outono, podia sentir que começava a suar. Ela precisava mentir, precisava salvar Kateryna, mesmo que a custasse algumas chibatadas. Seu pai não tirava os olhos dela, como se pudesse ler seus pensamentos.

-É mentira!

Kateryna gritou. Ainda estava sendo segurada, sem tentar lutar dessa vez. Yana agradeceu internamente por Kateryna dizer.

-Então quer dizer que esses rumores saíram com o vento?

O pai de Yana questionou Kateryna. Seus cabelos foram puxados com mais força e um gemido de dor saiu dos seus lábios.

-Eu admito, eu estava beijando uma garota, mas não era Yana. Yana é somente a minha amiga, eu nunca poderia fazer isso com ela.

Não. Kateryna não poderia tomar a culpa somente para ela. Não era justo que sofresse as consequências por Yana. Não foi somente Kateryna que havia decidido o início daquela história.

-Como eu disse senhor Kolesnikova, minha filha não saiu de casa quando os rumores começaram. Yana está de casamento marcado, ela é uma moça instruída.

Seu pai dizia com orgulho. Era isso, seu pai só se sentia orgulhoso com o casamento ou quando Yana sentia tanto medo que a deixava paralisada, isso era o motivo de orgulho.

-Você me envergonha Kateryna, não é mais bem-vinda em minha casa. Vá viver com os porcos.

Ele soltou os cabelos dela com força a empurrando para o chão. Kateryna caiu de joelhos, mas se levantou rapidamente.

Yana não aguentava ver aquilo, ela estava...ela estava..com raiva. Esse sentimento borbulhava dentro dela, deixando-a quente e com o coração acelerado. Ela queria gritar bem alto, tirar Kateryna dali e dizer a todos que a amava e que ninguém tinha nada haver com aquilo. Yana fechou sua mão em punho com as unhas entrando em sua carne, tinha que se controlar e pensar em algum modo de tirar Kateryna daquela situação. O desespero ocupava espaço com a fúria, seu tempo estava acabando, tinha que resolver o mais rápido possível o que ela iria fazer.

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