Punição divina ?

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Mais alguns dias passaram. Yana não sabia mais o que fazer. Kateryna estava sucumbindo, seu corpo se tornou muito magro e fraco, mal conseguia se alimentar. O chá de salgueiro branco não aparentava mais fazer efeito. A tosse era constante e Kateryna perdia muito sangue, se mover ou falar causava muita dor e por várias vezes tinha desmaios por causa da febre que nunca ia embora.

Yana estava ajoelhada ao lado de Kateryna, limpando o sangue do seu rosto, após uma crise de tosse seguida por um desmaio.

-Kate...por favor, esteja comigo, seja forte.

A aparência de Yana era de uma pessoa exausta, olheiras adornavam seus olhos pelas noites mal dormidas, repletas de profunda preocupação. Sua pele estava avermelhada e descascava por causa das queimaduras do frio.

Yana se levantou e foi para o lado de fora da casa, andou alguns passos na neve e caiu de joelhos.

-AAAAAAAHHHHHHH!!!!!!!!!!

Yana gritou, gritou com todas as forças, gritou como nunca tinha gritado em toda a sua vida, gritou até sua garganta ficar dolorida. Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

Sua testa encontrou a neve. Já não aguentava mais toda essa dor que tentou segurar. A cada dia que passava Kateryna a deixava, e a verdade era que ela não podia fazer absolutamente nada para impedir, estava de mãos e pés atados, estavam presas no meio do nada. Talvez fosse a hora de ver a realidade que se mostrava diante dos seus olhos. Kateryna estava extremamente doente, sem sinal de uma possível recuperação.

E ainda se preocupava com a sua família, principalmente com sua mãe. Tentou jogar esses sentimentos para baixo e guardá-los em seu coração, mas todos os dias pensamentos sobre aquele dia martelavam sua cabeça.

Kateryna disse que ela havia se tornado mais forte, mas sentia-se cada vez mais fraca e incapaz. Era incapaz de impedir o que estava acontecendo com Kateryna. Ela não estava conseguindo mais lutar por elas. Via a cada dia a vida de sua amada escorrer por entre seus dedos e a única saída era entregar-se perante a morte e ao destino.

-Deus...isso é uma punição? Por eu ter deixado minha casa? Por eu ter desonrado um casamento arranjado e pretender ter uma vida ao lado do meu verdadeiro amor? Eu pedi tanto...tanto para que cuidasse de nós e me desse forças. Por que...por que... está tirando Kateryna de mim? Eu não quero...viver sem ela.

Yana começou a soluçar e a tossir em meio ao choro. Não sabia a quem culpar, Deus ou ela mesma.

-Deus tenha misericórdia de mim, se for para levar Kateryna... leve a mim também... eu a amo tanto, mais do que a mim mesma.

Quando Yana abriu os olhos e tentou focar sua visão turva pelas lágrimas, viu a neve manchada de vermelho. O vermelho do seu próprio sangue.

Yana sentiu o gosto ferroso em sua boca e tocou seus lábios, em seus dedos tinha sangue espalhado.

Então era isso, provavelmente ela havia pegado a mesma doença que Kateryna. Estava tendo tosse a poucos dias atrás, mas somente agora que o sangue vieste.

O tempo estava muito frio, a neve começou a se tornar um grande incômodo para a sua pele. Yana resolveu se levantar e entrar novamente na cabana para se aquecer um pouco e ver como Kateryna estava.

Quando entrou na cabana, foi recebida por um gemido.

-Kate!

Yana foi imediatamente para o seu lado, Kateryna estava com os olhos abertos olhando para ela.

-Você acordou...eu já estou aqui. Espero que esteja se sentindo melhor.

Yana não queria forçar as palavras de Kateryna, ela sabia o quanto doía para dizê-las.

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