** MARATONA DE CAPÍTULOS **
Presentinho para o fim de semana de vocês! De hoje a segunda-feira, vou publicar um capítulo por dia, sempre, às 19h ❤
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Heloísa
Faz horas que estou encolhida embaixo do cobertor, deitada na minha cama, com as mãos sobre minha barriga, protegendo meu bebê.
Toby está sentadinho no chão, olhando-me no escuro, como se quisesse me oferecer conforto e proteção. E meu amigo querido está conseguindo me fazer sentir protegida e amada. É graças à sua companhia que não estou me entregando a um choro convulsivo. As lágrimas escorrem silenciosamente pelas laterais do meu rosto.
Não posso chorar alto. Além do risco de prejudicar o desenvolvimento do meu bebê, temo afetar a saúde da minha avó. Ela está dormindo na cama ao lado. Depois de me embalar por um tempão em seus braços, pedi-lhe que fosse descansar. Vó Carlota não poderia e nem deveria passar por tanto estresse.
Nem eu.
Viro-me de lado, acariciando meu ventre ainda plano, por baixo da blusa do meu pijama. Deve estar perto da meia-noite. E só comi as bolachinhas no hospital. Pensei que não fosse mais ter fome. Mas estou varada de fome agora! E não posso me alimentar. Arcanjo me trancou junto com vó Carlota no quarto. A fechadura foi destruída pelo Marcelo. Mas os dois demônios deram um jeito de colocar algum móvel contra a porta para que eu não conseguisse abri-la.
Cê tá de castigo até amanhã de manhãzinha, quando vai ordenhar as vacas, sua rapariga marcriada.
O crápula me disse essas palavras quando arrancou o celular da minha mão, enquanto eu ainda estava falando com o Domenico.
Domenico.
Deito de costas novamente. Um sorriso desponta, descomprimindo meu coração. Eu consegui falar com meu Órion.
Seu Órion, Heloísa?
Sorrio mais um pouquinho. Secretamente estou chamando-o desse jeito, desde o momento que ele falou meu nome, assim que me reconheceu, com tanta... reverência. Primeiro, pensei que Domenico não se lembraria de mim ou fingiria que não se lembrou. Depois, tive medo de ser tratada mal.
Mas...
Ele pareceu muito preocupado comigo. Apesar de que eu me aterrorizei com a quantidade de palavrões que o homem falou quando soube que será pai... Foi o susto, imagino. Também estou assustadíssima com essa gravidez, mas tive três dias para processar essa notícia. Fui obrigada a despejar no "colo" do cara tudo de uma vez: que vai ser pai e que nosso filho está em perigo.
Será que Domenico virá até a fazenda?
É a minha grande esperança.
É lógico que não vou me casar com o fazendeiro vizinho que tem idade para ser meu avô. Mas não há dúvida de que preciso fugir daqui rápido. Com ou sem dinheiro. Só não sei como vou conseguir levar a vó Carlota comigo. Uma fuga improvisada, em condições precárias, pode ser... fatal para ela.
— Não vou poder te levar quando eu sair da fazenda com a vó Carlota, meu amigo — sussurro para o Toby, girando o corpo em sua direção. — Mas o Marcelo vai cuidar de você. Ele é um fofoqueiro, traíra e puxa-saco... só que ele gosta de verdade de você. E vocês são bons amigos. Você vai ficar bem.
Uma lágrima desliza solitária pela lateral da minha bochecha. Em São Paulo, eu não tinha cachorro, porque a vida era difícil. Meu pai ganhava pouco como mecânico; minha mãe e minha avó nunca trabalharam; e meu avô não parava nos empregos. E depois que papai morreu, um ano depois de vovô, as coisas ficaram ainda mais complicadas. A pobreza no Brasil passa de pai para filho.
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Quando o amor chegou [DEGUSTAÇÃO]
RomanceEla é luz. Ele está perdido na escuridão. Prestes a completar 36 anos, Domenico Vieira Souto construiu uma carreira sólida na advocacia, comandando, ao lado da irmã, um escritório especializado em direito empresarial, na Avenida Paulista. Carregando...