08 | bailando

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     ENVOLVIDOS PELA MÚSICA E PELAS CONVERSAS dentro e fora da casa, eu e Max permanecemos no balcão. Sem dizer nada, apenas nos encarando e bebericando nossa bebida. É tão esquisito como me sinto confortável com a forma como ele me olha mesmo tendo nos conhecido de verdade há pouco mais de doze horas… É mais esquisito ainda como não quero sair da nossa bolha e fico frustrada quando Océane surge ao nosso lado e nos força a deixar o balcão para trás.

Estávamos tão próximos um do outro que algo dizia que iríamos nos beijar. Mas aí ela apareceu.

— A Ava pediu para chamar vocês. — ah. — Parece que é alguma coisa relacionada a uma dança que vocês sabem, sei lá. Eu nem estava aqui. Apareci agora e ela me pediu para te buscar.

Concordo e permaneço no encalço de Océane. Ela nos leva para a área externa, onde a maioria dos presentes agora está. Vejo Ava conversando com três mulheres morenas muito bonitas e a chamo com um aceno. Minha prima caminha saltitante até mim e pela forma como sorri logo constato que quer me pedir algum favor. Eu apenas pisco e ela está me abraçando como uma criança cheia de manha.

— Não, eu não vou fazer o que você quer. Nem adianta insistir.

— Você nem sabe o que é.

— Não importa — dou risada. — Aposto que é alguma coisa maluca.

— Não seja tão ruim, Lee. — ela ergue o rosto e me encara fazendo beicinho. Me vejo forçada a rolar os olhos. — Estavam tocando Bailando — diz. — Mas eu pedi para pararem enquanto você não chegava. Queria dançar com você.

Ainda que deseje me manter séria, não sou capaz de manter a pose. O brilho em seu olhar indica que ela está relembrando os velhos tempos, a época em que éramos adolescentes e eu fazia aula de dança com ela apenas para não deixá-la sozinha com a megera da professora e nós dançávamos Bailando do Enrique Iglesias como uma forma de distração após longas horas de ordens e passos repetitivos insuportáveis. Era nosso momento, e de tanto praticarmos aquela coreografia, coreografia que nós mesmas inventamos, nos tornamos especialistas nela.

— Ava… — resmungo.

— Por favor. — ela implora e se afasta de mim. — Quer dizer, eu não vou dançar com você de verdade, sabe. Meu par vai ser o Lando e tal, mas vamos estar juntas. Faz tempo que não fazemos isso, Lee.

Não sei se quero me atirar de uma ponte ou atirá-la de uma ponte. Porque a forma como faz o pedido torna impossível que minha resposta seja negativa. Além do mais, todo mundo parece estar esperando por minha resposta.

— Tudo bem — passo a mão pelo pescoço, Ava se afastando ainda mais e dando pulinhos de alegria. — Mas não me peça mais nada pelos próximos três meses.

— Dois meses.

— Três. — reafirmo.

— Dois e meio e não se fala mais nisso.

Mais uma vez ela sai ganhando.

Ava me dá as costas e vai em direção a Lando, que parece tão atordoado com o que está prestes a fazer quanto possível. Noto que basicamente todos estão com um par, o que me faz crer que Ava enlouqueceu de vez e quer dar uma aula de dança no meio de uma festa. Bom, contanto que ninguém se lembre disso na manhã seguinte, por mim está tudo bem.

Coloco a taça que ainda está em minha mão em uma mesa situada em um canto sem movimento e sorrateiramente caminho até Max. Ele está tão concentrado no celular que não nota minha chegada. Toco a tela do aparelho apenas para chamar sua atenção.

— Você vem comigo. — digo, agarrando sua mão e tirando-o da parede.

— Do que você está falando, Aileen?

Natural Nonsense | Max Verstappen ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora