Estranho

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— Hugo? Hugo? Posso entrar?

— Pode entrar Harry!

— Como já está tarde, vim saber se está tudo bem com você!

— Eu estou bem. Só acabei dormir demais porque estava muito cansado.

— Não tem problema, amigo! o importante é que você esteja bem.

— Obrigado pela preocupação. Harry, tenho algumas coisas para te perguntar.

— Fica à vontade, pode perguntar.

— Primeiro de tudo, quanto tempo ficaremos aqui?

— Tempo? Mais ou menos 1 mês até a poeira abaixar

— Tudo isso? Este lugar é confiável mesmo?

— Sim! Sei que é muito, mas isso é apenas para sua segurança.

— E por que não viemos direto para cá, já que aqui é confiável?

— Porque.... Porque... eu queria conversar com você sobre algumas coisas antes de vir para cá...

— Bom... já que estamos aqui, pode falar!

— Agora não dá. Vou ter que sair daqui a pouco e resolver algumas coisas pendentes e quando eu voltar, nós conversaremos.

— Sair? Como assim, sair? Você vai me deixar aqui nesta casa? Nós mal chegamos e você já vai sair? Nesta casa onde eu não me sinto muito à vontade, principalmente por causa do tal Pedro.

— Será preciso, Hugo, pois tenho muitos assuntos pendentes. Pedro ficará aqui com você. Como eu já disse ele é meu amigo, então, você pode confiar nele.

— O Pedro confiável? Que ótimo! Lógico que confio muito em alguém que acabei de conhecer! Aliás, eu mal confio em você. Sendo bem sincero Harry! Não dá pra simplesmente confiar em um cara totalmente estranho.

— Eu sei que você não acredita em mim, porém, depois que eu voltar, a gente conversa melhor. Tenho certeza que você vai confiar em mim, o que eu tenho para te dizer é uma coisa incrível.

— Sei... mas o que você vai fazer que eu não posso ir junto?

— Bom é que... são uns assuntos que o Pedro me pediu. Além do mais, quero que você descanse bem. Depois de tudo que aconteceu ontem à noite, você deve estar precisando. Eu já estou indo. Apenas vim te avisar. Deixarei com você uma toalha, sabonete, escova, pasta de dentes e roupas limpas. Tchau, Hugo! À noite estarei de volta.

Ele saiu apressadamente. O que faria e por que não fizera antes? Ou melhor, por que o próprio Pedro não faria seja lá o que tivesse de ser feito? O questionaria quando ele retornasse. Àquela altura, o melhor seria levantar, escovar os dentes, tomar um bom banho e um merecido desjejum, se é que havia algo nesta casa, pois nem sequer energia havia!

Levantei da cama, apesar de ter acordado,  ainda estava com um pouco de sono. Fui até o banheiro fazer o meu asseio matinal, a água estava congelante por causa da falta de energia, isso foi até bom, pois serviu para acordar de vez. E então eu ia descer para tomar café, contudo, tive uma sensação estranha. Me senti meio enjoado. Sai do quarto, ontem eu tinha conseguido reparar na casa pela falta de luz nela, mas havia um corredor. O quarto ao qual estava instalado ficava no começo dele, e no final dele, havia uma porta selada com madeiras e um cadeado. Era estranho, pois, além do quarto no qual eu dormi, aquela era a única coisa que naquele corredor, que ficava no andar de cima da casa. Comecei a me perguntar onde Harry e o tal Pedro dormiram? Teria sido em algum quarto no andar de baixo?

Desci as escadas. O silêncio imperava soberano no local. Ao chegar à sala notei que não existiam móveis. Um simples sofá, talvez? Que nada! Pleno deserto! Para onde o Harry me trouxera? Fui até a cozinha procurar algo para comer... se é que encontraria alguma coisa.

Na cozinha havia alguns quadros com uns panos por cima, dezenas de velas apagadas, umas caveiras. Isso mesmo! Caveiras! Seria meio idiota da minha parte dizer que elas eram assustadoras, todavia, qual caveira não era?

Procurando em um armário que havia ali, consegui achar dois pães, entretanto, eles não pareciam estar bons, mesmo assim, acabei comendo por causa da fome. Se passarei mal mais tarde que seja de barriga cheia. Andei pela casa tentando encontrar alguma coisa nela. Já constatei que na sala não havia nada, na cozinha, pouca coisa, além do quadros, caveiras, velas e um armário com alguns suplementos em lata. Então, subi novamente pensando onde estaria o Pedro? Ele não poderia ter ido com Harry, já que ele disse que o Pedro ficaria comigo na casa, onde ele estaria agora, afinal de contas?
Como eu não conhecia quase nada na casa e não tinha muita coisa nela resolvi não bisbilhotar muito, apesar de estar muito curioso. Subi novamente ao meu quarto, só que antes de entrar nele, olhei para a porta trancada, e a curiosidade já estava me matando, fui até ela. O que eu gostaria, na verdade, era saber por qual motivo ela estava daquela maneira. Ao chegar bem próximo à porta, notei que o cadeado estava apenas de enfeite. Retirei as madeiras empurrei-a um pouco, tendo a mesma sensação estranha que tive antes de sair do meu quarto, o mesmo enjôo.

Quando eu ia entrar no misterioso quarto, uma mão pesada tocou meu ombro, acabei tomando um susto e me virei dando de cara com um indivíduo alto de óculos pretos, uma touca à cabeça, também preta. O lado direto do rosto era queimado. Ele falou comigo, com sua voz grossa e assustadora. Me borrei de medo. Afinal quem seria aquele sujeito?

— Oi, Hugo. O que você estava fazendo?

— Nada demais! Estava apenas conhecendo a casa. Queria saber o que tem nesse quarto... mas vem cá afinal, como você sabe meu nome? Quem diabos é você? E eu agradeceria se tirasse a sua mão do meu ombro, está começando a me machucar.

— Me perdoe. Eu sou o Pedro. Quero te dar um aviso, nunca mais tente entra aí. Se fosse para as pessoas saberem o que tem ai dentro, não estaria trancada.

— Pedro? Nunca achei que diria isso, mas fico feliz em te ver e finalmente ver o seu rosto. E pode deixar! Não tentarei entrar novamente. Mas me conta, onde você estava? Procurei por você, mas não consegui achar. Como você chegou aqui tão rápido e sem que eu conseguisse te ouvir?

— Isso não importa! Venha. Vamos descer e conversar lá embaixo.

Eu desci, mas ele ficou para fechar novamente o quarto. O que tem lá dentro? Fiquei ainda mais curioso. E mesmo tendo falado que não faria aquilo novamente, e eu com certeza, tentaria ver o conteúdo daquele cômodo. Esperei Pedro descer na sala para conversar o que não demorou muito. Ele vai até a cozinha e volta com dois bancos feitos de madeira. Confesso que ele os escondeu bem até demais ou eu que não olhei direito. Ele coloca um de frente ao outro senta em um deles e diz para que eu me sente no outro e assim o faço, ficamos uns minutos sem falar nada, porém como isso estava me incomodando resolvi falar.

— Ainda bem que era você. Tomei um baita susto quando você tocou meu ombro. Quando me virei e te vi não tinha te reconhecido. Quando cheguei ontem você estava com um capuz mal dava para ver seu rosto. Por que você o esconde?

— Não gosto muito de mostrar meu rosto, porém o Harry disse que eu o assustava portanto resolvi tirar.

— Como se isso adiantasse algo! — Murmurei.

— O que você falou?

— Nada, não! Eu só perguntei se você sabe para onde o Harry foi...

Mesmo sem capuz esse cara me causa medo.

— Ele foi resolver um assunto que eu estava querendo resolver, mas não tinha tempo para isso, como ele estava me devendo um favor, pedi para ele ir em meu lugar.

— E que assunto seria esse?

— Você não precisa saber. — Ele levantou e começou a caminhar de lado ao outro.

— Tudo bem, cara! Não precisa ser ignorante! Eu apenas perguntei por curiosidade, me desculpa. — Eu estava completamente paralisado de medo naquele momento.

Ele parou de andar e se sentou novamente, ficamos ali em silêncio. Eu até tinha bastante coisa para perguntar. Queria saber onde ele e o Harry dormiram, mas não me sentia muito à vontade para conversar com ele. Resolvi esperar o Harry. O silêncio, perto daquele cara, só me fazia ter mais medo dele.

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