Novo Mundo DEGUSTAÇÃO

A Vila

Por quanto tempo aquele homem ficaria me olhando em silêncio? Tá eu sei que ele é assustador falando, mas em silêncio é pior ainda. Não estava aguentando aquele olhar. Daria uma volta para conhecer melhor o lugar e também ficar longe dele.

— Então..... Pedro... sabe o que é, não conheço esse lugar direito, pensei então dar uma volta.

Ele fixo o olhar em mim aquele olhar de poucos amigos e me respondeu:

— Não. Você não pode ir lá fora.

— Por que não não posso? — Qual é a desse cara?

— Harry disse para você não sair porque tem gente atrás de você. Além do mais, você não conhece o lugar. Dentro dessa casa é o único lugar seguro.

— Quem está atrás de mim? Ele me disse que tudo aqui é seguro!

— Ele me disse que as mesmas pessoas que estavam atrás de você lá na casa podem estar atrás de você agora, e como eu disse, apenas aqui é seguro.

— EU VOU SAIR DE QUALQUER JEITO! — falei em um tom alto e fechei meus olhos torcendo para que ele não resolva me bater ou fazer alguma coisa pior.

Como não ouvi nada, abri os olhos lentamente. O homem mantinha-se lá, sentado, olhando para mim em silêncio.

— Qual é, não vai dizer nada? — o que deu nele? Bom... não importa agora. Vou aproveitar esse momento para sair daqui.

Fui chegando bem perto porta, mas ele simplesmente permaneceu lá, estagnado. Esse tal Pedro parecia um boneco assim sem mover-se e sem dizer algo.

Pelo menos eu conseguiria sair. Não aguentava ficar nem mais um segundo naquele ambiente. Estava sufocado.

Sai e fui conhecer um pouco os arredores. Sabia que era meio louco e imprudente da minha parte sair por um lugar que eu não conhecia, e pior, com pessoas atrás de mim. Por que será que eu parecia ser alguém tão importante para eles? Harry, com certeza, sabia e ele teria muito tempo para m responder todas as minhas dúvidas assim que voltasse.

Fui andando pela vila, contudo, não havia ninguém na rua. Nem sequer um barulho! O mais estranho é que ainda era cedo e o sol ainda não tinha se posto ao horizonte. Mesmo sobre tais circunstâncias, continuei caminhando até que vi uma casa com a porta totalmente aberta. Deveria ir lá? Haveria alguém lá dentro para pelo menos conversar comigo? Com certeza deveria ter.

Resolvi gritar quem sabe alguém aparece.

— Ô de casa!

Silêncio.....

— Tem alguém aí dentro?

Fui me aproximando da porta até que entrei.Aparentemente não havia ninguém e a casa parecia estar abandonada. Novamente gritei para confirmar se havia alguém ou não.

— Olá, tem alguém aí? Olha sua porta estava aberta e eu acabei entrando. Eu só quero conversar com alguém se possível — Nenhuma resposta
Novamente ninguém respondeu. Fui da sala à cozinha, até que escutei um barulho de passos vindo de cima. Indaguei alto por alguém na casa e continuei sem respostas. Ia direto ao andar superior, subi às escadas e uma porta ao fundo do corredor fechou com tamanha força. Fui caminhando até lá devagar, o silêncio dominava o ambiente. Até que ouvi passos, alguém estava subindo as escadas, tinha alguém à casa, não sabia o que fazer, fiquei completamente congelado olhando para as escadas naquele momento, os passos se aproximam uma pessoa surge de imediato abaixo minha cabeça e peço desculpas por estar invadindo sua casa, levantei minha cabeça e olhei novamente para a pessoa a minha frente. Era o Harry. Assustei-me, imaginando serem os donos da casa. Intimamente fiquei feliz por ver um rosto familiar. Mesmo que quase desconhecido para mim. Conversamos um pouco ali mesmo.

— Hugo, o que está fazendo aqui?

— Vim dar uma volta para conhecer o lugar, conversar com alguém... daí, eu vi está casa. Como ela estava aberta, entrei. Como você soube que eu estava aqui?

— Eu pedi para o Pedro não deixar você sair. Por mais que esse lugar seja seguro... imagina se aquelas pessoas, que estavam atrás de você estivessem aqui? O que você faria hein? Eu só soube que você estava aqui porque quando eu cheguei em casa, perguntei ao Pedro por você e ele falou que você tinha saído. Viemos te procurar acabei entrando nesta casa. A porta aberta, ouvi passos... tive sorte de te encontra. Você estava procurando algo?

— Como eu já disse, eu apenas estava vendo se tinha alguém na casa. Procurava alguém para conversar. Mesmo você tendo dito que o Pedro não me faria mal algum mas aquele cara me da medo e...

Eu fui interrompido pelo Harry

— Hugo, vamos embora! Os donos podem aparecer a qualquer momento e não vai ser uma boa coisa se eles nos encontrarem aqui dentro.

— Tudo bem! — O que será que bateu aquela porta? Foi uma pessoa ou apenas o vento? Fiquei curioso.

Será que realmente alguém morava ali? Um lugar que parece ser um deserto... que belo lugar eu fora parar, não?

Saímos da casa e fomos à casa do Pedro. Pelo menos teria as minhas dúvidas respondida pelo Harry.

Rapidamente chegamos lá e Pedro ainda não tinha voltado da minha busca. Sentia-me mais à vontade sem ele por perto. Além disso, necessitava de respostas sendo assim não perdi tempo e perguntei:

— Harry, então... aproveitando que estamos aqui... por onde andou?

— Eu já disse, fui resolver um problema do Pedro, nada demais.

Alguma coisa me diz que ele não está falando a verdade...

— Está bem! Se não quiser me contar, eu entendo. Porém, Harry, me tira uma dúvida que está martelando a minha cabeça... aonde você e o Pedro dormiram? Porque eu não vi quarto algum aqui. Aliás não tem nada aqui na sala além dessas duas cadeiras aqui que o Pedro tirou de sei lá onde.

— Já que você quer tanto saber eu conto. O Pedro não está bem de finanças. Dessa forma, não tem quase nada aqui. E quanto à outra pergunta, eu dormi no porão.

— Porão? Tem um porão nesta casa? Sério?

— Pra que tanto espanto? Tem sim um porão aqui e foi lá que eu dormi. E o Pedro dormiu no quarto lá de cima, no final do corredor. Aquele é o quarto dele.

— Isso explica bastante coisa como por exemplo ele ter ficado bravo, quando eu tentei entrar lá.

— Espere aí! Você fez o quê — Harry alterou um pouco o tom de voz e sua expressão mudou completamente. Ele parecia preocupado. —Digo.... não entre lá de forma alguma estamos aqui apenas de passagem e você vai entrando assim no quarto dos outros?

— Eu sei disso, mas quando acordei não vi ninguém na casa. Então, resolvi ver o que tinha lá. me desculpe! Isso não vai se repetir — Menti para ele, pois eu ainda queria saber o que era guardado com tanto cuidado lá dentro. E, com certeza, não era o quarto do Pedro.

— Tudo bem! Contanto que você não faça mais isso... olha, Hugo, eu adoraria responder às suas perguntas, mas não vai dá. Estou cansado demais.

— Já vai dormir? Está cedo ainda! —com certeza ele estava evitando minha perguntas e aquilo não cheirava vem.

— Pois é! Estou cansado! Passei o dia inteiro fora, depois a gente conversa, está certo?

— Okay!

Ele vai até a cozinha e eu subo para o meu quarto. Entrei no quarto e comecei a pensar em uma maneira de entrar naquele quarto sem ser pego. E daquela noite não passaria. Iria ver o que havia atrás daquela porta ao final do corredor. Apesar de que o que eu realmente queria saber era se havia alguém naquela casa, ou melhor, teria alguém de fato vivendo naquela vila?