Nascido na Tempestade (CHM).

.Capítulo 3.

Entre as terras de fogo e o território natural ficava a uma imensa cadeia de desfiladeiro a e montanhas onde não tem quase nenhuma forma de sobreviver. Apenas duras rochas formam o cenário, um lugar com ventos cortantes e o clima árido, muito seco e quente, mesmo sob a sombra das montanhas.

O chão batido de terra e pedras era traiçoeiro e ficava pior conforme se avança para o alto das montanhas. Sem água ou comida a jornada tem se tornado difícil para as crianças. Cada uma delas andava devagar e fazia muitas paradas para não sobrecarregá-las, estava perdendo sangue em seu ferimento no braço e definitivamente estava apresentando sintomas de desidratação. Precisava chegar logo em um lugar com pessoas, dar um jeito de avisar os líderes do clã Natural.

Erick se recusou a olhar o tecido rasgado de sua capa que imobiliza seu braço, mas sentia a dor e podia ver seu sangue começar a pingar do tecido, ainda estava sangrando e a dor piorava com o passar das horas, precisava de pontos e um curativo limpo antes de colocar seus ossos no lugar e imobilizar o braço, infelizmente não tem nada para fazer seus curativos e a perda de sangue estava deixando seus pensamentos confusos.

"Se eu não fosse um híbrido provavelmente já estaria morto a horas."

_ Erick, quanto falta?

_ Estou com sede.

_ Minhas pernas estão doendo.

_ Onde está a Sra.Marly?

Às crianças precisavam de cuidados também, a maioria delas está com pijamas não poderiam sobreviver ao frio do deserto nas terras do fogo e ao sol escaldante durante o dia. Não tinha comida nem água, e no estado atual mesmo que encontre um animal não seria capaz de caçar e preparar como alimento.

Erick se levantou outra vez sem respostas alegres ou esperanças a dar, ele nunca foi do tipo que vê o lado bom, Thomas costumava dizer que Erick era alguém que vivia na realidade e preferia rir dos problemas mais do que fingir que ser otimista faria todos os problema desaparecer, mesmo assim ele forçou um sorriso para as crianças e acariciou cada um usando seu braço bom, e disse no melhor tom otimista que conseguiu forjar:

_ Depois das montanhas estão as terras do fogo, vamos encontrar ajuda lá. Só precisamos atravessar as montanhas.

"Como eu queria ser otimista nesse momento!" Se arrastou por mais quilômetros em uma subida mortal entre as montanhas para chegar ao desfiladeiro. Seu corpo dói e ele anda atrás da fila de crianças, se alguma delas cair ele poderia segurá-las mesmo com um único braço.

Não devia ter desejado encontrar aventura... Devia ter desejado uma vida de fazendeiro com Lina. Nada disso teria acontecido nos campos de plantação do sul. O mais próximo do perigo que os nascentes sulistas já chegaram foi quando um Lizarg fez um rebanho de ovelhas se assustar e pisotear um dos campos de milho. "Sim, esse é um excelente momento para se lamentar por seu desejo inerente por aventura, Erick!"

Depois de algumas horas sua cabeça parecia pesar e sua visão estava embaçada, mas continuo sem falar nada, o dia escureceu e eles não podem parar, não tem abrigo nem comida e parar no meio de um desfiladeiro durante a noite era igual servir de isca para bestas que ali habitam.

Sem forças para manter o ritmo Erick os fez parar e se sentou recostado na enorme parede de pedras por onde estavam caminhando durante as últimas duas horas, o sol já sumiu no horizonte e não fazia ideia a quanto tempo isso aconteceria, apenas se deu conta quando já estava escuro.

Então as crianças se deitaram em seu colo abraçadas ao seu corpo e transmitindo calor umas às outras, e usando sua capa rasgada Erick os cobriu o máximo que pode e observou o quanto dormiram rápido. Apesar da fome e sede, o desgaste de não dormir na madrugada passada e andar por um dia inteiro os deixou exaustos e mesmo desconfortáveis dormiram em segundos ao parar no meio de sua jornada.