.Capítulo 6.

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Ao acordar, por um pequeno instante Erick se sentia confuso, aquela luz cálida e quente tocando sua pele, a maciez dos lençóis, o conforto da cama, as cores e o aroma do ambiente em nada se parecia com sua casa.

Casa, sim Erick por fim olhou os itens de qualidade, o ouro nobre e todo tipo de frescura decorativa, essa não é sua casa.

Com um suspiro preguiçoso o rapaz percebeu que era mais difícil levantar quando a cama é tão confortável, mas não podia ficar parado, tem mil planos para pôr em prática e menos de três dias para torná-los uma possibilidade verdadeira de escapar.

Descansado como não esteve por muito tempo, o rapaz levantou da cama, se espreguiçando como um gato, ainda com a cara amassada do travesseiro e uma preguiça mortal que ameaça vencer seus planos para o dia. Assim Erick se apressou para tocar um pequeno sino que fica no umbral da cama.

Nobreza e suas manias, um sino, quando tudo o que precisava fazer era abrir a boca e chamar um criado. Mas bem dizia o ditado dos antigos, quando em Roma, faça como os romanos. Erick balançou o sino e depois cobriu seu corpo um um roupão de seda antes de se aproximar de um dos quadros na parede.

O quarto de Peter era enorme com uma ante sala para visitas, um local de estudos com uma mesa grande de mogno cheia de livros empilhados, um quarto de vestir com armários de madeira acoplados à parede com muito mais roupas do que Erick tinha encontrado no dia anterior no pequeno baú próximo a cama.

A iluminação era excelente, o quarto com a cama era virado para o Sol da manhã e pouco distante da cama tem a saída para uma varanda ampla de vista do jardim. Era como uma enorme câmara com vários compartimentos interligados por corredores curtos, nada do que Erick tinha reparado além da parca decoração pessoal e cores claras, estava confuso quando acordou para reparar em pequenos detalhes.

Agora parando para olhar o maior item decorativo era aquele quadro grande de moldura prateada, uma pintura um tanto familiar. Não que já a tivesse visto, estava mais para um sentimento de nostalgia quando no fundo de sua mente prestava atenção na tinta escolhida cuidadosamente para cada árvore, o desenho bem trabalhado das folhas e animais e flores.

Essa era uma representação da floresta ancestral, não existem árvores como essa em nenhum outro lugar do continente. Era estranho que um herdeiro nobre de braseiros tenha uma pintura do coração da floresta ancestral, a árvore da vida e os animais que a cercam, mas talvez não seja nada, afinal seu irmão era um híbrido assim como ele.

Sentia falta de respirar o ar único da flores, a liberdade de apenas fechar os olhos e sentir em cada fibra de seu corpo se conectar com a natureza, era diferente para cada um dos sete clãs, mas os nascentes sempre foram ligados a natureza e a vida e esse era um lado que prevalece mais no sangue de Erick do que seu lado braseiro supõe.

Infelizmente não sentia nada disso no corpo de Peter, ele podia sentir mais o calor e a luz, o fogo que queimava e consumia tudo, os sentimentos e sentidos à flor da pele, mas nada disso é pacífico ou inspira a vida, fogo é o contrário de tudo o que ser um nascente representa, e estar preso neste corpo é no mínimo desconfortável.

Erick queria sentir o solo, as plantas, o ar e a vida selvagem, mas tudo o que sentia era o calor constante do sol em sua pele, não era nada vivo e com certeza nada que lhe inspirasse a paz que uma floresta transmite.

O que lhe fazia pensar, como foi possível que seus progenitores tivessem filhos sendo de genéticas tão diferentes?

Um nascente tinha a vida tão longa quanto uma árvore, eles param de envelhecer ao atingir a fase adulta e a taxa de natalidade do povo é extremamente baixa. Enquanto os braseiros têm a vida curta como uma flor, eles envelhecem rápido e morrem entre 80 e 90 anos se viverem até a velhice, e tem filhos tão rápido quanto podem, uma gestação de 9 meses, enquanto os nascentes podem levar até 14 para dar à luz.

Nascido na Tempestade (CHM).Onde histórias criam vida. Descubra agora