Capítulo 8 - Armadilha

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Robert

- Vamos seguir com o plano. Vou ativar a visão noturna - Aaron disse, ligando seus óculos de espião.

      Começamos a andar e vasculhar a nova descoberta. Eu olhava para cima e via desenhos de estrelas, possivelmente, um calendário antigo. O som dos passos ecoavam no ambiente. Havia objetos espalhados pelo chão, cobertos por poeira; pela bagunça, eu diria que poderia ter havido uma batalha. O que mais me assustou, além do fato de estar num lugar desconhecido, foi ver os ossos de vários cadáveres na parede de pedras. Pareciam que eles haviam sido torturados até a morte.

- O ar não parece ter indícios de contaminação - Kanope disse, observando três grandes portas que vinham logo à frente. - Mas não sei se sobreviveremos muito tempo aqui dentro. O oxigênio vai acabar logo.

- Não vamos ficar aqui pra sempre. Só até a tempestade acabar - Jorge disse.

- Claro que vamos! - disse Aaron, ouvindo a conversa. - Vasculharemos até onde for possível.

     Estávamos em menor número; seis, contra doze homens que queriam as riquezas antigas, sem contar com os dois repórteres. Não havia como fazer um motim ou mantê-los como reféns; então decidimos prosseguir. Havia três portas à frente.

- Aonde vamos? - perguntou O'Conell, escolhendo a opção mais convidativa.

- Como minha avó dizia: sempre siga em frente - Evan respondeu, preparando-se para dar um passo.

- Esperem! Não podemos ir mais para dentro! - Gwen disse. - Proponho que  fiquemos aqui e esperemos a tempestade passar.

- Ela tem razão - disse. - Vamos sentar e esperar.

- Se vocês querem ficar aqui tudo bem - Aaron falou, colocando uma máscara respiratória. - Mas depois não implorem por nossa companhia.

       O doutor e seus dez capangas prosseguiram com a caçada incansável. Lina, o ajudante dela e O'Conell ficaram conosco.

- Pensava que você se arriscaria para gravar a nova descoberta - comentou Jorge para a jornalista.

- Eu não sou tão doida assim - ela disse sem mostrar muito interesse. - Venho de uma família muito tradicional. Meus pais são egípcios e eles me disseram que, um dia, alguém encontraria a tumba de Cleópatra e iriam se arrepender por isso. Vocês não entendem, Cleópatra foi a rainha mais sanguinária e mais vingativa do Antigo Egito. Ela foi a estrela da manhã e da noite!

- Mudando de assunto - Gwen interviu assustada. - Temos que ver se a tempestade acabou.

      Começamos a andar em direção a saída. Vimos a luz do dia, quando inesperadamente o chão começou a tremer. As pedras do teto começaram a cair na nossa frente, tampando a chance de escaparmos dali.

- Não!!! - gritei, vendo a esperança ser soterrada.

- Temos que sair! Ainda dá tempo! - afirmou Evan, puxando meu braço.

- Não podemos mais. Respirem bem fundo, pois esse vai ser o nosso último suspiro.

      As pedras tamparam a saída. As tochas que segurávamos se apagaram, pois não havia mais oxigênio para o fogo. Ficamos presos naquele local desconhecido e em péssimas condições de sobrevivência. Corremos até o local onde havíamos parado anteriormente.

- Estamos perdidos - falou Lina, recuperando o ar.

        Sentei no chão para retomar o fôlego. O cameraman andava de um lado para o outro; as mãos dele tremiam, sua face estava vermelha e seus olhos arregalados, mostrando o terror em seu semblante.

A pirâmideOnde histórias criam vida. Descubra agora