A nave em que se encontra Husk, o tenente Pierre e os demais é a principal de toda a frota galáctica. Considerada uma arma de destruição em massa, a Spectro Geração 6 ou "A Cemitério" – como é apelidada pelos exércitos Separatistas, dado seu poder de aniquilar uma frota inteira com um disparo em cadeia – é uma nave de viagem e combate desenvolvida por engenheiros da antiga Eurussia, num tempo anterior à Terceira Grande Guerra. Tal nave foi presenteada à Jean Jaques Marquis D'Nouveau na época. Desde então, cada geração seguinte da família a recebera como herança, chegando agora na sexta.
Na geração de Pierre D'Nouveau.
Husk despreza o tenente-coronel. Considera-o infantil, fraco e frágil, mas o sargento respeita muito sua nave. A Cemitério havia destruído muitas de das brigadas de Husk na Guerra Separatista e o primeiro-sargento é uma das únicas pessoas que restam que mantêm uma antiga tradição militar de sempre respeitar um grande oponente.
— Senhor! — um soldado Separatista, jovem, com os olhos esbugalhados, bate continência ao sair de seu quarto. — Quais são as ordens?
— Por enquanto, mantenham-se à postos.
— Sim, senhor!
Husk passa pela parte de alojamentos da tripulação: pequenos quartos que oferecem pouco conforto, habitáveis para, no máximo, três soldados juntos. Há dezenas de pequenos quartos iguais àqueles. Todos abertos, deles saem diversos soldados Separatistas e Republicanos, juntos. Completamente confusos, eles falam ao mesmo tempo, se perguntando o que está acontecendo, o que causara o tremor, criando teorias.
Husk não precisava passar por ali para chegar até a cabine de comando, mas ele queria checar como estavam suas tropas.
— Preparem suas armas e seus colhões! — Husk grita para que todos escutem. — Vou descobrir o que está acontecendo. Seja o que for, estejam prontos para o pior. Republicanos, fiquem fora de nossas miras, fazendo o favor.
Husk solta uma grande risada, e vários soldados Separatistas — os mais experientes e menos temerosos — o acompanham com gargalhadas gaiatas.
— Ao invés de fazer gracinha, por que não vai logo descobrir o que está acontecendo? — diz um republicano. Em suas mangas, o símbolo indica que a patente é de subtenente das forças-especiais da República Solar.
As Forças-Especiais Republicanas são equipes especializadas em infiltração — normalmente silenciosas — para diversos tipos de missões, desde recuperação de documentos importantes, até invasão de bases Separatistas para abater seus líderes enquanto dormem.
Husk pode admirar a capacidade de destruição da A Cemitério e sua eficácia em matar Separatistas.
Mas soldados das forças-especiais não.
Não esses covardes que matam pelas costas.
Husk cerra sua feição ao olhar para o subtenente. A tensão entre os soldados Separatistas e Republicanos aumenta automaticamente. Todos estão ali como aliados, mas talvez não nesse momento.
Outro tremor.
Alguns caem no chão, outros esbarram na parede, mas se equilibram.
— Pois bem. – Husk, mesmo com o orgulho ferido, segue a opção correta: a racional.
Ele segue para fora do corredor de quartos que forma o alojamento da tripulação, desembocando em uma intercessão com dois corredores. O sargento segue pela direita, apressado.
Outro tremor.
Um gás estoura uma parte da tubulação ao seu lado, e fumaça cinza jorra pela pequena ferida da nave.
O sargento Donald Husk abre a porta que dá para a área central da nave. A porta pressurizada escorre para o lado e Husk escuta o alarme.
O alarme de alerta vermelho.
Uma luz avermelhada toma conta de todo o recinto. As paredes — roxo-escuras — estão em uma tonalidade quase negra. Engenheiros Republicanos, tanto humanos quanto droides, correm de um lado ao outro e gritam especificações técnicas. Outros consertam mais canos estourados.
Husk cruza a área central em uma reta, chegando ao seu outro extremo. Ele abre a porta, que desliza, e após ele passar, desliza para fechar. Pressurizando.
Silêncio.
O silêncio é tanto que chega a incomodar. Parece outro mundo, como se não houvesse nada acontecendo.
Outro tremor.
Husk cai de face ao chão, seu nariz se parte.
Está piorando, ele pensa.
O sargento se levanta, saca a pistola de seu coldre e apressa o passo pelo corredor apertado que segue por uns trinta metros até uma última porta. Nela, gravado, está a escrita:
Sala de Comando.
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'FORBIDDEN' - CONTO DE FICÇÃO CIENTÍFICA
Science FictionUm conto de ópera espacial militar. Na virada dos anos 3000, a totalidade do sistema solar se uniu para concluir seu conflito mais duradouro - 'A Guerra Separatista' - já que um ataque alienígena se beneficiou da condição enfraquecida das principais...