PARTE 4

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A luz avermelhada mascara os corpos dilacerados, as esguichadas de sangue no chão e nas paredes, e o alarme abafa os gritos de desespero e ordens, assim como os disparos incessantes de todos os lados.

Separatistas e Republicanos.

Lutam lado a lado.

Contra os verdadeiros inimigos.

A raça alienígena que invadira o Sistema Solar.

Donald Husk e John Blake avançam por entre os cadáveres, atirando em alvos em comum. Por mais de meia hora esquecem da Guerra Separatista, de seus ideais e preconceitos.

Lutam pela humanidade.

Os extraterrestres utilizam armaduras grossas, azul-escuros, que cobrem qualquer sinal de suas peles. Seus rostos são desconhecidos. A única coisa que Husk, John Blake ou qualquer outro humano naquela missão sabe é que os extraterrestres são humanoides, com centímetros de altura a menos que a média humana.

— Onde está a brecha? – John Blake grita para o grupamento de soldados que sobreviveram as ondas de inimigos na área central.

— São várias! – grita um soldado.

— Começaram com apenas duas. – diz outro, coberto de um sangue azulado e com os olhos esbugalhados, como se seu sangue fosse cafeína.

— Não podemos aguentar mais. Somos o que sobrou. – Continua o soldado que falara primeiro.

São no máximo treze soldados reunidos ali. Nenhum engenheiro. Poucos Republicanos.

John Blake recarrega seu rifle com munição nova quando Donald Husk diz:

— Para a câmara de PODs. Agora.

PODs são pequenas câmaras com suporte de oxigênio separado do resto da nave. Têm função igual a dos barcos à remo dos arcaicos veleiros – navios utilizados nas Grandes Navegações, em meados de 1400.

— O quê? O que está dizendo? – John Blake fica completamente confuso.

— Temos que abandonar essa nave agora. Leve os soldados para as câmaras.

John Blake segura firme o ombro de Donald Husk e diz:

— As ordens são de proteger a nave.

— Essa nave não pode ser salva. Sinto muito. Mas nós podemos.

— Somos soldados! – John Blake berra alto.

— Também somos humanos.

Donald Husk encara veemente John Blake, fitando seu olhar furioso.

— Clarke, Husk, se acalmem.

John Clarke Blake solta o ombro de Donald Husk.

O sargento Separatista olha de soslaio para saber quem deu a ordem.

— D'Nouveau. – O nome sai por entre os lábios de Husk quase como um xingamento em voz baixa.

Husk está, ao mesmo tempo, puto e impressionado de ver o tenente-coronel.

Ele podia jurar que D'Nouveau já estaria morto a essa altura.

Afinal, é apenas um maldito engomadinho Republicano.

— Primeiro-sargento. – Pierre D'Nouveau cumprimenta Husk de maneira rápida e educada com um aperto de mãos.

Junto do general há dois homens. Em um deles, um jovem alto e parrudo, faltam três dedos da mão direita, recentemente arrancados. Esse é um engenheiro, o outro é um soldado recruta, ainda mais jovem.

'FORBIDDEN' - CONTO DE FICÇÃO CIENTÍFICAOnde histórias criam vida. Descubra agora