O Último Quarto

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Joguei os faróis em sua direção e parei o carro. O que ele fazia nesse lado da cidade? Desci com pressa, batendo á porta logo atrás. Parei alguns centímetros de distância, analisando seu rosto sangrando. James me olhava com dificuldade, por causa do farol alto.

—"O que aconteceu?". Hesitei em me aproximar, não sabia o que ele iria fazer. —"Você foi assaltado?".

James ignorou completamente minhas perguntas e abaixou a cabeça, enquanto passava a mão pelos fios castanho claro. Suspirei e olhei ao redor, procurando sei lá o quê. Me abracei, quando um vento gelado apareceu. Eu estava congelando e ele nem sequer estava com um agasalho. Não sabia o que tinha acontecido, mas não poderia deixá-lo ali, sozinho e com frio. —"Você quer uma carona?". Fiz outra pergunta.

—"Vai embora, Safira!". Finalmente ele disse algo, mas ele ainda não me olhava. —"Aqui é perigoso. Eu me viro...".

Respirei fundo e assenti. Dei uma última olhada nele, antes de me virar e caminhar de volta para o carro. Liguei o carro e uma sensação estranha começou a me invadir. Desci outra vez, e caminhei até sua frente. James me olhou e percebi seu rosto endurecer. —"Eu não mandei você ir embora?".

Cruzei os braços e desviei o olhar. —"Eu ouvi, mas acho melhor irmos".

James tirou os olhos de mim e num pulo, levantou, passando por mim. Me virei, assustada.

—"Ainda aqui, James?". Uma voz masculina apareceu na escuridão.

Me aproximei ao lado de James, para tentar olhar melhor quem era. Meu coração estava acelerado, e minha boca seca. Um homem de estatura média, careca e com tatuagens desgastadas pelo braço se mostrou. Eu nunca tinha o visto antes, eu sei. Ele não é do tipo de pessoa que se esquece com facilidade. Olhei para James, que encarava ele, sem demonstrar alguma feição. —"Já estamos indo". Disse James, seco.

Olhei para aquele homem outra vez, que agora me olhava, com um sorriso no rosto.

—"Não sabia que namorava". O tatuado olhou James e ergueu as sobrancelhas, acendendo o cigarro que estava em sua mão.

—"Ele não é meu namorado". O respondi. Apesar que aquilo não fazia diferença.

Ele riu, e soprou a fumaça para o lado. —"Não?". Sua atenção voltou para mim. —"Você está certa". O homem balançou o cigarro em minha direção.
—"James não é um cara para namorar". Completou.

James pegou em meu braço e começou a me levar até a porta do passageiro. —"O que está fazendo?". O questionei, mas obviamente ele não me respondeu.

Ele deu a volta no carro e antes de entrar, olhou uma última vez para o cara misterioso.

—"Não se esqueça do conversamos, garoto". Ele avisou James. —"Prazer em te conhecer, ruiva".

Abri a porta e entrei, o ignorando. James entrou e bateu a porta, saindo às pressas com o meu carro.

—"Quem era?". Perguntei. Olhei para trás, observando o homem se distanciando aos poucos.

James suspirou, e toda hora olhava o retrovisor.
—"Porra, eu mandei você ir embora". Ele me olhou, um olhar de repreensão.

Qual era o problema? Tirando o fato de James ser um completo grosso. Eu só estava tentando o ajudar.

—"Para onde estamos indo?". Aquilo ele teria que me responder. —"James?". Chamei sua atenção, outra vez.

Ele me olhou, mas logo voltou a atenção para frente. —"Vou te levar para sua casa".

Além de tecnicamente, roubar meu carro, me leva por conta própria para um lugar que nem sequer sabe se eu estava realmente indo. Eu estava, mas ele não sabia disso. —"Não quer uma carona até sua casa? Eu posso te levar e depois eu...".

O Baterista dos Death's HeadsOnde histórias criam vida. Descubra agora