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Hum. Meredith pisca. Até sua mãe conseguiria soar menos condescendente do que isso. Mas ela mantém-se firme e a mulher a cutuca com uma vara metafórica uma última vez. "Ah, você é interna?"

Doutora Shepeherd aponta entre os dois com a mão esquerda, e é só então que Meredith percebe que estava segurando a outra mão da mulher o tempo todo. Ela deixa a mão cair, dá um passo para trás enquanto o homem toma a frente dela. "Deixe-a em paz. O que você está fazendo aqui, afinal?"

A mulher revira os olhos, e Meredith desliza silenciosamente pelo balcão até se afastar. "Eu preciso ir. Eu preciso verificar se... veja, tem uma coisa que eu preciso-"

Ambos estão olhando para ela agora. E eles parecem um casal. Eles se parecem tanto com um casal assim, tão perto um do outro. Ela não consegue concluir o restante da desculpa que acabou de inventar, mas Dr. Shepeherd acena com a cabeça e ela acha que tudo bem ir.

"Foi um prazer conhecê-la, Addison."

"Igualmente, Meredith."

.

Mesmo que ela tenha sido designada para ficar com Montgomery (ou apenas pessoas selecionadas tinham permissão para chamá-la assim?) desde que Bailey pôs ela no cargo (e ninguém parecia entusiasmado para trocar e aprender uma coisa ou duas com a Meryl Streep da Medicina Materno-Fetal), ainda assim, Addison levou três dias inteiros para se dirigir a Meredith de uma maneira que não era estritamente profissional.

Ela dá uma olhada para onde Meredith está ao lado dela no elevador– os olhos disparam para a porta de duas partes e em seguida para onde os pés de Meredith estão. "Seus cadarços."

Meredith olha para o lado apenas para verificar. E se houvesse mais alguém naquele elevador ao lado delas e ela não percebeu? E não, ninguém. Só ela. "Hum."

"Vamos, apresse-se. Conserte isso, Doutora Grey. Não quero você tropeçando e caindo nos meus pacientes. Já estão assim por horas, está me dando nos nervos."

"Sim, é claro. Deveria ter prestado mais atenção nisso. Desculpe." Meredith se agacha apressadamente e não vê qual sapato merece atenção primeiro. Ela aperta as orelhas de coelho bem firmes e suas bochechas queimam, espalhando-se para as pontas de suas orelhas depressa. "Dois dias de nutrição intravenosa?"

Ela pergunta, porque foi o que Addison disse aos pais do paciente alguns momentos atrás.  E porque aplicar algum esforço em conversa fiada nunca matou ninguém. Ainda.

"Eu não sei, me diga você." Responde Addidon.

Meredith não sabe quando exatamente, mas em algum momento entre ser encurralada no saguão e, ah, é claro, ser maldosamente humilhada, e então escolhida a dedo para ser a estagiária particular da cirurgiã logo depois, ela passou a ficar nervosa perto da mulher, como se estivesse sendo testada o tempo todo. A coisa é, ela meio que está. E isso não é exatamente um problema. Talvez ela até goste do sentimento. E isso, sim, isso pode acabar se tornando um problema. Ela agarra a manga cor de vinho sob o uniforme rosa, puxando-a até os cotovelos quando fica de pé outra vez, considerando abrir a porta de metal e pular do elevador em movimento. "Para ter certeza, eu diria pelo menos mais uma semana? Apenas para não corrermos riscos desnecessários."

"Fluidos e antibióticos por via intravenosa." Doutor Montgomery diz, como se Meredith fosse incompetente, ou apenas ainda na fase das rodinhas.

Algo sobre isso rasteja em sua pele, apenas a sensação alcançando o suor em suas clavículas de um cansaço que ela está se acostumando a ignorar. "Faça meus pós-operatórios e me encontre mais tarde no refeitório."

Ah.

Meredith hesita.

Ela estava pensando em dar um pulo em casa e almoçar com a filha, não no hospital. Pelo menos não de novo. Ela sente falta de sua pequena ervilha.

manteiga de amendoim e outras alergias.Onde histórias criam vida. Descubra agora